Não creio que tenha dado a ideia de maniqueísta, essa forma simplista de pensar, em que o mundo é visto dividido entre o bem e o mal. Sabemos que a simplificação pode ser uma forma primária de pensamento, reduzindo os fenómenos humanos a uma relação de causa e efeito, certo e errado.
Mas não é disso que se trata. Deixei bem claro que há patamares de cultura, graus de cultura, profundidades de cultura, “qualidades“culturais que não se podem comparar. Não quero dizer com isto que os mais cultos e os menos cultos não mereçam o seu devido respeito e não tenham o seu merecido valor. O que me dá comichão é tentarem vender-me gato por lebre. Marcelo tem o valor que tem, ninguém lho tira, mas não tem aquele que tentam mostrar que tem. A sua actividade como comunicador da televisão não deve ser confundida com incultura, mas também não deve ser confundida com cultura, pelo menos no sentido da cultura que eu creio que Marcelo Rebelo de Sousa não tem. Não penso que Marcelo possui uma cultura sólida. Não o conheço suficientemente bem, mas penso que não tem nenhuma cultura especial para além da que lhe é necessária como comunicador privilegiado pelas circunstâncias e não pelo valor. Posso estar enganado mas nada me faz chegar à conclusão de uma cultura sólida. Se nele eu me apercebesse de que valia a pena ouvi-lo, sou suficientemente humilde para o confessar. Gostava de o ver, por exemplo, na TV, comentar, mas de forma convincente, o fenómeno da vida, o sentido da existência, o materialismo e o espiritualismo, ler e comentar de forma que valesse a pena ouvir “O espectáculo da vida” de Richard Dawkins, “Razão e Prazer” de Jean Pierre Changeux, “A alma está no cérebro” de Eduardo Punset (como ele, advogado), e não apenas a mostrar a sua habilidade histriónica no manejo de um enciclopedismo balofo.
Amigo Adão Cruz, excelente texto de desmistificação de uma personagem de duvidosa cultura, no sentido mais autêntico do termo. Os canais de TV impingem-o como sábio supremo e dominador de todos os saberes. Sobre economia, já o ouvi uma vez debitar, por inteiro, um editorial de ‘The Economist’ que eu lera antes.
Falou certa vez do ADN, com pretenso ar de doutorado em bioquímica.
Enfim, é o homem dos sete instrumentos, com muita parra e pouca uva.
É precisamente o que eu acho, Carlos.
O sr adão é que é homem de 7 instrumentos, até a tempos a senhora sua empregada dizia : ” que o sr dr dava uma boa empregada”” . . ., sem comentários