Há coisas que me fazem confusão. Uma delas é não me sair a lotaria mas isso consigo explicar por não jogar. Outra, para a qual boçal é o epíteto que me ocorre, consiste no insistente uso de títulos académicos entre as pessoas ligadas ao desporto. Lembra-me amiúde a comparação com um paliativo que se usa para compor uma lacuna. Mas não é isto que aqui me traz.
Nestas coisas da bola, que no geral pouco me dizem, há um aspecto que me ultrapassa. Acho indecente a forma como a malta que paga as contas da selecção de futebol está a tratar Carlos Queiroz. Apesar de não valorizar o seu trabalho na selecção, que do meu ponto de vista não qualificado foi fraco (como é que é que pode não ter como objectivo o primeiro lugar, contentando-se com metade do caminho?), o facto é que quem pode não tem tomates para o despedir. Em vez disso, arrastam-se num vergonhoso castelo kafkiano para com ele correr.
Parece que despedir Queiroz é caro, pois em causa estará uma elevada indemnização negociada no contrato do treinador. O que me traz a mais uma coisa que me custa entender e que é ninguém apontar o dedo a quem lavrou um tão favorável ao contratado e tão lesivo para o contratador.
Finalmente, há a atitude de Queiroz que me escapa. Depois de uma sinuosa qualificação que quase deixara a selecção fora do mundial e de a sua equipa ter ficado a meio caminho da final, vangloria-se dos resultados em vez de colocar o lugar à disposição.
Estão, portanto, bem uns para os outros e com isso pouco me importaria não fosse um pequeno detalhe: a política do pão e circo é paga com os nossos impostos. E um novo rombo já paira sobre nós.
A cláusula de rescisão é um mito, mas o pagamento do ordenado até ao fim do contracto não, tal como qualquer outro salariado.
Obrigado pela dica. Escrevi em função do que tenho lido.
Segundo palavras do sr. Carlos Queiroz, ele colocou o lugar à disposição antes e depois do mundial, é certo que ele não diz em que condições o fez, mas isso agora não interessa nada.