Cerca de doze elementos da Geração à Rasca interromperam um discurso de José Sócrates, em Viseu, e foram expulsos pela segurança. Compreende-se o risco: podiam exprimir opiniões contrárias à do orador, algo que seria legítimo num regime democrático.
O secretário-geral do PS, imbuído de espírito carnavalesco, conseguiu, no entanto, parecer um democrata, ao fingir aceitar com aparente abertura a intrusão dos jovens. A mordacidade demonstrada por Sócrates é perfeitamente aceitável, face a uma geração de milionários que parece que nunca estão satisfeitos com a verdadeira cornucópia que lhes tem sido proporcionado pela governação socialista.
O chefe do governo considerou a intervenção uma “belíssima partida de Carnaval”, confessando que é “assim que fazemos uns aos outros no Carnaval.” Na verdade, não fico admirado com o jeito que José Sócrates tem para brincar ao Carnaval: afinal, há seis anos que anda disfarçado de Primeiro-Ministro.
Desde que nasci que me ensinaram-me a respeitar o governo, vou a caminho dos 60 anos e posso dizer que, até 74, nunca fui muito nisso. Depois, como passámos a viver em democracia passei a respeitar. Até hoje. Vi o Sr. PM gozar com os seus eleitores mais novos, com aqueles em que se deveria apoiar se quisesse continuar a governar. Comparou um protesto a um desfile de Carnaval. E, da minha parte, o respeito por ele desapareceu. Lamento. Foi a pior cena governamental que vi.