Quando tudo parecia desmoronar-se, quando muitos de nós desesperavam, quando tantos se preparavam para desistir, eis que se fez luz e uma voz troou no deserto da austeridade oferecendo-nos a redenção, a esperança, a força que nos abandonava e, não exagero, a salvação.
Uma frase epistolar, apenas uma frase, dispensou-nos do conhecimento de novos evangelhos, de rituais encenados e complicados, de opulências púrpura e vestes douradas. Uma frase, uma simples frase, penetrou no coração dos povos e ofereceu-lhes aquilo que desde o início dos tempos procuravam: uma fé tangível, concretizável, transformadora, ao alcance de todos. Hoje não há quem no planeta, em momentos de dor e aflição, não junte o resto das suas suas forças e não grite bem alto
Se o Ulrich aguenta, porque é que eu não?
Porque se o Ulrich aguenta, se somos todos iguais, porque é que nós não aguentamos?
Entendida a possibilidade de resgate desta religião (que agora nos re-liga), assimiladas as suas potencialidades salvíficas e de superação, vislumbrando nós de novo o paraíso (mas não ainda a terra do mel), tudo no mundo se torna mais leve e brilhante. Se a chuva ensopa o cartão do sem-abrigo, se a fome rói as tripas ao desempregado, se o cliente é violento com a prostituta, se o marido bate na mulher, se o aluno se sente injustiçado na escola, se o país se afunda, basta que a vítima sussurre
Se o Ulrich aguenta, porque é que eu não?
para que suportemos a provação, para que saiamos dela revigorados, para que de novo vejamos o nosso nome e o nosso lugar inscritos na ordem universal das coisas.
A força espiritual desta frase depressa se espalhou pelo mundo e se adaptou às coisas chãs e comezinhas, que é onde a verdadeira transcendência ganha alma. Consta que a senhora Merkel, ao saber da sua recente derrota eleitoral na Baixa Saxónia, terá dito aos correligionários
Se o Ulrich aguenta, porque é que eu não?
Barack Obama, ao comentar com a senhora Clinton o novo penteado de Michelle Obama, exclamou
Se o Ulrich aguenta, porque é que eu não?
Aos senhores da Troika, quando são avisados que devem reunir-se de novo com Gaspar, já se ouviu este murmúrio retemperador
Se o Ulrich aguenta, porque é que nós não?
Sua Santidade, o papa, quando confrontado com as traições do mordomo, ter-se-á persignado três vezes e exalado um lamento onde se ouvia
Se o Ulrich aguenta, porque é que eu não?
Ricardo Espírito Santo, ao ouvir que seria obrigado a aceitar uns milhões de euros do estado, bufou
Se o Ulrich aguenta, porque é que eu não?
E o próprio Ulrich, questionado sobre como se sente na posição de banqueiro privilegiado, olhou-se ao espelho, coçou a testa, fez descair os óculos pelo nariz e suspirou profundamente
Se o Ulrich aguenta, porque é que eu não?
e acrescentou
Somos todos iguais. Ou não?
Agora precisamos apenas de uma aparição de Ulrich num descampado onde possamos erguer-lhe um templo com a dimensão de Fátima, dedicado a São Ulrich – o Salvador dos Desesperados. É que
Se o Ulrich acredita em milagres, porque é que nós não?
http://gataescondida.wordpress.com/2013/02/01/aguenta/
Só quero que me respondam a uma pergunta: quanto ganha o Ulrich por mês?
E os restantes administradores e altos quadros?
Será que o banco desse senhor “aguenta” que, com a crise, um português lhe deva alguns meses da prestação da casa?
Ainda bem que não tenho conta nesse banco!
Quo Vadis Portugal?
Vê-se a gente livre do francês e zás, caímos na mão deste alemão. Corremos com este estrangeirado e ficamos mais tempo na mão do tróica.
Ao que o mundo chegou, para que me veja obrigado a gramar com este herege a fim de combater outros hereges.
Felizmente Há Luar!
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Se o Ulrich aguenta, João, porque é que vc não há-de aguentar?
Ulrich é Portugues e você cheira me a racista.