David Cameron, um dos muitos políticos pérfidos e farsantes

Costumam encontrar-se todos em Bruxelas e em outras cidades europeias. Impingem a mensagem de, em uníssono, se empenharem a favor dos povos que representam. Comportam-se, porém, em sentido divergente. Pérfida e hipocritamente.

Nunca o mundo, em especial os líderes da União, agora a 28, integrara um grupo tão homogéneo de sórdidos farsantes  – abro um parêntesis para acrescentar ao grupo os do outro lado do mar ou da fronteira, como Obama e Putin, e muitos mais poderia aglutinar. Reunir em massa esta gente tenebrosa que, protegendo o sistema financeiro e os detentores de obscenas fortunas, desprezam e trucidam milhões de seres humanos, com pobreza e miséria.

Cameron, o PM do país de sua majestade Isabel II, é dos amigos privilegiados de Passos Coelho. Juntam-se para conversações – e estratégias? – acerca de interesses bilaterais. Uma espécie de reedição tosca do Tratado de Windsor, de 1386, que instituiu, dizem, a mais velha aliança do mundo. Do País de Gales à Escócia, os cidadãos-comuns ignoram-no. Não é relevante para a História do Reino Unido, dominada pelo Império onde o Sol jamais atingia o ocaso.

Uma amiga minha norueguesa, professora na Universidade de Trömso, com o intuito de me lembrar das roupagens de rasteiro, pérfido e hipócrita usadas ao longo da vida política por David Cameron, através do ‘Facebook’ deu-me a conhecer a seguinte carta:

Peter Thomson,

Nelson Mandela vai morrer em breve. Hoje, amanhã, esta semana, na próxima semana. Não vai ser demorado. Lembre-se disso, sobreviveu a Thatcher. Quando morrer, e David Cameron saltar para o comboio de Mandela, lembre-se que, em 1985, produziu cartazes para “Pendurar Mandela”. Em 1989, Cameron trabalhou na unidade política dos conservadores no Escritório Central e integrou uma missão de informação anti sanções à África do Sul com uma empresa de ‘lobby’ pro-apartheid patrocinada pela PW Botha (Peter Botha). Lembre-se disso quando Cameron diz que o mundo  foi inspirado por Madiba (Mandela).

Confesso o desespero com que assisto ao domínio do poder político por gente desta índole. Cresce em mim o desejo de meter, anos sem conta, estes governantes  – os nossos incluídos – na prisão da Ilha de Robben, cativeiro de Mandela durante 18 anos.

(Adenda: A propósito deste ‘post’ lanço um convite geral para se visitarem Parliament – Shame on you, no ‘Facebook’.)

Comments

  1. nightwishpt says:

    Pode já não ser um império, mas o sol continua a não se pôr no território britânico!
    Quanto ao RU, é mais uma nação comandada por filhos da puta. Qual não é?

  2. adelinoferreira says:

    Será que a cadeia era o lugar mais adequado, para
    toda a canalha que conduz à miséria milhòes de
    seres humanos? Carlos, introduzo o texto abaixo
    que está no mesmo patamar de verdade e indignação:

    Os inimputáveis
    por VIRIATO SOROMENHO-MARQUESHoje15 comentários

    As ambíguas decisões do Ecofin (Conselho que reúne os ministros das Finanças dos países da UE) sobre as novas formas de “resolução bancária”, deixaram de fora o escândalo político e moral revelado pela imprensa irlandesa, quando esta divulgou gravações de conversas datadas de final de 2008, envolvendo o ex-presidente do Anglo Irish Bank e o seu gerente principal, respetivamente, David Drumm e John Bowe. A vulgaridade da linguagem, onde se incluem insultos aos investidores alemães que confiavam na seriedade da banca irlandesa, não permite a sua transcrição. Mas ficámos a saber que o presidente do banco falido, que custou até agora 30 mil milhões de euros ao povo irlandês, incitou, num tom alarve, os seus subordinados a abusarem das garantias dadas pelo Tesouro irlandês, com um dolo que transforma o conceito de “capitalismo de casino” numa expressão quase bondosa. Aqui ao lado, em Espanha, a figura mais notável do festival de ofensa ao bem público por parte de uma pequeníssima facção de gestores de topo chama-se Rodrigo Rato. Um verdadeiro super-homem, que passou por todos os anéis do poder contemporâneo: foi ministro da Economia de Madrid; alto dirigente do FMI, terminando a sua carreira em maio de 2012 como presidente de um banco que conduziu à falência, o Bankia, que custou aos contribuintes espanhóis 20 mil milhões de euros. Em Portugal também tivemos os nossos Costas e Rendeiros, lesando em milhares de milhões o Estado português com as suas malfeitorias no BPN e BPP. Dados da Comissão Europeia, indicam que os europeus já gastaram 4,5 biliões de euros para salvar o sistema financeiro do Velho Continente. Isso significa mais de dez vezes todos os planos de resgate dirigidos a países (incluindo o de Chipre)! Em nenhum momento da história um grupo tão pequeno e medíocre de delinquentes causou tanto dano a centenas de milhões de pessoas. Chamar a isto a “crise das dívidas soberanas” é um insulto à inteligência, pois confundem-se os efeitos com as causas. Em nenhum momento, o Ecofin alude a estes crimes que ficaram sem castigo. Pior, as regras para salvar os bancos no futuro continuarão a ser aplicadas por autoridades nacionais, deixando intactos os mecanismos de cumplicidade entre o sector financeiro e os dirigentes governamentais, que estiveram na origem do “fartar vilanagem” em que se transformou a “supervisão prudencial” por parte dos bancos centrais nacionais. Mas há uma coisa que o Ecofin nos ensinou em relação ao futuro do sistema financeiro na Europa: os ratos continuam, acima da lei, a fazer a sua vida no navio que se afunda. Estamos avisados para mantermos as mãos nos bolsos, se quisermos minimizar os danos.

  3. Carlos Fonseca says:

    Caro Adelino Ferreira,
    O Viriato Soromenho-Marques, além de académico de qualidade, é um excelente analista. Pela objectividade e honestidade que aplica no que analisa e escreve.
    Este texto não se furta a esses princípios.
    Obrigado por ter facilitado esta oportunidade de leitura. Só agora tive um momento para lhe responder, por motivo de ocupação do tempo em actividades profissionais.
    Cumprimentos