Falta de professores ou a vida dos milionários

Esta chamada está na primeira página do Expresso de hoje e é suficiente para se perceber que deixar os mercados à solta serve para encarecer bens de primeira necessidade como a habitação, que a única política educativa do país consiste em poupar dinheiro à custa dos alunos e que os professores contratados vivem, na verdade, com salários tão miseráveis que não podem pagar alojamentos a preços ditados pelos mercados à solta (aproveitamos para lembrar que os professores não recebem subsídios de deslocação ou de alojamento, ao contrário dos deputados, por exemplo).

Com uma Assembleia da República submetida ao Partido alegadamente Socialista, estas situações irão continuar, porque o PSD, o CDS, o FMI e o que resta da União Europeia não querem saber. Os partidos de esquerda pouco fizeram durante quatro anos e estão dispensados por António Costa. De resto, a maioria dos cidadãos portugueses também não quer saber. Por outro lado, os sindicatos não se sentem lá muito bem.

A discriminação dos professores contratados

Imagina que o teu horário de trabalho era de 40 horas semanais, mas o teu patrão só considerava 20 para efeitos de Segurança Social.
É precisamente o que se passa actualmente com os professores contratados. Têm horários incompletos e por isso mesmo as escolas só lhes fazem descontos pela componente lectiva, ou seja, pelas horas dadas efectivamente em sala de aula.
O Ministério da Educação paga essas horas e os professores trabalham-nas, mas no fim da carreira, quando chega a reforma, é como se essas horas não existissem. Os professores contratados não prepararam aulas, não estiveram presentes em reuniões, não fizeram nem corrigiram testes.
Definitivamente, estamos a falar de uma classe à parte. A mesma que, aqui há 20 anos, era a única em todo o país que não tinha direito a subsídio de desemprego.
Governo de Esquerda? Um Governo que discrimina assim uma classe profissional, atropelando os seus direitos mais básicos, devia ter vergonha quando diz que é Esquerda.
Os Partidos que o apoiam também.
Quanto aos sindicalistas, não os aborreçam muito, que ao fim de um ano de trabalho árduo sem dar aulas já devem estar à espera de ir de férias.
9 anos, 4 meses e 2 dias? 9 anos, 4 meses e 2 dias? 9 anos, 4 meses e 2 dias?
Esqueçam! Este país não é para professores contratados… até porque nenhum sindicalista o é.

Os professores, a segurança social e a perfídia das instituições

[Santana Castilho*]

Garcia Pereira escreveu (Notícias Online do passado dia 8) sobre a outra face do crescimento do emprego. Sob o título “Trabalhadores ou Escravos?”, num texto sólido e bem documentado, Garcia Pereira citou factos colhidos de estatísticas oficiais: 28,1% dos trabalhadores portugueses têm um salário liquido mensal igual ou inferior a 599 euros; 31,5% ficam entre os 600 e os 899 euros; em 28 países da Europa, Portugal é o 4º com horários de trabalho mais extensos; em 35 países estudados pela OCDE, Portugal é o 13º com maior carga fiscal; 1,8 milhões de portugueses são pobres e 2,4 milhões estão em risco de pobreza.

É a este miserável pano de fundo que se soma a saga dos professores contratados, lesados nos descontos para a segurança social pela anarquia e pelo livre arbítrio das instituições (a mesma circunstância contratual dá azo a descontos diferentes, calculados por algoritmos errados, que variam de sítio para sítio).

Tentemos falar do factual, no contexto de um enorme emaranhado de normativos, que facilitam a pulsão kafkiana dos que mandam, no caso em apreço directores de agrupamentos e Instituto de Gestão Financeira da Educação. Com efeito, para entender de que se trata há que compulsar, pelo menos, entre outros normativos, a Lei n.º 110/2009, que estabelece o Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, o Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, que a regulamenta, e os seis diplomas que, sucessivamente, o foram alterando: Lei nº 64-B/2011, Decreto Regulamentar nº 50/2012, Decreto Regulamentar nº 6/2013, Decreto Regulamentar nº 2/2017, Decreto-Lei nº 93/2017 e Decreto Regulamentar n.º 6/2018. Assim, de perder o fôlego! [Read more…]

Os lesados do BES e os lesados do ME

Santana Castilho*

Sem direito a perguntas, logo sem a maçada de dizer quem paga, quem assume as garantias e se o milagre agrava ou não as contas públicas, António Costa anunciou, em conferência de imprensa, a solução do decantado problema dos lesados do BES. Perito que é em dar boas novas e virar páginas, quando o vi numa escolinha, pronto para a mensagem de Natal, admiti, por momentos, que ia anunciar a solução para os lesados do ME. Qual quê!
Em 30 de Novembro último, o Ministério da Educação tornou pública a intenção de abrir um concurso para integrar nos quadros os docentes com um mínimo de vinte anos de serviço e cinco ou mais contratos a termo resolutivo, celebrados nos últimos seis anos. São estes e muitos outros, precários de uma vida, os lesados do ME, um ministério que vive há anos fora da lei, explorando miseravelmente quem o serve e concebendo maliciosamente soluções que iludem, sem resolver. É disto que trata a proposta, glosada com as coreografias governamentais e sindicais habituais e o pesadelo de sempre.
São duros os meus qualificativos? Que é, senão déspota, quem exige aos outros um contrato estável ao cabo de três anos de serviço, mas permite vinte para si e, ainda assim, os armadilha com requisitos desprezíveis? Que é, senão desprezível, a subtileza de persistir em considerar que os contratos anuais e sucessivos tenham que ser no mesmo grupo de recrutamento? Que é, senão iníquo, ardiloso e inconstitucional, deixar para trás docentes com maior antiguidade, só porque já foram vítimas de injustiças anteriores? Que é, senão inaceitável, a utilização abusiva de milhares de contratos de serviço de duração temporária, ano após ano, que violam o Direito da União Europeia (Diretiva 1999/70/CE), como, aliás, foi reconhecido pelo respectivo Tribunal de Justiça?
Desde há muito que os concursos de professores geram injustiças e criam castas, por via de sucessivas mudanças de regras, donde a ponderação da iniquidade desapareceu. Tudo indica que assim será, uma vez mais, com alguma coisa a mudar para que tudo continue na mesma, tónica aliás dominante da actual aposta na Educação. [Read more…]

Quantos professores são necessários?

daviddinisDavid Dinis dá, hoje, professoralmente, as suas notas a agentes políticos, classificando com nota negativa o ministro da Educação, abaixo ainda de Passos Coelho.

Se Nuno Crato foi uma enorme desilusão, Tiago Rodrigues é apenas uma grande ilusão, sobretudo para muitos que são de esquerda. O facto de não estar a pensar rever medidas verdadeiramente danosas para a Educação é prova disso, mas o meu objectivo, agora, é escrever sobre  outros ilusionistas.

David Dinis, como qualquer neoliberóide-ignorante-atrevido, usa o seu desconhecimento e o fascínio pelas médias, para insinuar que não serão necessários mais professores. A linhagem a que pertence o actual director do Público gosta de dizer que o Ministério da Educação não tem de ser uma agência de empregos que garanta a contratação de todos os que possam e queiram ser professores.

Sendo isso um truísmo, a verdade é que o Ministério da Educação, com destaque para Nuno Crato, tem sido uma agência de desemprego ou, na melhor das hipóteses, um centro de ocupação para professores precários. Os últimos ministros que ocuparam a pasta não foram da Educação e sim do orçamento ou, mais propriamente, foram (e continuam a ser) agentes liquidatários de um sistema público fundamental num país civilizado. [Read more…]

A angústia das transferências

colocações

Encontrado no mural do Rui Zink

Não tenho certezas e raramente acerto

cavacoO presidente juntou hoje umas frases sobre o concurso dos professores e confirmou, mais uma vez, que é “um génio da banalidade”, como dizia José Saramago.

Primeiro, afirmou que é preciso fazer uma “reflexão séria sobre o modelo de colocação de professores”. Todos sabemos que não há nada pior do que uma reflexão que não seja séria, como algumas que andam para aí perdidas e vão com qualquer um.

Depois, com a argúcia vácua que o distingue, declarou que “as coisas não correram bem na colocação dos professores.” Não há palavra mais reveladora do rigor de alguém do que “coisa”. No fundo, é o descanso do ignorante: Houve ali uns problemas na colocação dos professores: deve ter sido uma daquelas coisas que correm mal. Se as pessoas, ao menos, tentassem arranjar coisas que correm bem, mas não…

“Parece que está em vias de resolver-se o problema, mas até este momento já houve atrasos nas aulas e, portanto, os alunos foram prejudicados.” silvou, a seguir. Parece-me que não há como o verbo “parecer” para exprimir certezas e para mostrar que se está dentro de um assunto. [Read more…]

Quantas pessoas são “pouquíssimas centenas”?

papagaio010803Ser político é uma das várias maneiras de os seres humanos poderem integrar a simpática classe dos Psitacídeos. Entre um deputado e um papagaio, as diferenças não serão, portanto, muitas, porque, no fundo, um bom fato é outro tipo de plumagem, um assento na Assembleia é um poleiro e basta repetir palavras pensadas por outros. Para além disso, todos sabemos que não há piratas sem papagaio em cima do ombro.

Carlos Abreu Amorim (CAA), por várias razões, tem-se feito notar, desde que integrou a bancada do PSD, nomeadamente quando perdeu as eleições para a Câmara de Vila Nova de Gaia. Tendo escolhido a função de papagaio, é natural que tenha perdido, também, qualquer sentido de decência. Por isso, comentando os recentes e contínuos problemas na colocação de professores, declarou, num debate com Marcos Perestrello: “Temos problemas com pouquíssimas centenas de professores.”

Em primeiro lugar, não sei a quem corresponde a primeira pessoa do plural. Será o governo? Será o partido? Será o país?

Mesmo admitindo qualquer uma das hipóteses, a frase pode levar-nos a pensar que os professores são um problema. No entanto, são as “pouquíssimas centenas” de professores, entre outras pessoas, que têm problemas. [Read more…]

Concurso de professores: ai que horror, o centralismo!

patetaDurante alguns anos, o Ministério da Educação prejudicou um pouco as escolas. A partir de 2005, tornou-se o principal problema. A população, pouco esclarecida e com pouca vontade de se esclarecer, tem gostado de assistir à acção dos marialvas políticos, que isto é um país em que o pequeno salazarismo é a sujidade das unhas e, por isso, há muita gente que treme de gozo quando alguém “mostra quem manda”. Sendo a classe docente um dos grupos mais invejados, tem sido grande o regozijo das gentes, face aos ataques perpetrados pelos gémeos Sócrates e Coelho.

Entretanto, há quarenta anos, Portugal ocupava o lugar na linha de partida da Educação em Democracia, com um atraso de séculos carregados de miséria, de analfabetismo e de elitismo. Nem sempre escolhendo o melhor caminho, os avanços foram gigantescos, como se tem confirmado, por exemplo, nos resultados de vários testes internacionais. Gigantescos, entenda-se, face ao ponto de partida.

É claro que alguns políticos, evitando qualquer laivo de honestidade, tentaram aproveitar os resultados desses testes para se vangloriarem. José Sócrates, o verdadeiro político, nunca perdeu uma oportunidade de reclamar como obra sua aquilo que não lhe pertencia. [Read more…]

7 de Outubro: milhares de alunos sem centenas de aulas

Num mundo governado por gente que gosta tanto de exibir números, é bom que o leitor repare bem no título: por ser dia 7 de Outubro, estamos na quarta semana de aulas e há milhares de alunos sem aulas. Se juntarmos todas as aulas que não houve até hoje, não deve ser difícil chegar às centenas.

Raquel Abecasis, uma representante da direita idiota (pleonasmo?) chegou a dizer que a culpa é dos sindicatos e dos comunistas, ou seja, dos professores, essa classe poderosíssima que, na realidade, manda no Ministério da Educação. Uma pessoa mais impressionável pode chegar a imaginar que os ministros e os secretários de Estado nem conseguem chegar aos respectivos gabinetes, impedidos por uma horda de perigosos barbudos e barbudas revolucionários que ocuparam o edifício da 5 de Outubro em Abril de 1974 e ainda de lá não saíram. José Manuel Fernandes, sempre na palhaçada (ou não fosse membro da direita idiota), conseguiu declarar que isto dos concursos dos professores é tão difícil que não há computador que aguente e a culpa, já se sabe, é de Mário Nogueira e dos guerrilheiros entricheirados na sala de fotocópias do Ministério.

Entretanto, no dia 7 de Outubro de 2014, há milhares de alunos sem centenas de aulas. Pensai nestes números e, antes de organizardes milícias para combater os comun… os professores, lede. Lede muito. Lede, até, o texto de João Miguel Tavares, um homem de uma certa direita que, por vezes, contraria os pleonasmos. É o primeiro da lista.

Caro Nuno Crato: ainda aí está? – João Miguel Tavares

O que se passa nas escolas? Os casos contados pelos leitores

Eles ainda estão à espera de um dia de escola normal

À quarta semana de aulas há milhares de alunos com furos

Escola em Lisboa encerrada por falta de professores

Professores contratados admitem que “caos nas escolas” se mantenha na próxima semana

Adenda: texto fresquinho do Paulo Guinote – Implosão do Ministério da Educação e Ciência: objectivo atingido

Dia Mundial do Professor

No Dia Mundial do Professor, é importante lembrar que o Ministério da Educação, que teve vários meses, para não dizer anos, para preparar um concurso de professores, conseguiu a proeza de falhar redondamente.

Em consequência disso, houve professores mal colocados. Nuno Crato pediu desculpa e prometeu que ninguém, incluindo professores, seria prejudicado.

Tendo em conta o que sabemos sobre o chefe do governo, seria surpreendente que uma promessa fosse mantida por algum dos seus subordinados. Assim, há centenas de professores que, ao fim de três semanas de aulas, serão obrigados a mudar de escola e/ou de terra, o que, para muitos, acontecerá pela segunda vez este ano lectivo. Para além disso, há milhares de alunos que serão afectados por mais uma mudança.

Hoje, é o Dia Mundial do Professor. Em Portugal, os professores estão a ser maltratados desde 2005.

Neste Dia Mundial do Professor, leia-se a história da professora Céu Bastos que, sendo de Bragança, foi colocada em Constância, para, pouco tempo depois, ser obrigada a ir para o Algarve. Mesmo que esta fosse a única vítima de um erro ministerial, haveria sempre demasiadas vítimas.

Nuno Crato, tal como as suas duas antecessoras, não merece perdão e desejo-lhe um resto de vida muito feliz longe da Educação. No entanto, cada vez mais dou por mim a perguntar-me se uma classe tão agredida e tão passiva terá menos culpas que ministros destes?

Mas estava tudo a correr tão bem!

MEC cedeu a protesto dos professores e prorrogou prazo para candidatos à Bolsa de Contratação

Os vigilantes que foram vigiar a Prova não são professores – são um monte de merda

Conheço uma professora chamada Aida. Em Junho de 2013, no dia da Greve dos Professores, foi uma das únicas 3 professoras do seu Agrupamento a comparecer à vigilância aos Exames de 12.º ano. Durante o ano que agora termina, como Directora de Turma, foi ao Director do Agrupamento fazer queixa do seu Secretário – que demorara 2 semanas a entregar-lhe uma acta e que fora ela, afinal, a fazer sempre a maior parte do trabalho. Hoje, se tiver sido convocada para vigiar a Prova de Acesso, de certeza que foi.
É mais ou menos este o retrato do que é hoje a classe docente e que ficou bem evidente com a forma como decorreu o exame para os professores contratados. Desde há muito, não mexo uma palha para defender uma classe que cada vez me merece menos respeito.
Não quero refugiar-me em lugares-comuns mais ou menos estéreis. A verdade é que alguém que aceita vigiar um colega prejudicado por uma prova não é um professor. Alguém que prefere ir vigiar uma prova quando tinha um plenário sindical que justificava cabalmente a sua falta não é um professor. Alguém que aceita vigiar um colega que muito provavelmente tem mais habilitações do que ele próprio não é professor. Alguém que aceita vigiar um colega com quem conviveu durante o ano como igual não é um professor.
Não, não é um professor. É um monte de merda.

Seja professor hoje! Faça a prova agora!

paccVossa Excelência completou um curso superior com um plano de estudos orientado para o ensino e, no final, realizou um estágio pedagógico? Acredita que isso é suficiente para que possa ser professor, quando, para cúmulo, tem menos de cinco anos de serviço? Felizmente para todos, temos um ministro da Educação atento, apoiado por especialistas em astronáutica! É evidente que uma licenciatura ou um mestrado em ensino e um estágio pedagógico não são suficientes para saber se Vossa Excelência possui conhecimentos e capacidades para o desempenho da docência: para isso, existe a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades.
Vossa Excelência não tem formação superior e não fez estágio? E por que razão isso deveria impedi-lo de ser professor, já que não é suficiente para que o seja? Dispõe de duas horas? Resolva as questões colocadas na Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades e estará apto a ser professor. Parabéns!

Vítor Cunha rumo à Lua

rumoaluaConfesso que tenho um preocupante fascínio pela tendência do portuguesinho para se sentar a uma mesa de um café e discorrer, com mais ou menos álcool no bucho, sobre qualquer assunto, especialmente se não o dominar. Os blogues, na maior parte dos casos, não são mais do que tascas em que o mais ébrio tem a possibilidade e reclama o direito de falar sobre tudo aquilo que não entende. É, aliás, frequente, o bêbedo gritar “Eu sei muito bem o que estou a dizer e sou capaz de conduzir até casa ferpeitamente!”

Vítor Cunha talvez não beba, mas raramente está sóbrio e se há substância que o excita é o discurso da esquerda, especialmente se comunista. Se o comunista for sindicalista e se se chamar Mário Nogueira, Vítor Cunha – e a honestíssima trupe blasfemo-observadora, de uma maneira geral – fica num estado semelhante ao de Maradona depois de fungar aquilo que não era rapé. Se a religião é o ópio do povo, Mário Nogueira é a cocaína de Vítor Cunha: basta uma linha e a realidade é outra coisa.

Sob o efeito do seu estupefaciente preferido, Vítor apoiou-se ao balcão da tasca e arriscou umas alegorias com que julga explicar a questão da prova dos professores contratados. Apesar do meu fascínio pela miséria humana, é sempre com um misto de prudência e de compaixão que me afasto de quem não está em condições de perceber. De qualquer modo, a ignorância atrevida é uma outra forma de bebedeira. [Read more…]

Título errado no Público

Deveria ser “Jogar ao gato e ao crato…”

Entrada de dicionário: crato

(Qualquer semelhança com a realidade não será mera coincidência)

Crato, adj., hipócrita, cobarde, calculista, político (pej.).

Este adjectivo teve origem no nome de Nuno Crato, Ministro da Educação entre 2011 e 2015. A razão que levou a que o apelido do antigo ministro se transformasse num termo de ressonâncias insultuosas prende-se, em primeiro lugar, com o facto de, antes de ocupar o cargo, ter emitido algumas opiniões sensatas acerca de Educação, tendo, até, granjeado alguma popularidade como autor de livros e comentador televisivo. A sua nomeação trouxe, então, alguma esperança a uma classe docente massacrada por seis anos de políticas educativas desastrosas.

Depois de tomar posse, Crato começou a colocar em prática uma série de medidas que tinha chegado a criticar quando era comentador televisivo, como foi, por exemplo, o caso da criação de mega-agrupamentos. Entretanto, a sua prática governativa caracterizou-se por ir sempre ao arrepio das declarações públicas, anunciando, por exemplo, uma defesa do rigor, da exigência e da autonomia, quando, na realidade, todas as suas decisões contribuíam para o caos do sistema educativo, ao mesmo tempo que retirava poderes de decisão aos profissionais da educação, tendo, ainda, como verdadeiro objectivo o despedimento do maior número possível de professores.

Torna-se fácil perceber por que razão o nome do antigo ministro passou a designar uma série de defeitos do âmbito do fingimento e da hipocrisia. Falta explicar de que modo, a mesma palavra passou também a ser sinónimo de ‘cobarde’. [Read more…]

Eu quero que façam filhos ao Henrique Raposo!

No dia 12 de Novembro de 2012, Henrique Raposo escreveu uma crónica que intitulou “Façam meninos e não ‘manifs’”. O facto de eu ter dois filhos e ter participado em algumas manifestações fez com que não me sentisse visado, o que não me impediu de dedicar algumas linhas ao cronista do Expresso:

Não queria terminar sem deixar uma palavra de apreço a Henrique Raposo, que propõe que o povo substitua as manifestações pela procriação, de modo a reanimar a natalidade, para concomitante sossego da via pública. Espantar-me-ia que um homem tão liberal, tão defensor da livre iniciativa, surgisse a mandar o povo foder; penso que será apenas um reaccionário a mandar foder o povo. Para não repetir, pela terceira vez um palavrão, limito-me a desejar que Henrique Raposo vá fazer meninos a si mesmo.

Mesmo um reaccionário de entendimento tão duro como é o caso do canino comentador está em condições de perceber que o acto de conceber crianças e o de se manifestar nas ruas não são incompatíveis e não seria inédito, até, que ocorressem em simultâneo, porque a via púbica pode, também, ser percorrida na via pública.

Recentemente, Raposo revelou alguma falta de imaginação, como se pode notar pelo título da sua última crónica: “Não façam ‘manifs’, façam filhos”. Não será de espantar que, em próximas crónicas, passe a aconselhar que se façam bebés, catraios, ganapos, gaiatos, garotos, cachopos ou miúdos, mantendo incólume a abreviatura ‘manif’.

Confirma-se, entretanto, que o rapaz Raposo é duro de entendimento ou irremediavelmente cabotino, porque mostra não perceber ou finge não entender as verdadeiras razões que levam ao despedimento de professores, recorrendo à desculpa da diminuição do número de alunos, quando bastaria pensar um bocadinho para perceber que “uma prospectiva de diminuição de 3% de alunos até 2018 não justifica um ritmo de redução de quase 10% de professores por ano.”

O sonho da direita necrófaga de que fazem parte chacais e outros cronistas é, já se sabe, a visão de um povo acomodado que aceite pagar, calado, os calotes alheios, mesmo que isso custe a Educação ou a Saúde de muitos. Quando alguém protesta, inventam corporativismos e outras aleivosias.

Finalmente, este Raposinho é o pior tipo de malcriado, porque manda foder sem usar palavrões, ao mesmo tempo que insulta todos os concidadãos que são obrigados a não ter filhos, em consequência de roubos perpetrados pelos políticos que defende.

Como fica sempre bem imitar cronistas de jornais prestigiados, não quero que Henrique Raposo se foda, quero que lhe façam filhos.

Privatizem também a nuvem que passa

Santana Castilho*

O ano lectivo que agora se inicia está marcado, pobremente marcado: pelo afastamento da profissão de muitos e dedicados professores; pela redução, a régua e esquadro, sem critério, de funcionários indispensáveis; pela amputação autocrática da oferta educativa das escolas públicas, para benefício das privadas; pela generalização do chamado ensino vocacional, sem que se conheça qualquer avaliação da anterior experiência limitada a 13 escolas e agora estendida a 300, via verde de facilitismo (pode-se concluir o 3º ciclo num ano ou dois, em lugar dos três habituais) e modo expedito de limpar o sistema de repetentes problemáticos; pela imposição arbitrária de decisões conjunturais de quem não conhece a vida das escolas, de que as metas curriculares, a eliminação de disciplinas, o brutal aumento do número de alunos por turma e as alterações de programas são exemplos; pelo medo do poder sem controlo, que apaga ao dobrar de qualquer esquina contratos de décadas e compromissos de sempre; pela selva que tomou conta da convivência entre docentes; pelo utilitarismo e imediatismo que afastou a modelação do carácter e a formação cívica dos alunos; pela paranóia de tudo medir, registar e reportar, para cima, para baixo, para o lado, uma e outra vez, e cujo destino é o lixo, onde termina toda a burocracia sem sentido; pelo retrocesso inimaginável, a que só falta a recuperação do estrado e do crucifixo.

Providencialmente no tempo (imediatamente antes de se concretizar mais um despedimento colectivo de professores, que marca o ano lectivo) vieram a público dados estatísticos oficiais. Primeiro disseram-nos que em 2011/2012 tivemos nos ensinos básico e secundário menos 13.000 alunos que no ano anterior. Depois, projectando o futuro, prepararam-nos para perdermos 40.000 até 2017. Providencialmente, no momento, omitiram que, de Janeiro de 2011 a Junho deste ano, desapareceram 47.000 horários docentes. Políticos sérios não insinuam que esta redução de docentes se deve à quebra da natalidade. Trapaceiros, sim. [Read more…]

Os “coisos” contratados

Ricardo Fontes

(Desabafos de um ingénuo aspirante a professor)

Há 16 anos que sou um professor contratado… Peço perdão por ter usado o termo “PROFESSOR”. Isso não posso ser. Certamente não o serei. Serei um solidário contratado, um participante de união da classe docente contratado, um “pato” contratado, um totó contratado, enfim, uma qualquer “coisa” contratada, que não um “PROFESSOR”. Se fosse professor, era tratado mal, como têm sido os professores, e eram-me, de quando em quando, repostas algumas injustiças como o têm sido aos professores. A mim e a milhares de “coisos” contratados deste país tiraram tudo. Estar aqui a enumerar o que tiraram parece-me ridículo. Lembrar-me enoja-me. Hoje não vou por aí. Estou cansado, com vontade de desistir. Sejam Nunos, Lurdes ou sei lá quem, estão longe. São estratosféricos e todos da mesma cor: castanha, cor da terra que lentamente nos decompõe depois de mortos. Portanto, hoje não é para eles. Hoje é para aqueles que me chamam “colega”, coisa na qual confesso ainda ter tido a ingenuidade de acreditar durante uns anos. Entendem? Os PROFESSORES mesmo. Pronto, está bem, eu digo: os do “quadro”.

Há uns anos, quando era ministra da educação a Sra. Maria de Lurdes Rodrigues, a classe docente entrou em polvorosa (e muito bem, na minha opinião), devido à questão da avaliação docente. Mega-manifestação em Lisboa, muita luta, muita união… Alguns, com a t-shirt de 60 euros do “Che” vestida, cantavam com todas as suas forças a “Grândola vila morena” do… “José Cid”. Há coisas que nunca mudam…

Nessa altura, estava colocado numa escola do centro do Porto. Éramos obrigados a entregar os famigerados objetivos individuais. Corria o boato que quem não o fizesse, teria penalizações gravosas. Os casos “Charrua” sucediam-se. Então, pensando nos meus encargos mensais, na situação laboral ainda mais precária da minha mulher, nas duas filhas pequenas (uma delas recém-nascida), apoderou-se de mim um sentimento que me era proibido: medo. Entre cerca de 200 professores, fui o primeiro a assumir que entregaria os objetivos individuais. Uma colega, do alto dos seus 30 anos de serviço, interpelou-me. “Então colega, onde está essa solidariedade?” Esta colega, na dita mega-manifestação, numa das primeiras filas, empunhava um cartaz com os ditos “Em defesa da escola pública”. Essa colega tinha dois filhos a estudar no ensino privado… Obviamente, disse-lhe: “Por favor, passe-me um cheque com o valor dos meus salários até ao final do ano letivo, para o caso do sofrer a dita penalização, e, com todo o prazer, não entregarei os objetivos individuais.” Claro que também lhe perguntei por onde tinha andado a sua solidariedade face aos problemas gravíssimos que já atingiam os “coisos” contratados há muitos anos. [Read more…]

Professores bombardeados

Embora não aprecie o discurso do martírio corporativista, porque há uma enorme maioria de cidadãos a ser atacada, não é possível fingir que os professores não têm sido um alvo preferencial, com o início do bombardeamento em 2005 e sem fim à vista.

Dois pequenos apontamentos, a propósito.

Segundo o Económico, Portugal perdeu mais de 30 mil professores na era da troika. Em comentário a esta notícia, o Paulo Guinote lembra o óbvio: não há redução de número de alunos que justifique este despedimento maciço.

Entretanto, os governantóides enchem a boca com a necessidade de igualar os sectores público e privado. Muito há a dizer sobre esta conversa da treta e o editorial de hoje do Público (sem direito a hiperligação) debruça-se sobre a actuação do governo, a propósito dos professores contratados. Leia-se, atentamente, a seguinte citação:

Dos professores contratados, existem alguns milhares que já dão aulas para o mesmo empregador, leia-se o Estado, há vários anos, senão décadas, e que todos os anos continuam a ter de passar por este processo de selecção. Como tal, os sindicatos reclamam a aplicação de uma directiva europeia de 1999 que, aplicada ao sector privado, obriga a que, ao quarto ano de trabalho, os funcionários sejam integrados nos quadros. E é preciso recordar que, na anterior legislatura, o próprio CDS (agora no poder) propôs a entrada nos quadros dos professores com contratos há mais de dez anos e que, neste período, tenham estado contratados pelo menos seis meses por ano lectivo.

Não deixa de ser curioso e contraditório que Pedro Passos Coelho esteja a criticar o Tribunal Constitucional por travar algumas medidas que o Governo quer implementar para aproximar as regras do sector público às do sector privado (os despedimentos, a convergência nas pensões, etc…) e, ao mesmo tempo, como neste caso dos professores contratados, continue a afastar-se das regras que regem o sector privado e que impedem que os trabalhadores estejam anos, ou mesmo décadas, a trabalhar para o mesmo empregador com vínculos precários.

É claro que encontrar coerência em Passos Coelho ou em Paulo Portas seria notícia de primeira página. Seja como for, como acontece em todos os bombardeamentos, o maior problema está nos efeitos colaterais e um dos mais graves é o prejuízo causado aos alunos.

Ministério da Educação: como despedir trabalhadores necessários

pblico 1set2012A notícia já tem alguns dias, mas vale a pena, ainda, comentá-la: desde 2009, o concelho do Barreiro perdeu 222 professores, enquanto o número de alunos tem aumentado.

As causas para este facto são apontadas na mesma notícia: os mega-agrupamentos, o aumento do número de alunos por turma, a redução da carga horária de algumas disciplinas e a redução de pessoas nas direcções.

Se se tivesse a certeza de que alguma dessas medidas serviria para melhorar as condições de trabalho das escolas, ainda poderia concluir-se que havia professores a mais. A verdade é que são prejudiciais para aquilo que é essencial: as aprendizagens dos alunos.

Pelo meio, esta situação torna ainda mais risível a propaganda que aponta a baixa de natalidade como causa para a dispensa de milhares de professores: mesmo admitindo que na maioria dos concelhos o número de alunos possa ter diminuído, ao contrário do que acontece no Barreiro, a diminuição de nascimentos está muito longe de justificar o despedimento maciço dos últimos anos.

A repartição do Ministério das Finanças a que chamam Ministério da Educação soube inventar maneiras de despedir trabalhadores fundamentais, prejudicando, desse modo, o país. Com uma opinião pública desinteressada, qualquer declaração vaga sobre natalidade ou rácios constituem bacalhau bastante.

Nuno Crato, o travesti

Nuno Crato tem sobre Maria de Lurdes Rodrigues a vantagem de ser uma mulher mais bonita, apesar da barba mal feita, sendo, ainda dotado de uma doçura toda feminina, mesmo com voz grave. No fundo, Nuno Crato é um travesti, o que se confirma, em primeiro lugar, pelo facto de ser um secretário de estado das finanças disfarçado de ministro da Educação.

É nessa qualidade que impõe a austeridade e pratica o empobrecimento, e não me estou a referir a cortes salariais ou a despedimentos de facto, mesmo que não de direito.

O empobrecimento atinge, desde logo, o currículo, reduzindo o contacto dos alunos com áreas do conhecimento que vão da Filosofia às Artes. O aumento do número de alunos por turma e a criação de mega-agrupamentos constituem outra face desse mesmo empobrecimento, tornando mais desumana a escola e, portanto, mais ineficaz o ensino. A austeridade exerce-se sobre os vários apoios a que os alunos deveriam ter direito e afasta da escola professores, técnicos e funcionários. Como qualquer travesti que se preze, Nuno Crato abusa da cosmética. [Read more…]

José Manuel Fernandes plagiado?

José Manuel Fernandes, tudólogo praticante, escreve, também, sobre Educação, porque, por ser tudólogo, escreve, sobretudo, sobre tudo e, portanto, nada diz que se aproveite. Recentemente, tive oportunidade de comentar uma das suas pérolas, em que, usando doses gigantescas de marialvismo leviano, comentou o fenómeno do desemprego docente.

Hoje, por pura coincidência, descobri, na secção de opinião do Público e nas cartas dos leitores do Jornal de Notícias, um texto de um certo José Carvalho, professor e investigador de História. Se se derem ao trabalho de comparar as produções de ambos os josés descobrirão que metade do texto de Carvalho é igualzinho ao de Fernandes. O resto serve apenas para reforçar o habitual preconceito contra esquerdistas, professores e outros inúteis, numa visão da direita básica que prefere disparar primeiro e não fazer mais nada a seguir. Para vossa ilustração, e porque o texto de Carvalho só está disponível para assinantes, ficam aqui com uma cópia (para aumentar, basta clicar).

Provavelmente, estaremos na presença de um clone de um clown. E agora, josés?

É preciso contratar mais cem mil professores

A afirmação que serve de título a este texto é tão leviana como as afirmações proferidas por José Manuel Fernandes, habitual produtor de leviandades, sobretudo quando escreve sobre funcionários públicos, essa subespécie do gorgulho. [Read more…]

Vigília pela Educação: um copo meio cheio ou meio vazio?

Não sou um entusiasta de ajuntamentos, assumam eles a forma que assumirem. É por isso que não sou militante de partidos ou sócio de clubes e confesso que sou sindicalizado mais por inércia do que por convicção. Não encaro esta minha característica como uma virtude ou como um defeito e, portanto, não é por isso que me julgo superior ou inferior a ninguém, o que não aconteceria se estivéssemos a falar de matraquilhos, área em que me considero um especialista de nível internacional. Foi consciente disso que participei, com muito gosto, na vigília pela Educação, ontem, no Porto. [Read more…]

Lucília

Lucília, posso contar a tua história? Tinha sido um dia longo, a fechar uma ainda mais longa semana e, mesmo assim, nos teus olhos escuros vi réstias de esperança no lugar da revolta que, justamente, de ti se poderia ter apossado. Podes, mas publica só à noite. Não quero que o meu marido saiba pelo Aventar.

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Isto promete

Professores contratados podem processar o estado ao abrigo de directiva comunitária.

Cratinice, o neologismo da moda

A nomeação de Nuno Crato como Ministro da Educação chegou a ser saudada por uma boa parte dos professores, por ser alguém que, durante muito tempo, deu voz a alguns tópicos considerados fundamentais, como a exigência, o rigor. Pela parte que me toca, confesso que senti alguma esperança de que a Educação voltasse a ser olhada por um prisma que, pelo menos, permitisse beneficiar os alunos, mesmo desconfiando de que a situação dos professores não iria melhorar.

Tal como Francisco José Viegas, Nuno Crato transformou-se, muito depressa, num político como os outros e é, agora, mais um fantoche que se limita a executar um programa de austeridade, fingindo que se preocupa com a Educação e desprezando qualquer espécie de coerência.

Hoje, mostrou uma absoluta insensibilidade relativamente à situação de muitos professores contratados, ao afirmar que não sabe quantos serão dispensados em consequência daquilo a que chama revisão curricular. Mesmo que fizesse sentido dispensar professores, num país subdesenvolvido, esta atitude revela a mesma desumanidade que pauta todo o comportamento dos maníacos do défice que fazem de conta que nos governam.

Como se isso não bastasse, e de acordo com declarações de Heloísa Apolónia no seu facebook, Nuno Crato, a propósito do aumento do número de alunos por turma, do fim do desdobramento em ciências e do fim do par pedagógico em EVT, terá dito que “um maior nº de alunos por turma cria melhores condições de aprendizagem!”, o que deve ter origem num estudo feito por alguém enquanto estava em coma alcoólico.

Nuno Crato, com o seu ar delicodoce, como se fosse uma Isabel Alçada inteligente, começa a acumular uma quantidade de afirmações cretinas que deverão passar a merecer uma classificação própria a meio caminho entre Crato e cretinice: cratinices.

O Professor-Bombeiro


Desde que a arguida Maria de Lurdes Rodrigues inventou este sistema de concursos de professores, é possível ver os casos mais pitorescos nos critérios de selecção da Bolsa de Recrutamento – Contratação de Escola para horários temporários. O critério mais habitual é o da leccionação no Agrupamento no ano lectivo anterior, mandando às malvas a graduação profissional e garantindo que em determinado Agrupamento ficará quem o Agrupamento quiser que fique.
O caso que encontrei num destes dias na Bolsa de Recrutamento é bem mais curioso. A Escola Secundária dos Carvalhos pretende um professor para leccionar a unidade de formação de Geografia do Território e Introdução aos SIG. Principal critério? Pertencer aos Bombeiros Voluntários dos Carvalhos, «entidade protocolada».
Felizmente, já estou colocado, caso contrário ia já fazer-me sócio dos Bombeiros dos Carvalhos.
Um Professor-Bombeiro? Confesso que acho estranho, mas suponho que haja uma boa explicação.