Incapaz de um discurso claro e sem meias merdas, Cavaco Silva justificou a sua escolha sem nunca colocar nomes onde eles eram devidos. Com a afirmação seguinte, cabe ao PS/BE/PCP mostrarem se têm cartas para ir a jogo ou se andaram a fazer bluff.
Se o Governo formado pela coligação vencedora pode não assegurar inteiramente a estabilidade política de que o País precisa, considero serem muito mais graves as consequências financeiras, económicas e sociais de uma alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas.
Aliás, é significativo que não tenham sido apresentadas, por essas forças políticas, garantias de uma solução alternativa estável, duradoura e credível.
Cavaco Silva, depois de um enorme preâmbulo, onde afirma que se este governo não ficar em funções será o caos, chuta a responsabilidade para a Assembleia da República.
A rejeição do Programa do Governo, por maioria absoluta dos Deputados em efe[c]tividade de funções, implica a sua demissão.
Mas chuta depois deixando claro que, se não seguirem a sua escolha, estarão errados. Não é taxativo, mas sabemos ler, ok? Além disso, fá-lo depois de ter activamente conduzido a esta situação:
- Não agiu quando o irrevogável Portas fez disparar os juros em 2013 – onde estava o sentido de Estado nessa altura?
- Esperou seis meses a mais do que o necessário para marcar as eleições, assim tornando impossível a apresentação atempada de um Orçamento de Estado.
- Escolheu para data das eleições legislativas uma altura em que já sabia que teria os seus poderes diminuídos.
- Nem esperou para primeiro ouvir os partidos antes de mandar Passos Coelho preparar governo.
- Não disse o que fará se o governo que escolheu – sim, escolheu, que isto da tradição é conversa para café – for chumbado na Assembleia da República.
Uma coisa é certa, quem anda a fazer bluff com os portugueses é a coligação de direita e demais amigos, quando acenam com o papão da instabilidade. Veja-se só, ainda agora Portugal conseguiu empréstimos com juros negativos. Isto prova duas coisas. Que não existe papão de instabilidade e que a acção do governo é irrelevante neste contexto, caso contrário, com a instabilidade que se adivinhava e que se antecipa agora graças à decisão de Cavaco Silva, já os juros andariam por valores impossíveis. É Draghi quem comanda a nossa sorte financeira; nada se deveu à parelha Passos/Porta, nem algo se deverá ao trio Costa/Catarina/Jerónimo. “Bolsas sobem, euro afunda e juros caem após declarações de Draghi“, titula o Expresso, “esquecendo-se” de corrigir a sua notícia sobre as negociações à esquerda estarem a causar pânico financeiro.
Agora é o momento da verdade. Não andaram anos a fim a pedir mais participação e mais consenso? Aqui estão. É aceitar ou assumir que era conversa fiada.
Nota: esta leitura é muito certeira e coloca o ponto na ferida: Cavaco, presidente da facção.
O Presidente da República, Cavaco Silva, indigitou nesta quinta-feira como primeiro-ministro o presidente do PSD e líder da coligação Portugal à Frente, Pedro Passos Coelho, e num claro apelo à dissidência incentivou os deputados a exerçam a liberdade dos seus mandatos ao votarem as moções de rejeição um programa de Governo anunciadas pelo BE e pelo PCP. [São José Almeida, Público, 22/10/2015]
Esta gente tem uma falta de sentido de estado e de democracia que mete medo, muito medo. Pior, há muitos que nem se apercebem do ridíulo e dizem que sim só porque gostam da cor da camisola.
Isto vai cada vez a pior.
*ridículo
Puf para o discurso à pàf!
Inteiramente de acordo. O sujeito que, com a abstenção e o score que obteve, não é, nunca foi, nem merece ser o presidente de todos os portugueses, pode mandar alguma coisa na Quinta da Coelha. E mesmo aí, parece que ficou a dever favores. Em Portugal, não. É o PR mais lastimável, o que mais envergonha o país.