A luta de classes no PSD

Passamos dias a fio a ouvir Passos Coelho e respectiva corte falar na ameaça que a Geringonça representa para a democracia. Estalinismo para aqui, ataque às instituições para acolá, o paleio é sempre o mesmo, os profetas são sempre os mesmos e a profecia, apesar de revestida de vincada parvoíce, lá vai sendo propagada pela imprensa de esquerda que é controlada pela direita. Um festim para quem gosta de se rir com estas coisas.

Mas eis que, no meio da confusão em que se transformou a estratégia do PSD para as Autárquicas, somos confrontados com um exemplo de autoritarismo de Passos Coelho, que após várias tentativas falhadas, parece ter finalmente encontrado o seu candidato à maior autarquia do país. Se a escolha irá recair sobre Teresa Leal Coelho, um nome literal demais para correr bem, em breve ficaremos a saber. O que já sabemos, pelo menos a julgar pelo desabafo indignado de Mauro Xavier, publicado ontem no Facebook, é que a concelhia lisboeta não foi tida nem achada nesta escolha. 

Ora, diz a peça do Expresso sobre este caso, que, segundo os estatutos do PSD, cabe a cada concelhia escolher o seu candidato, que submete o nome à aprovação da distrital, que por sua vez o submete à apreciação da comissão política nacional. Porém, no caso de Lisboa, é costume a concelhia receber uma indicação informal do líder do partido, algo que desta vez não se verificou, o que deu origem ao protesto do líder concelhio.

Portanto temos estas altas individualidades políticas, a regurgitar diariamente um discurso de vitimização e a esbracejar porque a democracia está em perigo, quando são elas as primeiras a discriminar os soldados rasos do seu próprio exército. E se este PSD não respeita os seus, que fará com os restantes?

Foto: Marcos Borga@Expresso

Comments

  1. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    A melhor maneira de responder à acusação de “estalinismo” é chamar fascistas a quem produz tal afirmação.
    Passos Coelho, inconsciente e a sua incompetente corte manifestamente não sabem o que foi o estalinismo e por isso, servindo-se da incultura do povo aplica o termo que já Salazar usava, até porque sabem que este dócil povo que alimenta as “traquinices” da banca, tudo engole.
    Os fascistas estão todos do lado do PSD e do CDS. E vêm tirando a máscara com uma desfaçatez sem limites.
    Esta gente que está no governo a quem apelidam de “estalinistas”, não têm coragem para devolver o insulto aos fascistas. Esse é o problema, aliás muito característico dos ditos socialistas que até hoje, já “dormiram” con todos os partidos.
    O problema é que a política está completamente travestida atingindo níveis de perfeita nojice. A política é hojer um carnaval constante e a TV e a Assembleia são o sambódromo do povinho.
    Como se não chegasse e sobrasse aquele travesti, espécie de homem ligado aos submarinos…

    • joão lopes says:

      isto não é oposição nem gosto pelo pais:isto é uma cruzada messianica,auto vitimizadora e cinica ,aprendida no convento de fatima e nas velhas tecnicas do salazar de mandar os outros para a guerra(e com muita intriga) enquanto o ditador regava os tomates da horta e ficava em casa.(é tão facil mandar os outros…trabalharem-se)

    • Amem, Ernesto! 🙂

  2. A escolha/nomeação/indicação das “instâncias” superiores sobre as concelhias não acontecem somente no PSD.

    • Talvez não aconteça. Mas não é comum ver um líder concelhio tão indignado com a forma como a estrutura a que preside foi descartada…

Trackbacks

  1. […] É caso para dizer que humildade não lhe falta. O que de resto é de uma coragem que impressiona, vinda da protagonista do plano de recurso do PSD para a CM de Lisboa, que como sabemos agradou bastante à concelhia lisboeta. […]

  2. […] na CM de Lisboa, apesar da fraca assiduidade no que toca ao exercício das suas funções. Fê-lo ignorando por completo a concelhia lisboeta e o seu presidente não gostou. Vai daí, poucas semanas após o polémico desabafo, o presidente da concelhia de Lisboa […]

  3. […] estes anos de afastamento do centro. Em Lisboa temos uma candidata imposta pelo aparelho nacional, acusada de se recusar a dialogar com a concelhia, no Porto um candidato que vê comunistas em todo o lado, em Loures um indivíduo a fazer […]

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