(Alberto Gonçalves, Sociólogo e Cronista)
Há poucas vergonhas maiores do que a autocitação da própria “obra”. Por isso, vamos lá. Em 2017, publiquei, ou publicaram-me, um conjunto de crónicas a que chamei “A Ameaça Vermelha”. O livrinho reunia sobretudo textos posteriores à conquista do poder pelo dr. Costa e a frente de esquerda que ele engendrou. Não são textos optimistas.
A própria capa, ideia minha, inspirava-se na famosa capa da Time com as imagens de Otelo, Vasco Gonçalves e Costa Gomes, na versão actualizada para o dr. Costa, Jerónimo e Catarina Martins. O título de então, “Red Threat in Portugal”, também foi uma óbvia influência. Isto para dizer que, desde o final de 2015, fiquei convencido de que se tinham reunido as condições para o regresso a uma ditadura, ou a consagração do tipo de regime que comunistas e similares tentaram, e falharam, há quarenta e seis anos. Em vários artigos, notei, sem ironia, que isto caminhava para uma espécie de Venezuela mitigada pelos laços à “Europa”, sendo os laços o dinheiro que a “Europa” envia (e a esquerda aprecia) e as obrigações que a “Europa” impõe.
Não esperei que fosse tão rápido, nem tão fácil. Mesmo antes da Covid, o PS tomara conta de tudo, incluindo da oposição e da quase totalidade dos “media”. A Covid apenas mostrou a eficácia do processo e a extensão dos danos. A pretexto da pandemia, o poder político submeteu os portugueses a uma experiência de subjugação sem precedentes por cá. E a resposta que conseguiu foi uma obediência rigorosa. Houve poucos lugares na Terra com tamanhas e tão absurdas restrições à vida das pessoas.
Não houve nenhum em que as pessoas reagissem com semelhante renúncia e, o que é particularmente triste, aprovação. É tentador concluir que este socialismo furioso e omnipresente é arrasador para Portugal. Mas é inevitável suspeitar que nada é mais prejudicial a Portugal que a nossa natureza. Quando o despotismo não suscita revolta, o futuro de um país não é apenas negro: é merecido. 47 anos após “Abril”, os “valores” que uns fanáticos quiseram à época cumprir ameaçam hoje tornar-se a norma.
A democracia, coitada, não está bem. E poucos a recomendam.
(foto de Diana Tinoco/SOL)
Não gosto do Costa nem de nada do que ele representa.
É mais um oportunista que vive pelo e para o poder e age em função dos seus interesses e dos seus arregimentados, mas daí a afirmar que está por trás do “regresso a uma ditadura” ou da “consagração do tipo de regime que comunistas e similares tentaram”, acho que é um grande exagero, ou intencional ou porque não tem noção dos regimes a que se estará a referir.
Concordo que “quando o despotismo não suscita revolta, o futuro de um país não é apenas negro: é merecido”, e que “a democracia, coitada, não está bem”.
Já agora, e porque é sociólogo, será que pode explicar por que razão, parte da sociedade acha que:
a) O dr. Costa constituiu governo graças à “frente de esquerda que ele engendrou”;
b) O PS controla a “quase totalidade dos media”.
Este período pós 25 de Abril de 1974 tem conhecido altos e baixos protagonizados por vários farsantes, uns adorados e outros odiados. Porém, há uma coisa que é inegável; ainda ninguem nos tirou o Pio para podermos dizer mal dos outros evitando que outros digam mal de nós. Significa que a liberdade se mantém na sua pureza original. Viva a liberdade, abaixo os libertinos.
O Alberto Gonçalves é dos melhores cronistas em Portugal, o que, se considerarmos a concorrência, não é feito por aí além. Digo isto discordando dele em quase tudo de que ele gosta, e concordando em quase tudo de que ele não gosta.
Concordo quanto ao ‘dr. Costa’ (ele chama dr. a qualquer cão ou gato: não é respeito, é gozo), quanto à máfia do PS, a pulhíticos em geral, ao Islão e à hipocrisia da esquerda.
Discordo dos heróis dele: o capitalismo sem rédea, os mamões que venera, os EUA e Israel a quem lambe o rabo. Aliás, o Gonçalves é tão, mas tão direitalha que por vezes parece uma caricatura. Parte será provocação para vender, mas ainda assim.
Dito isto, nunca percebi de que vive. Dos bitaites? Da sociologia? Volta e meia diz que vai passear à América; para direitalha que critica a chulice da esquerda, algo está mal explicado.
O post, no essencial, está correcto: o país é do PS; e apesar de “poucos lugares na Terra com tamanhas e tão absurdas restrições” ser um óbvio exagero, é verdade que a carneirada tuga amochou logo. Somos um país de cornos mansos.
Ora pois, estamos de acordo!
O Gonçalves devia estar preso e incomunicável até ao fim da sua existência, porque é mamão. Mas uma estátua sua deveria, ao mesmo tempo, ser erigida, e em pleno Largo do Rato para mostrar aos os mamões a nossa revolta.
Fora isso estamos em desacordo. Acho que as teses de V. Exa, nomeadamente a de fixar a capital do país em Vila Franca de Xira, estabelecer o Sueco como língua oficial e criminalizar a obrigação de se usarem as cuecas por fora das calças pecam, ora por exagero, ora por insuficiência, ora pelos dois, não necessariamente por esta ordem.
Reparo também, com preocupação, que inda não tem um apelido para este comentador. Que tal “Cabecinha de Carapau”?
Cabecinha de carapau não está mau.
Só para confirmar: quando chamo ‘Cabeça de Porco’ ao Marques Lopes não é tanto pelo físico dele, embora seja uma boa descrição, mas por ser um bitaiteiro vendido e nocivo, a voz do dono, o Tide de pulhas e mamões. Um porco.
Pois, pois!
“Não é tanto”…
Meu caro Alberto Gonçalves há por aqui (ALEMANHA) muitos idiotas que dizem a mesma coisa:
“Houve poucos lugares na Terra com tamanhas e tão absurdas restrições à vida das pessoas.”
Somos também um país de cornos mansos?! (Refiro-me, está claro, à ALEMANHA).
Como não se pode insultar quem tão insulta a inteligência, fica uma palavra: enfim.
Em matéria do que representa o mando esquerdalho gosto mais do exemplo dado pelo ministro dos aviões e comboios: é grosso, ridículo e derrete muito dinheiro.
A gente sabe, prefere o exemplo dado pelos empresários do sector: insultuosos, mamam mais por km, não constroem nada, e ainda levam o capital todo para fora depois de explorar os recursos, incluindo o trabalho.
Tens azar, a CP com recursos consegue mesmo recuperar comboios e reduzir supressões, mesmo depois de ter exportado alguns dos melhores quadros no tempo do teu querido líder.
Tu sabes coisas!!!!
Até me pareces ferroviário.
Nem fazia ideia que ‘com recursos’ se fazem coisas extraordinárias!
Mas pelos vistos maus contratos e frouxas fiscalizações é uma delas, se calhar porque emigraram os melhores e ficaste tu por cá…que desastre,
Maus contractos como os swaps da Marilú? Ou de carruagens compradas e recuperadas por menos de 2M€?
Já sei, são os contractos que pagam o dobro por km à Fertagus! Ou os contractos de operação aos privados que deixam sempre a manutenção para quem vier a seguir, a EMEF.
Olhe que não emigram todos, também vão para a liderança da CP, felizmente. Mas, não me diga, dois dos directamente responsáveis pela disponibilidade constante superior a 9 pendulares em 10 não percebem nada e estão lá por favor, e empresas como a NSB e a DB vieram cá buscar os métodos e os colegas ao engano.
Não se preocupe, já não estou lá há muito tempo, e nem sequer trabalhava com comboios. Mas não é preciso conhecer muito para saber quem não sabe nada.
Pois é!
E espero que ele não se atreva a fazer linhas novas, pondo em causa tudo o que V. Exa. tanto lhe custou a decorar na saudosa quarta-classe salazaresca!
Era o que faltava! Mais uma estrada na Guiné-Bissau, uma barragem em Angola e uma plantação de kiwis em Timor e um gajo como V. Exa. tinha de voltar para a escola!
Bandido!
Ditadura? O PS tomara conta da Oposição e dos Media?
Já vi alucinações menos tenebrosas!
Pois é!
O Herr Gonçalves era muito novo e, por isso, “não estava cá” em duas épocas: a do pós 25 de novembro e, mais tarde, a da “Gloriosa AD”. Aí é que via o que foi o assalto aos “media” e a tentativa de silenciamento de tudo o que cheirasse a “esquerda”.
É claro que nunca conseguiram porque há uma área onde a Direita política nunca conseguiu ter a mínima relevância: a da cultura. A esquerda acabou sempre por dar a volta.
Então não, é só associados ao PS nos media, para nem falar em representantes das direcções dos partidos.
Numa autoestrada no sentido “nascente – poente”, alguns circulam mais à esquerda, outros mais à direita. Uns com mais velocidade, outros menos acelerados. Uns mais exuberantes, outros mais melancólicos. Uns mais irónicos, outros mais assertivos.
Eis quando aparece um gajo em contramão a buzinar contra todos os outros condutores, convencido que está, ser a realidade a sua percepção emocional dos factos.
“os laços o dinheiro que a “Europa” envia (e a esquerda aprecia) e as obrigações que a “Europa” impõe.”
Tantas palavras para quê? bastava ter escrito isto!
Uma pessoa que caísse neste texto vinda de uma estadia de 2 anos sem acesso a telejornais, internet, rádio, ia pensar que Portugal estava a caminho de ser uma segunda Venezuela.
Depois, pegava no carro e verificava que havia gasolina em todos as bombas, leite, carne, peixe, etc. em todos os supermecados. Cedo chegaria à conclusão que as restrições impostas pelo governo com a “desculpa” da pandemia foram e são iguais às adotadas por todos os países da Europa. Talvez até por todos os países do mundo.
Há cada cromo a escrever na Net! Fui aldrabado, pensava…
O que tu querias sei eu! Um gajo que põe Abril entre aspas não engana ninguém: preferia o 24.