A vida vai-me matando a adolescência ou, como teria dito o Manuel Dias, está a morrer uma data de gente que nunca tinha morrido. O cantor que era também músico: uma voz que falava, cantava e tocava, tudo ao mesmo tempo, em muitos géneros.
Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
A vida vai-me matando a adolescência ou, como teria dito o Manuel Dias, está a morrer uma data de gente que nunca tinha morrido. O cantor que era também músico: uma voz que falava, cantava e tocava, tudo ao mesmo tempo, em muitos géneros.
Celebra-se hoje, pela primeira vez, o Dia Internacional do Jazz, uma proposta bem sucedida do músico e compositor, Herbie Hancock, considerado um dos mestres do Jazz.
A Unesco defende que o Jazz é uma expressão musical que “pode derrubar barreiras e simboliza a paz e a unidade”. (A música em geral).
Na Música, não há passado nem presente. No Jazz, podemos assistir ao encontro harmonioso entre J.S. Bach (1685-1750), J. Loussier e Bobby Mcferrin:
À excepção de alguns eventos associados à minha vida pessoal e familiar em Portugal, África foi o continente onde, anos a fio, vivi as emoções mais intensas da minha vida. Umas tristes, testemunhando sofrimentos e miséria intoleráveis; outras, marcadas por momentos mágicos de espiritualidade e prazer, difíceis de descrever por palavras, mas que a pulsão dos sentidos torna arrebatadores.
Com ‘sodade’ dessa terra Cabo Verde, lembro as noites quentes de S.Vicente, rememorando também os sons de crioulo, ritmados e quase chorados, saídos da garganta da mestiça de pele de ébano e olhos verdes. Saravá Mizé!
Distante no tempo e no espaço, dou hoje um salto imaginário até lá, através voz de Carmen Souza. Uma lisboeta, filha de cabo-verdianos, hoje praticamente radicada em Londres e correndo mundo. Instrumentista e cantora de criativo talento, proporciona-me reviver o crioulo, a morna e o jazz. Uma simbiose que me delicia.
O que é bom é bom, mas o que é fantástico é de outra galáxia. Atentem nesta pianista, Hiromi de seu nome, japonesa de nacionalidade, trinta e dois anos de idade, música por fatalidade.
Let’s Get Lost (1988) é um documentário sobre a vida turbulenta e a carreira do trompetista de jazz Chet Baker. Escrito e dirigido por Bruce Weber, Let’s Get Lost é um dos mais belos filmes reais feitos sobre o universo do jazz no séc. XX e o mais marcante dedicado à figura singular de Chet Baker.
Para todos os amantes de jazz. Imperdível.
Morreu Paul Motian, o “lendário” baterista de jazz norte-americano que teve “uma forte ligação com Portugal” onde chegou a ser preso em 1971, por ocasião do primeiro Cascais Jazz, depois de ter interpretado o tema Song for Che, “(…) contra o regime de ditadura que então vigorava em Portugal”. Na mesma década, compôs For a Free Portugal (‘Por um Portugal Livre’).
O músico morre na mesma semana da greve geral, onde a paralisação foi de 85% para a CGTP e UGT mas de apenas 10.8 % segundo o Governo (!?). A tensão fez-se sentir, as negociações vão ser difíceis, o povo continuará super descontente e desanimado.
É caso para um músico português compor ‘Por um Portugal Feliz’. Quem sabe, o hino da próxima manifestação nacional…
Céu A. Mota
Para mim, bossa nova é fado transformado em jazz.
Inverno. Neve, frio, fogo dentro de casa, a hospitalidade dos amigos, a trompetista Hilaria Kramer e Luigi Abbondanza, com quem partilhei algumas aventuras teatrais.
E esta sua casa, em Lugano, construída em 1920 por um seguidor de Gaudi.
As árvores que fotografei são colunas da casa, feitas de cimento.
Inverno (do meu contentamento) e árvores de cimento.
Aqui ao lado, no coração de Espanha, província de Guadalajara, comunidade autónoma de Castilla-la-Mancha, existe uma povoação com pouco menos de 5 mil habitantes e que acolhe um festival de jazz com alguma notoriedade. O sítio chama-se Sigüenza e desde a semana passada tem sido falado por toda a Espanha, e não só.
Aconteceu que, numa dos espectáculos da 5ª edição deste festival, após ter assistido à actuação do saxofonista Larry Ochs, um espectador dirigiu-se às autoridades locais para denunciar-lhes que aquilo que o músico havia tocado nessa noite não era jazz, mas sim “música contemporânea”, género que, afiançava, lhe era “contra-indicado pelos médicos”. [Read more…]
É um standard do cancioneiro americano e já o cantaram Doris Day, Barbra Streisand, Carly Simon, Sinead O’Connor, ou (a minha versão favorita), Ella Fitzgerald. Foi escrita pela famosa dupla Rodgers & Hart para o musical “Pal Joey”, no já longínquo ano de 1940, mas em muitas das versões gravadas posteriormente a letra, tão ousada para a época, foi censurada e reescrita. “Bewitched, bothered and bewildered” (que talvez se possa traduzir por “Enfeitiçada, inquieta e confusa”) é uma canção rara porque se atreve a dar voz ao desejo feminino, sem recorrer à habitual capa do romantismo cor-de-rosa. Relato de uma paixão contada no feminino por uma mulher que se revela experiente (“Os homens não são uma sensação nova / saí-me bastante bem, acho eu”), sem pudor de fazer referência às qualidades dele que mais a atraem (“horizontalmente falando ele está no seu melhor”), e que no fim da aventura remata desta forma a sua história: “Romance, acabou. A tua oportunidade, acabou. As formigas que invadiram as minhas calças, acabaram. Enfeitiçada, inquieta e confusa – nunca mais”.
As passagens que mais nervosismo parecem ter produzido ao longo dos anos terão sido “I’ll sing to him, each spring to him / And worship the trousers that cling to him” (algo como “cantarei para ele, a cada primavera, para ele / e adorarei as calças que se prendem a ele”), e “vexed again, perplexed again / thank God, I can be oversexed again” (“irritada de novo, perplexa de novo / graças a Deus, posso estar sobressexuada de novo”). Foram adocicadas de maneira a que a pulsão sexual, esse estado de turbação que a canção descreve, se fosse diluindo num mais domesticável sentimento amoroso. O discurso feminino sobre o desejo gera incomodidade e não apenas nos homens. E a suposta libertação feminina nesse plano traduz-se frequentemente na apropriação de um discurso tipicamente masculino, que se reduz ao uso desassombrado dos termos que até há pouco nos estavam vedados, e na assunção de um comportamento predatório que era também exclusivo do outro sexo. Quero com isto dizer que me parece muito bem que uma mulher possa falar ou escrever sobre os homens que comeu, ou o que gosta de fazer e que lhe façam na cama, mas este discurso é ainda muitas vezes uma espécie de travesti do discurso masculino e parece mais destinado a produzir um choque na cabeça dos homens (e, sejamos sinceros, na de muitas mulheres) do que a dar voz a uma vivência feminina da sexualidade. Parece evidente que há apetência e fascínio por aquilo que as mulheres possam dizer a esse respeito (bom exemplo disto parece ser o sucesso do monótono “O sexo e a cidade”), ainda que muitas vezes esse interesse não vá além de voyeurismo. Encontrar um discurso próprio depois de séculos de silenciamento é um caminho tortuoso, e no qual talvez seja necessário explorar todas as estradas e todos os desvios. E neste campo, como em muitos outros, quem é poeta leva vantagem. Segredo Não contes do meu vestido que tiro pela cabeça nem que corro os cortinados para uma sombra mais espessa Deixa que feche o anel em redor do teu pescoço com as minhas longas pernas e a sombra do meu poço Não contes do meu novelo nem da roca de fiar nem o que faço com eles a fim de te ouvir gritar Maria Teresa Horta (“Minha Senhora de Mim”)
No dia 30 deste mês que hoje se inicia, o Aventar vai comemorar 10 anos. Queremos que comemorem connosco. Escrevendo, que é o que se faz por aqui. [Como participar]
Um amigo recebeu, por motivos pessoais que não vou contar, uma pequena parte da biblioteca de um ilustre bibliófilo. “Pequena” tendo em conta o tamanho total, mas, ainda assim, pouco mais de uma centena de livros. Cheguei a conhecer o bibliófilo, ainda que só de vista. Era um professor aposentado, conhecido pelo humor cáustico, pelo […]
Foto: Francisco Miguel Valada (11 de Outubro de 2019, cf. 24 de Julho de 2017)
À excepção do hipócrita do Presidente da República. É ouvir o Bruno Nogueira no Tubo de Ensaio de hoje.
A primeira fila do grupo parlamentar do PS é pungente. Não admira que tenham medo do Dr. Ventura.
Expresso. É Directivo. O respeito – e não o respeitinho pelas instruções do poder político – é muito bonito.
Tem 3.300 euros? Pode bater num professor! Aproveite já!
Não é *Diretivo, jornal A Bola: é Directivo. Como o *Coletivo, jornal A Bola, é Colectivo. Mais respeito, sff.
de Harold Bloom (1930–2019): Jay Wright: j-a-y-w-r-i-g-h-t, Thylias Moss: t-h-y-l-i-a-s-m-o-s-s, & /ˈnɒstɪk/: g-n-o-s-t-i-c.
O Paulo Guinote explica. Só não sabe quem não quiser saber: O salário dos professores: fact-checking
Seriedade política seria financiar os municípios em função do número de votantes em vez do número de eleitores…
Queria ser original (hello! hello!), mas houve alguém que… adiante: lede o perdedores e perdedores do J. Manuel Cordeiro.
(exactamente) «Santana Lopes admite abandonar presidência da Aliança». OK. Siga.
Estavas a dizer que viste a minha mulher a f*****, a f*****, a f******. Que exagero! Estava só a f*****!
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