Syriza a ver-se grego: as eleições na Grécia

Kyriakos Mitsotakis, dos conservadores do Nova Democracia, é re-eleito. Fotografia: Milos Bacanski/Getty Images

O Partido da Nova Democracia voltou a vencer as eleições na Grécia. Sem maioria, o que obrigará a uma segunda volta e, posteriormente, a uma ginástica parlamentar, mas volta a eleger um governo, depois dos anos em que o partido social-democrata, o Syriza de Aléxis Tsípras, galvanizou o eleitorado farto da crise e dos acordos com os FMIs da vida.

A surpresa é, lá está, o próprio Syriza, que atinge apenas os 20%. Mas, a meu ver, o Syriza não perde votos para a direita conservadora (por muito que, há uns tempos, a estratégica aliança com os conservadores populistas dos Gregos Independentes tenha sido um erro de palmatória – que levou, aliás, a que vários dos seus mais activos militantes saíssem do partido de Tsípras). Perde votos para os outros partidos de centro-esquerda e de esquerda, que crescem. Assistimos ao ressurgimento dos social-liberais do PASOK, que julgávamos já mortos e enterrados, e à subida dos comunistas do KKE. [Read more…]

Como lidam eles com a França?

Em 26 de Abril Yanis Varoufakis e Noam Chomsky tiveram uma interessante conversa na biblioteca pública de Nova York. A certa altura Noam Chomsky perguntou a Varoufakis, “E como lidam eles como a França?”, sendo que “eles” se refere, neste contexto, à Alemanha e à Troika. A resposta é surpreendente para quem está habituado a observar a “Europa” pelos filtros da comunicação social.

Pode assistir à conversa completa aqui.

Democracy in Europe Movement 2025

Varoufakis lança novo partido pan-europeu em Berlim.

Tsipras, a vitória da coragem política e do falar verdade.

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Começo este meu texto deixando claro que ideologicamente estou diametralmente no lugar oposto ao que defendem do ponto de vista político Alexis Tsipras e o Syriza, o que não me impede de fazer uma análise política ao que se passou na Grécia durante o ano de 2015, nomeadamente àqueles que foram as atitudes e os comportamentos do primeiro-ministro grego.

Tsipras e o Syriza venceram as eleições Legislativas a 25 de Janeiro. O programa eleitoral sufragado defendia um plano de anti-austeridade que previa um aumento dos impostos para os contribuintes com maiores rendimentos, o adiamento ou anulação do pagamento da dívida e um aumento do salário mínimo e das pensões.

Na impossibilidade do cumprimento do programa eleitoral fruto do  fracasso das negociações conduzidas pelo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, com a Troika no quadro da crise da dívida grega pública foi agendado um referendo para o dia 5 de julho de 2015  para ser votada a proposta da União Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional. O referendo foi clarificador dando os gregos uma vitória ao Governo de Tsipras. O «não» ganhou com 61,31 % dos votos contra 38,69 % para o «sim».

Apesar da vitória no referendo Varoufakis demitiu-se na mesma noite. Alexis Tsipras enfrentou uma crise política no seio do seu partido motivada pelo acordo efectuado com os credores internacionais que possibilitou o terceiro resgate financeiro ao país. E foi precisamente este acordo que levou a um aumento do descontentamento no seio do Syriza, que levou Tsipras a anunciar que depois de reembolsar o BCE iria apresentar no parlamento uma moção de confiança. A votação foi um rude golpe vindo do seu próprio partido. Quase um terço dos deputados do Syriza, votaram contra ou abstiveram-se na votação da moção de confiança, um número muito superior às três dezenas de deputados que tinham votado contra as reformas.

Na sequência destes acontecimentos o primeiro-ministro Alexis Tsipras tomou a decisão de se demitir tendo sido convocadas eleições antecipadas para o passado dia 20 de Setembro. Esta demissão foi um risco para Tsipras mas foi um acto de clarificação politica e de um absoluto desprendimento pelo poder.

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Paris é o destino final da troika

«O Grexit é usado para gerar o medo necessário para forçar Paris, Roma e Madrid a aceitar. O plano de Schaüble é pôr a troika em todo o lado, mas sobretudo em… Paris! Paris é o grande prémio.» Yanis Varoufakis [Fonte: Libération]

O ultimato alemão

Conferência de imprensa de Yanis Varoufakis depois da reunião do Eurogrupo (16/02/2015). Em vez de se ler recortes criteriosamente seleccionados pela comunicação social, é de ouvir as declarações integrais do próprio (em inglês), bem como a sessão de perguntas e respostas.

Ouvir por exemplo que o governo grego estava pronto para assinar um documento de extensão do programa a troco de algumas condições, tais como não haver mais cortes das pensões mais baixas e não haver aumento do IVA durante esse prolongamento.  Mas esse documento foi retirado minutos antes da reunião do Eurogrupo começar, tendo sido trocado por uma versão anterior, da passada quarta-feira, no qual os gregos estavam a ser pressionados para assinar não uma extensão mas sim um novo programa, onde era pedido “alguma flexibilidade” nos cortes, sem explicitar.

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Não há tempo para jogos na Europa

Yanis Varoufakis

Yanis Varoufakis

ATENAS— Escrevo este artigo à margem de uma negociação crucial com os credores do meu país — uma negociação cujo resultado poderá marcar uma geração, e tornar-se mesmo um ponto de viragem quanto aos efeitos da experiência da Europa com a união monetária. [Read more…]

Mais uma lição a Passos Coelho

“Os contos de crianças trazem sempre esperança.” – do gabinete do Ministro das Finanças da Grécia

Criar & Criticar

yanis_ministerCarlos Roque

A enorme diferença entre o Syriza e as oposições que se babam com a sua estrondosa vitória por esse mundo fora é um detalhe de marketing: o partido grego tem um produto – um programa criativo que fez sonhar o eleitor – e elas não têm nenhum.
Isto das eleições rege-se pelas mesmas regras do mercado: é preciso vender. E, para vender, ou temos reconhecidamente um excelente produto ou, pelo menos, temos de fazer parecer muito bom o produto que temos. E, no panorama global das oposições, o que vemos? Criticar. Dizer mal, pura e simplesmente, e só, de cada acção dos governos – o produto dos outros – e perder paulatinamente uma excelente oportunidade de, ao fazê-lo, mostrar uma alternativa aliciante, o seu bom produto, e ganhar uns pontos de simpatia e de vontade de comprar de quem vota. [Read more…]