As redes sociais e a política organizada

visao

Saiu hoje na Visão uma entrevista ao Fernando Moreira de Sá (ficheiro pdf: entrevista FMS), feita a propósito da sua dissertação de mestrado.

Entre os parvos e falsos ingénuos do costume,  deu escândalo. Compreende-se. Primeiro porque não é para qualquer um distinguir entre investigação científica e vida política ou profissional. Alguém ter narrado, sem aldrabices, o que conhece do seu dia-a-dia num trabalho académico é obviamente uma vergonha para os do costume. Nos tempos dos Business School que correm, é assim. E logo a seguir porque as verdades doem sempre aos mentirosos e a quem as encobre, para ganhar a vida, por ideologia, sempre no croquete & beberete.

Ainda não li a tese do Fernando mas da entrevista, tirando a deliciosa anedota do forum TSF onde Sócrates foi bombardeado com elogios, não fiquei a saber nada que não fosse óbvio, para quem tenha dois dedos de testa e ande no mundo das redes sociais, incluindo blogues. E quem não anda, problema seu. Quem exerce a profissão de jornalista sem andar, tem bom remédio, emigre para um emprego. [Read more…]

A Comunicação Política Digital – a entrevista (1)

1450839_10201066651530033_610383186_nNotas Breves: A entrevista feita pelo jornalista Miguel Carvalho (Visão) foi realizada após várias conversas prévias nos meses de agosto e setembro (se a memória me não falha, a entrevista propriamente dita, foram mais de quatro horas, foi em outubro). O jornalista sabia do teor da minha tese (a eleição de Pedro Passos Coelho como presidente do PSD e a influência da blogosfera e redes sociais) e do resultado da mesma em termos académicos. Obviamente, a entrevista só foi realizada depois do Miguel Carvalho ter tido uma cópia da mesma e a ter analisado ao pormenor. Quanto à entrevista, como pode testemunhar o Miguel Carvalho, foi franca e leal. Sem meias palavras, “rodriguinhos” ou artimanhas. Nada tenho a reclamar, independentemente de um ou outro pormenor que, misturado, pode e está a gerar alguma confusão. O que é absolutamente normal: uma entrevista de tantas horas reduzida a três páginas de revista teria, forçosamente, de ser assim. Muito do que foi dito não está lá nem podia estar face aos naturais constrangimentos de espaço e o que está dito, por vezes, fruto do normal corte e cose, pode ser interpretado de forma errada. Porém, isso não invalida, bem pelo contrário, a forma enviesada como alguns a querem ver/ler. O que também não me espanta. E até percebo as razões…

A tese que defendi mais não é do que um estudo académico sobre a influência da blogosfera e das redes sociais na comunicação política digital naquelas eleições internas. Deixando já claro algo que afirmo na minha conclusão: não se vai voltar a repetir. Por variadas razões que não vale a pena estar aqui a discutir. Mas, permitam-me que vá directo a um tema que está a gerar bastante confusão (e que a publicação, em breve, da tese no Aventar, vai permitir esclarecer melhor): o Albergue Espanhol.

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Sim, Bebé?


Atendimento telefónico das Finanças (é como quem nos fode).
“Estamos aqui para ti…”

Novas da Extrema-Direita Gaulesa

A sociedade portuguesa tem problemas angustiantes. Mas um deles não é a estúpida deriva provocatória e o ascendente cultural da Extrema-Direita, capaz de ousadias gravíssimas, muito mais graves que a erecção de uma estátua fria e morta a um santo mafioso, suposto arqueológico instigador bombista anti-comunista.

Em França, pelo contrário, passa pela cabeça de um pasquim formular parangonas com alusões e associações xenofobizantes de um profundo mau-gosto: «Esperta como um macaco» ou «Um sorriso em forma de banana»., por acaso alusivas a uma ministra. Daí que o ministério público francês tenha aberto uma investigação preliminar por «injúria pública» ao semanário «Minute» por ter feito como manchete «Maligne comme um singe, Taubira retrouve la banane», com uma foto da ministra da Justiça, Christiane Taubira, que não vai apresentar queixa: «As pessoas que são alvo de comentários racistas, antissemitas ou xenofóbicos não são atacadas apenas pessoalmente, mas também por aquilo que são e que aparentam ser. E há que relembrar que não se trata apenas de uma opinião, mas de um delito a sancionar.»

Disse a ministra e disse muito bem.

Afinal dá mesmo para prender políticos corruptos!

É estupidamente irónico que no mesmo dia em que a PGR anuncia o arquivamento do processo da branqueamento de capitais contra o vice-presidente angolano Manuel Vicente, nos chegue a notícia de que o Supremo Tribunal Federal do Brasil decidiu condenar a penas de prisão 9 dos 25 réus do processo Mensalão, entre eles José Dirceu, antigo ministro de Lula da Silva, e José Genoino. E poderá não ficar por aí.

Não deixa de ser triste continuar a desempenhar a função de lavandaria do nepotismo de Estado angolano ao mesmo tempo que somos constantemente ameaçados de que a “parceria estratégica” ardeu. Mas pelo menos hoje tivemos uma boa notícia: afinal, é mesmo possível condenar políticos corruptos a penas de prisão no espaço da Lusofonia.

Será que dá para fazer uma “parceria estratégica” o STF brasileiro para uns intercâmbios ou uns workshops? Dava jeito explicar aqui à malta como é que se prendem esses gajos, somos mesmos fraquinhos nessa área…

Prá-Kys-Tão

Num mundo perfeito quem saísse de casa para ir estudar numa universidade ia viver para uma república. Aprendia o que tinha para estudar e a viver com os outros. O mundo é como é, e as repúblicas de Coimbra estão a sofrer um ataque que já foi tentado na década de 80, e que desta vez ameaça ter sucesso. Pela primeira vez uma lei das rendas não as contempla.

Há que defendê-las uma a uma, até porque não se sabem unir. A Real República Prá-Kys-Tão está desde 1951 na mais bela das casas, a Casa da Nau, e precisa de fazer obras:

Para ajudar, é aqui.