PSD: Revisão do anteprojecto de Revisão Constitucional

De genuflexão em genuflexão, com avanços e recuos, lá vai Pedro Passos Coelho percorrendo um caminho errante. O que, em certo dia, é propagado como estratégico em tom categórico e tonitruante, passado algum tempo é renegado ou reduzido a zero. Queira-se ou não, este é o espectáculo, de voltas e reviravoltas, proporcionado pelo dirigente máximo do PSD e sua equipa. A avaliar pelas notícias hoje vindas a público,  agora é o ‘anteprojecto de revisão constitucional’ de Paulo Teixeira Pinto a desencadear objecções da parte de notáveis do próprio partido.

Paulo Teixeira Pinto está tão distante da social-democracia, como eu, em pleno e tórrido Alto Alentejo, estou da Patagónia. A figura cimeira do grupo de revisão constitucional laranja, ao que se percebe, verteu para o papel as suas próprias ideias, conservadoras – dispensamos o ultra. Os parceiros da comissão, sem ser tidos ou achados no produto final, sofreram um ataque de psoríase, ameaçando demitir-se. Da lista de vítimas dos sintomas epidérmicos, constam Assunção Esteves, Bacelar Gouveia, Luís Marques Guedes e Guilherme Silva. Tinham, apenas, de assinar por baixo. Revoltaram-se diante do papel de ‘paus-mandados’.

Com este panorama, a Pedro Passos Coelho não restou alternativa. Ordenou o regresso à ‘estaca zero’ e, a partir de agora, Paulo Teixeira Pinto terá de subordinar-se à companhia de Calvão da Silva e Bacelar Gouveia, na reconstrução do anteprojecto de revisão da CRP do PSD.

A curiosidade consistirá em pousar um olhar atento a assistir à desconstrução de teorias de conspiração de terceiros, com que os doutrinários e fazedores de opinião ‘laranjas’ se vitimizaram através da ‘maldita ideia de golpe de estado’. Segundo eles, tal ideia foi artificial e desonestamente criada e expandida por adversários políticos e críticos de diferentes sectores da sociedade. Os defensores do anterior anteprojecto ignoraram os descontentes internos e a bomba acabou por rebentar-lhes nas mãos.

A credibilidade de Pedro Passos Coelho começa a ficar ameaçada. É recomendável rever o comportamento e a exposição pública, demonstrando que a palavra de hoje é o compromisso firme de amanhã. De falta de clareza, estão os cidadãos saturados.   

Comments

  1. Uma lúcida análise e, finalmente, alguém que não é hostil ao PSD a dizer que um partido republicano não pode ficar refém de um monárquico nem a social democracia à mercê do liberalismo.

  2. carlos fonseca says:

    Caro Carlos Esperança, nada me move, de forma doentia ou outra, contra o PSD ou qualquer outro partido, enquanto instituições do exercício democrático. Sinto-me independente – o que incomoda alguns – e procuro ser objectivo. Tento, pelo menos, afastar-me de parangonas e preconceitos vazios, preferindo ajuizar o que me parece real.

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