Ainda o romance de Lúcio e Rosalina

Tudo o que se tem escrito e dito nos últimos dias na comunicação social, sobre o assassínio de Rosalina Ribeiro, é estranho, mesmo muito estranho. E merece que revisitemos o tema.

Em primeiro lugar, o assassínio foi ocultado à opinião pública, desde Dezembro de 2009 e apenas há dias, poucos, começou a ser notícia de primeira página dos jornais e dos noticiários televisivos em ‘prime-time’. Estranho!

Em segundo lugar, dá-se conta que o assassínio ocorreu pouco tempo depois de um encontro de Rosalina com o seu advogado, Duarte Lima. Desapareceram apenas documentos, inclusivamente de identificação de Rosalina. As jóias ficaram. Muito estranho!

Para adensar a suspeita da relação de Duarte Lima com este caso, hoje proliferam na imprensa, jornal ‘i’, Publico e  TVI, notícias das declarações de Olímpia Feteira, filha do empresário e também ex-administradora da Covina. Diz Olímpia que, no espaço praticamente de 5 meses e com início em Janeiro de 2001 – o pai morrera em Dezembro de 2000 – foram feitas transferências de cerca de 5,25 milhões de euros, a favor de Duarte Lima. É também uma estranha intumescência!

A filha do empresário, que estava em disputa judicial com Rosalina, alega nunca ter visto o conhecido advogado em tribunal e que honorários de 5,25 milhões de euros em 5 meses são, de todo, injustificáveis.

A confirmar-se a realização das avultadas transferências, Duarte Lima, em nossa opinião, tarde ou cedo, terá de a explicar. O valor parece, de facto, absurdo, por elevado. Ou então Duarte Lima é dos advogados mais caros do mundo, ou até o mais caro do planeta, e ninguém em Portugal sabia. São as tais preciosidades do tecido humano-político e profissional em que a nossa terra é fértil.

Comments

  1. Ana Paula Fitas says:

    É, de facto, estranho… vamos ver o que diz, nos próximos dias e como é costume(?!), a comunicação social…
    Abraço

  2. Maria Elisa Martins says:

    Boa tarde,
    Parece-me a apresentação da próxima novela, agora que Freeport está acabada (?); temo de vender papel, encher espaços de televisão e dar trabalho a uma enormidade de comentadores.
    Ea feira popular continua
    Um abraço gaiense a toda a equipa Aventar
    Maria Elisa

  3. carlos fonseca says:

    Ana Paula, esperemos, então, o que a comunicação social virá a dizer. Nem sempre é rigorosa, como sabemos.
    Não consigo dissociar este caso da minha passagem pela Covina, entre 1964 e 1980. Era uma fábrica, fundada em 1936, que empregava cerca de 1200 trabalhadores, como fiz notar em ‘post’ anterior. Hoje, nas mãos da Saint-Gobain, está transformada num armazém com cerca de 30 postos de trabalho.
    Como diz Sami Naïr, o capitalismo não tem pátria. É, por esta razão, que me rebelo contra a ortodoxia ideológica neoliberal do ‘mercado’ e do ‘fim da história’. Fi-lo em relação à PT. Faço-o agora na defesa do interesse estratégico do fabrico de chapa de vidro, com alto grau de incorporação de mp’s nacionais.
    Abraço

  4. carlos fonseca says:

    Maria Elisa, respeito a sua opinião. Porém, enquanto desvalorizarmos o enriquecimento inexplicado de alguns políticos, pactuamos com o país cinzento e obscuro em que vivemos. Telenovela ou não, há razões sérias a investigar, para além do que se lê e ouve. E são úteis para o tipo de sociedade em que queremos viver.
    Um sincero abraço de Lisboa até Gaia.

  5. Joaquim dos Anzóis says:

    A Sr.ª Eng.ª Olímpia Féteira de Menezes tem toda a razão quando acusa a dupla Rosalina Ribeiro/Duarte Lima de sonegarem às “heranças indivisas” de Lúcio e Adelaide Féteira (de facto, é de duas heranças que se trata) muitos milhões de euros. Esquece-se de duas coisas: 1. Que o Estado Português está também lesado pelo não pagamento do Imposto de Selo devido pelas sucessão; 2. Que ela própria, enquanto cabeça de casal da herança do pai, não só não tem prestado contas aos restantes herdeiros da administração da mesma ao longo de dez anos (!), como tudo tem feito, à semelhança do comportamento doloso (que tanto fustiga) da malograda Rosalina, para fazer “desaparecer” bens móveis, contas bancárias e outros valores, para alienar bens imóveis, etc.

  6. carlos fonseca says:

    Caro Joaquim dos Anzóis, creio poder dizer-lhe que o meu propósito não é defender a Eng.ª Olímpia Féteira, nem a D.Lina de quem, pelo que escreve, se depreende que era amigo.
    Estou a tentar contribuir para que se perceba a verdade. E se elogiei alguém, foi justamente Lúcio Tomé Feteira em ‘post’ precedente.
    Ah! também não vislumbro razões para enaltecer Duarte Lima.
    Boa pescaria!

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