Agora como não chumbam estão no 10º ano e fazem testes Pisa com muito melhores resultados

Onde é que meteram em 2009 os alunos com 15 anos que em 2006 estavam no 7º e 8º?

No Expresso de hoje Isabel Leiria pensa que estão no 10º ano, porque agora não reprovam e como tal sabem mais. Fantástico. Mas também podem estar num Curso de Educação e Formação (CEF) e não terem feito os testes Pisa.

A grande mudança no ensino em Portugal entre 2006 e 2009, afectando os alunos que dantes chumbavam de forma a estarem no 7º e 8º com 15 anos, foi precisamente terem sido encaminhados para os CEF’s (e muito bem, acho eu).  Nos CE’Fs pelo menos não chumbam. Mas os CEF’s não constam desta tabela. Até parece que os alunos dos CEF’s foram marginalizados desta oportunidade de demonstrarem as suas competências, o que seria uma enorme injustiça, e para alguns uma grande batota.

Por coincidência a subida da média nacional nos testes Pisa resulta sobretudo da subida dos piores alunos. Ou do truque de terem sido substituídos por outros, correspondendo aos que em 2006 estavam no 10º ano, bastando para isso que os alunos dos CEF’s com 15 anos não tenham feito o teste.

Um caso em que uma escola básica pediu escusa porque o “grupo de estudantes a avaliar tinha uma taxa muito elevada de casos de insucesso,” é conhecido.

Nesta remota hipótese, que não queria colocar mas já coloquei depois de esfregar os olhos na caixa de comentários do post onde esta tabela foi publicada pelo Paulo Guinote,  toda a propaganda que o governo tem feito seria um enorme barrete, a enfiar por todos nós, e ainda pela OCDE a quem primeiro teria servido.

O que está totalmente fora de causa, é claro, mas fará de Maria de Lurdes Rodrigues a maior prestidigitadora de números da História da Educação em Portugal.

Comments

  1. Talvez... says:

    Com manipulações dessas também os cães vadios que há na minha rua conseguiam fazer subir a nossa posição. Oops, já me esquecia, realmente foram uns cães vadios a fazê-lo.

  2. António João says:

    Lá se foram os dentes da galinha….

  3. otário says:

    1. O que o quadro apresentado prova é que as taxas de reenção nos últimos anos dimninuiu drasticamente, como é do conhecimento público. Acrecente ainda o facto de, por causa do ensino profissional, haver mais alunos matriculados no 10º ano do que em anos anteriores (alunos que noutros anos anteiores teriam abandonado a escola).

    2. A afirmação de que os alunos dos cursos CEF não participaram nos testes PISA de 2009 é falsa. Participaram, sim senhor, tal como podemos comprovar por um documento interno de uma escola que o dr. Guinote publicou no seu blogue e que diz o seguinte:

    “Na Escola Secundária Dr. João de Araújo Correia existiam 169 alunos que preenchiam os requisitos solicitados para a intervenção nestes estudos. O Ministério da Educação, através do seu Gabinete de Avaliação Educacional, seleccionou aleatoriamente 40. Estes alunos estão matriculados em turmas do ensino regular do 8.º ao 10.º ano e em turmas de Cursos de Educação e Formação de nível 2 e 3.”

    3. O caso particular de recusa de uma escola em participar no PISA é a prova provada de que não houve nenhuma conveniente selecção da amostra. Caso assim fosse seria muito estranho que uma escola tão má tivesse sido “escolhida”. Aliás, convém que se dê a informação toda e que se explique que, segundo informação oficial, o caso que apresenta foi único e que não se verificou mais nenhum pedido ou situação parecida.

    • 1. Os alunos que estão no 10º ano não são repetentes(na faixa etária 15 anos + 3 meses a 16+4 quanto muito alguns terão uma repetência). Os que estão no 7º e 8 são bi e tri repetentes. Faz toda a diferença, mesmo que as reprovações tenham diminuído, e sobretudo por isso.

      2. O número de alunos dos CEF’s que fizeram o teste queria eu saber, para o poder comparar com o universo “alunos portugueses”. Sei que nos CEF’s há 1º e 2º ano, não há nenhum dos anos que estão na tabela. Dando de barato que correspondem ao 8º e 9º ano da tabela minguaram, logo a amostra não é comparável com 2006.

      3. Linkei para um blogue onde se transcreve integralmente a informação. O caso referido é a prova de que uma escola achou que ia estragar a fotografia. Ou seja, de que a fotografia não foi aleatória.

  4. “O que o quadro apresentado prova é que as taxas de retenção nos últimos anos diminuíram drasticamente, como é do conhecimento público” [Otário]
    Sim, sabemos que as taxas de retenção diminuíram nos últimos anos, mas o quadro apresentado não prova isso. Por fazer reveja a noção de causa-efeito.
    A alegada aleatoriedade da escolha dos alunos, pode ter levado a que os alunos com várias retenções, que aos 15 anos e 3 meses (ou mais) ainda frequentam o 7.º ou o 8.º ano do Básico) tivessem sido substituídos por alunos do 10.º ano (não necessariamente fraquinhos e agora transitados pelo sistema cada vez mais facilitista).

  5. Considero extraodinário que sejam necessárias publicações de resultados positivos em estudos comparativos internacionais para nos preocupemos com questões centrais como a representatividade e metodologia seguida nesses estudos. Quando os resultados são “maus” os estudos são bons; se os resultados são “bons” será defeito do estudo. E claro que aquilo que nesse dominio se possa passar nos restantes paises está sempre acima de qualquer suspeita. Revelador !

    • Por acaso até acho que quando os resultados foram muito maus houve foi falta de cuidado em Portugal, o que não aconteceu noutros países. E que em 2009 se aldrabou com a mesma competência com que aldrabam muitos outros, neste caso com o México à frente.
      Não sou dos que pregam a falta de qualidade do nosso ensino público, que teve uma crise de crescimento na década de 70, superada, que herdou taxas de analfabetismo monstruosas de um regime que pregava a ignorância.
      Agora fazer destes resultados a “prova dos 9” da política educativa é mentira, ignorância (as reformas na educação têm efeitos a médio e longo prazo) e batota política da mais baixa.

      • Dário Tavares says:

        Boa tarde, Sr. João José!
        Dá-me licença. Eu só queria mesmo deixar-lhe um pequeno extracto de um texto publicado no Público por um tal JM Fernandes:

        Sabia, por exemplo, que um em cada sete alunos portugueses que participaram na avaliação do PISA era aluno do ensino particular e cooperativo? E que os alunos do ensino particular e cooperativo que participaram obtiveram resultados que colocam Portugal nos dez primeiros lugares a nível mundial? Ou que os alunos das escolas particulares e cooperativas participantes no PISA tiveram médias muito superiores à média obtida pela totalidade dos alunos (mais 32, mais 32 mais 28, respectivamente)? Esta diferença nas médias dos alunos é superior ao “milagroso” salto dado pelos alunos no seu todo, o que indicia que a subida do país pode ter-se devido ao bom desempenho dos alunos do ensino particular e cooperativo no projecto PISA?
        Repare: a média global dos alunos portugueses na “leitura” foi de 489. Os alunos do ensino particular e cooperativo que participaram tiveram uma média de 517. A média global dos alunos portugueses na “matemática” foi de 487. Os alunos do ensino particular e cooperativo tiveram 514. A média global dos alunos portugueses em “ciências” foi de 493. Os alunos do ensino particular e cooperativo obtiveram uma média de 517.»
        Se não gostar, peço desculpa. Zangue-se com aquele jornalista!

  6. Dario, não me puxe a conversa para testes nos colégios, que isso faz-me lembrar exames nacionais, e exames nacionais faz-me lembrar professores correctores do privado a forçarem a baixa de notas aos seus concorrentes, e a falta inspectores nos exames no privado, e depois lembro-me das vigarices que toda a gente sabe que por aí se praticam, e que um dia virão ao de cima, que o azeite sempre tem a sua densidade.
    Isto já para não falar das anedotas que hoje li sobre a “não selecção de alunos”, quando toda a gente em Coimbra sabe como se vai para o S. Teotónio. Ou como se fica à porta.

    • Dário Tavares says:

      Cidadão João José
      Dá-me licença?
      O que lhe enviei era um artigo de um jornalista. E falava da qualidade do ensino… Mas já que fala disso, mais uma vez tenho um bom exemplo cá em casa. O meu filho mais velho, que como já sabe, fez o 12.º num Colégio com contrato de associação, por sinal bem colocado nas listas nacionais, que valem o que valem, teve de frequência a Português uns brilhantes 13 valores! No exame nacional teve uns míseros 18,4 valores. A média nos exames em Português, na sua escola, foi de 14,7.
      Já agora, mais uma informação referente às inspecções nos exames nacionais. Sei de uma inspectora que o ano passado fez 180 Km para ir controlar as provas de aferição do 6.º ano, num pequeno colégio da Província. E mais, todos os colégios têm inspecções anuais nos exames nacionais. É melhor informar-se antes de fazer afirmações caluniosas para os seus colegas.
      O senhor é mesmo professor? Qualquer professor que já tenha corrigido exames sabe que bem que nunca, jamais, em tempo algum, um corrector sabe a origem das provas que corrige.
      A sua frase lapidar « faz-me lembrar professores correctores do privado a forçarem a baixa de notas aos seus concorrentes» é mesmo digna de quem descobriu e acredita que as galinhas têm dentes, com foto e tudo.

      • Um professor corrector sabe sempre de quem não são os exames que lhe são entregues: da sua própria escola.
        A minha experiência sobre o assunto acabo de a publicar. A minha, a que se soma a de muitos colegas que vivenciaram o mesmo.

        • Dário Tavares says:

          Só estranho que não tenha provas. Mas peça ao ministério público que investigue antes de vir para a praça pública.
          E se isso existe, como sabe tão categoricamente que são os seus colegas do privado que fazem tal crime? Os outros são mais honestos?
          Lançando estas suspeições está a pôr em causa todos os seus colegas. Todos eles, do estado e do privado, sabem que as provas que estão a corrigir não são da sua escola. E além disso toda a gente pode apresentar recurso da correcção da prova. Não acha estranho que ainda ninguém se tenha queixado de tamanha desonestidade?
          Por favor, o senhor e esses seus colegas não podem permanecer calados. Como é possível serem coniventes e ainda não terem apresentado queixa no local próprio!
          Se não tem provas, nem denunciou cheira-me a capoeira de galinhas com dentes!

          • Ministério Público? Numa prática destas a única prova possível é estatística, e a decisão a tomar política.
            Já agora, quer imaginar uma empresa privada a fazer julgamentos? Um juiz trabalhador por conta de outrem?

  7. António João says:

    O que afirma, a propósito dos exames, é um embuste. Se sabe de casos concretos, deve denunciá-los porque são casos de polícia.
    Continue a tentar, pode ser que pegue. E olhe que toda a gente é muita gente.
    Curioso é que agora já não seja a escolha de alunos a justificar os resultados, mas as vigarices nos exames! Coitados dos professores do particular. No seu entendimento são do pior que há.

    • Se tivesse provas do que se passa durante as provas de exame é claro que as teria denunciado. No que toca à sacanice na correcções bastava o GAVE analisar estatisticamente os dados que se não tem devia ter.
      Quanto aos resultados é muito simples:
      – selecção de alunos (mesmo em escolas contratualizadas com o estado).
      – e uns pózinhos daqui e d’acolá, onde a inflação de notas, um ambiente “descontraído” nos dias de exame, e a táctica de forçar más notas no público dão a sua ajuda.
      Um argumento nunca desvalorizou outro.
      No que toca ao Pisa as contas do JMF já foram questionadas:
      http://corporacoes.blogspot.com/2010/12/as-bizarras-comparacoes-de-jose-manuel.html

      • Dário Tavares says:

        O cidadão João José vai-me desculpar mas, a sua argumentação faz-me lembrar outros tempos. Só lhe falta dizer que os professores do particular comem crianças ao pequeno almoço! E fazem-no para que a estatística diga que a taxa de natalidade está a baixar.
        Esse argumento das estatísticas é notável.
        O que não é notável, mas muito grave, é, e à maneira daqueles que mataram Humberto Delgado, inventar atordoadas ridiculas, não as provar, não querer que sejam investigadas como seria normal num estado de direito.
        Quanto ao Juíz privado, poderá ser um assunto para a sociedade portuguesa discutir. Procuro não ter tabus. Mas para si não me parece ser um bom exemplo. Como sabe se há algum sector a funcionar pessimamente em Portugal é o da Justiça. Os poderosos safam-se sempre, os pobres saem sempre prejudicados a e sobre a independência do nosso sistema judicial, pago pelos nossos impostos, em relação a certos casos que por aí temos, sobretudo políticos, ficamos por vezes angustiados. Além disso, um Juíz e um professor têm missões bastante diferentes, mas ambas muito dignas.

      • António João says:

        Sempre gostava de ver essa análise estatística.
        Não me diga que mesmo sabendo que os malandros do privado sabotam os resultados, os continuam a chamar? Afinal o pessoal do GAVE, que trabalha para o Estado, também não faz o que lhe compete? Serão mais interesses obscuros?
        Quanto aos pózinhos aconselho-o a comprar Pronto limpopó. Talvez resolva. Com tantos conhecimentos de como decorrem os exames noutras escolas, deduzo que lá tenha estado a ver. Aí sim, uma ilegalidade pois, como sabe, não deveria ter tido acesso à zona onde se realizam as provas. Caso fale pelo diz que disse, é melhor ter cuidado, pois, às vezes, os telhados de vidro causam problemas.
        Quanto ao link, li com atenção e olhe, não vejo qualquer desmentido, para além de uma série de argumentos estafados.

  8. Bulimundo says:

    Até podem formar conteúdos mas quase nunca formam pessoas…tipos médicos carniceiros que apenas vão para lá porque a profissão têm estatuto e é bem remunerada..quero ver quando houver excesso se vão tantos…nada tenho contra os privados agora muita gente tem para lá ido para subir notas é do conhecimento de toda a gente…
    Mas também quando recusam ou não inscrevem, ciganos putos do bairro da alta deficiente se arruaceiros…Ok…

    • Dário Tavares says:

      Cidadão Bulimundo
      Vá até ao de Colégio de Manique, com contrato de associação. Passe lá um dia e veja quem são os estudantes e a sua proveniência. Não se esqueça de consultar os resultados daquela escola nos exames nacionais…
      E depois, sendo uma pessoa intelectualmente honesta, virá aqui corrigir o que disse.

  9. Bulimundo says:

    Excepções não fazem a regra..pesquise e analise todas as escolas privadas do PAÍS E DIGA-ME QUANTAS ACEITAM TAIS ALUNOS???
    SE A SUA É ESSA EXCEPÇÃO PENITENCIO-ME…MAS EM relação à globalidade nem por isso…

    • Dário Tavares says:

      Tenho muito gosto em dar-lhe mais exemplos. Visite Vila Nova de Milfontes,Penafirme, Poiares da Régua, S.Miguel- Fátima, Arruda dos Vinhos, Granja do Ulmeiro, Mogofores, Bustos, Calvão, Viseu, Guarda. Não tenho a pretenção de conhecer todos os colégios deste país, mas já lhe dei uma amostra, do norte, centro e sul. Ainda lhe arranjo mais alguns dos que conheço.
      Já agora, repito um dado que já referi ao Cidadão João José. Nos Colégios com contrato de associação, os alunos com apoio social escolar, isto é, cujas famílias têm rendimentos à volta dos 600 euros, representam entre 33% e 55% da população estundatil desses colégios. Quem ficará prejudicado com o fim dessas escolas serão as classes mais pobres. E é um governo socialista, apoiado por alguns iluminados que se dizem de esquerda que querem acabar com eles. estranho país este!

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  4. […] muito interessantes saber quais foram as escolas que participaram no Pisa em 2009. Perante as suspeitas, o Ministério da Educação fecha-se em copas e é a própria Ministra a dizer que não sabe quais […]

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