Banco de Portugal e o interesse nacional

banco de portugalO Banco de Portugal iniciou a semana com a publicação do Boletim de Inverno, com as projecções para a ‘Economia Portuguesa: 2010-2012’. As notícias são naturalmente insatisfatórias. No que respeita ao PIB para 2011, por exemplo, prevê um decréscimo de – 1,3%. Também, na área do emprego, estima a eliminação de postos de trabalho: 49.000 em 2011, 9.800 em 2012; ou seja, mais 58.800 desempregados até ao final de 2012, sem compensação do lado do emprego.

Ao negro cenário esperado, o BdP adianta ainda a recomendação de “reformas no mercado trabalho”, cujo desfecho social facilmente se deduz: acelerar o desemprego e a precariedade das relações de trabalho.

Deixo, por ora, o  teor do boletim citado e a mais do que possível hipótese de, em algumas áreas, as previsões macroeconómicas se revestirem de credibilidade e legitimidade. Ocorre-me apenas questionar se este era o momento mais apropriado para o Banco de Portugal divulgar as projecções em causa.  Não poderia adiar para o fim-de-semana a publicação do Boletim de Inverno? Lanço esta pergunta, tendo em consideração o interesse nacional autêntico; não do governo ou de qualquer partido da oposição. E a questão  ainda mais pertinente se torna, caso se tenha em consideração que os juros do financiamento externo são suportados, como se sabe e de que maneira, pelos cidadãos em geral.

Trata-se, de facto, de uma iniciativa inoportuna e infeliz da instituição dirigida pelo Dr. Carlos Costa. Os mercados, os tais mercados ocultos, intangíveis mas penosos para os bolsos dos portugueses, são muito sensíveis a notícias deste género. Como, de resto, às de sentido inverso; por exemplo, ao anúncio da redução do deficit de 7,3% para 6,8% do PIB em 2010. Divulgado por Sócrates é susceptível de dúvidas, mas a verdade é que levou a uma quebra para 6,85% dos juros no prazo a 10 anos, na véspera do governo português ir ao mercado para o primeiro leilão de obrigações deste ano.

Espero que, acima da minha posição crítica em relação ao governo, os mercados sejam mais sensíveis a Sócrates do que ao Banco de Portugal. A bem dos portugueses e na defesa do interesse nacional.

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