Escolas com contrato de associação – uma espécie de ponto da situação

Separar o trigo do joio é do interesse do País e das escolas

Os textos acerca do Colégio Rainha Santa, em Coimbra, do Colégio Paulo VI, em Gondomar, ou do Grande Colégio Universal, no Porto, não tiveram como objectivo criticar a existência de escolas privadas com contrato de associação (e, se assim o pretendessem os seus autores, estariam no seu pleno direito). Limitaram-se a analisar casos específicos, tendo demonstrado que, nas três situações, as referidas escolas estão na proximidade de escolas públicas, para além de, ao que tudo indica, seleccionarem os alunos, quebrando, de uma penada, duas regras impostas pelo contrato de associação, tal como, aliás, está anunciado no site “Escolas com contrato de associação”. Situações como estas já deveriam ter sido analisadas, há vários anos, e deveriam estar mais que resolvidas.

No entanto, com a sensibilidade de um mamute numa loja das mais finas porcelanas, a Direcção-Geral das Finanças para os Assuntos Educativos, vulgo Ministério da Educação, recebeu ordens para reduzir as despesas relativamente a todas as escolas com contrato de associação, indiscriminadamente. Esta tendência taurina do governo para baixar a cabeça e ir em frente tem como inevitável consequência fazer pagar o mesmo a justos e pecadores. Não deixa, também, de ser verdade que as escolas com contrato de associação parecem estar a agir em bloco, certamente acreditando que a união faz a força, mas correndo o risco de se misturarem justos e pecadores.

É urgente separar o trigo do joio e descobrir quais são as escolas que merecem manter o contrato de associação e as que não merecem. Se isso não for feito, as que não merecem continuarão a receber dinheiro a que não têm direito, mesmo que com cortes, e as cumpridoras verão diminuído o orçamento. José Canavarro tem aqui uma proposta que me parece sensata. [Read more…]

Quando um gráfico vale mais que mil mentiras

Esta malta andava a subir na vida. E fica-me a dúvida: não fosse a crise, e não teria este gráfico seguido o seu percurso natural, aumentando o assalto às finanças públicas e sustentando os empresários chulos do estado?

gráfico via Câmara Corporativa

Actualização – Não quero que falte nada aos meus comentadores:

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Destruição de obras de arte


Está confirmado. Tal como como era de prever, a CNN acaba de informar que a multidão atacou o Museu Egípcio no Cairo e destruiu obras de arte. Esta não é uma acção esporádica. A Irmandade Muçulmana vota um profundo desprezo a todo o tipo de arte “não islâmica”, na perfeita consonância com aquilo que os imãs exigem na Europa. Recordam-se dos dinamitados Budas de Bamian, no Afeganistão? Não se admirem se um dia destes virem as múmias dos faraós arrastadas pelas ruas do Cairo e as preciosidades do Antigo Egipto derretidas no cadinho. Qualquer semelhança com a antiga civilização, é uma mera coincidência no espaço territorial. Não tenham qualquer tipo de ilusões. Esta é uma “acção revolucionária” bem organizada e coordenada.

Não se trata de democracia. A sublevação poderá ter-se iniciado devido ao regime repressivo, mas o que aí vem, não é de bom augúrio. Trata-se de mais uma etapa na tomada do poder pelos radicais religiosos em todos os países muçulmanos. Qualquer entusiasmo com “vinte e cinco de Abris” norte-africanos, é apenas ilusionismo ou crendice bacoca.

Irmandades escondidas


Como reagiriam as potências ocidentais, a uma súbita irrupção de violência nas ruas de Lisboa ou de Atenas? Apelariam à contenção das forças de segurança? Declarariam haver “necessidade de reformas”?

Já crepita o fogo por todo o norte de África e no flanco sul da península arábica, o Iémen também entrou na corrente de sublevações que se generalizam. Nem mesmo o regime de Kaddafy parece seguro e apenas são respeitados os Chefes de Estado da Jordânia e do Marrocos, duas monarquias com forte apoio popular, dois países que têm merecido uma grande compreensão da sempre ansiosa diplomacia ocidental. Cremos que o verdadeiro alvo é outro, mais precisamente a Arábia Saudita. A queda do regime de Riade é um velho projecto dos extremistas muçulmanos, sabedores da total dependência europeia e americana, da boa vontade deste regime tacitamente seu aliado. A Irmandade Muçulmana (1) – que possui um programa claro – não deverá ser alheia a estas ocorrências. Há trinta anos caia baleado o general Anwar el-Sadat, vítima da aproximação aos EUA, da paz com Israel e da protecção concedida a outro alvo primordial, o Xá Mohamed Reza Pahlavi. O resultado está à vista e a “Europa” teima em contemporizar, temendo pelos seus negócios e refém dos seus medos. Querendo sempre acreditar em liberdade, os europeus acabam sempre por verificar resignados, a emergência de regimes muito mais repressivos que os derrubados. O júbilo bem depressa dá lugar ao silencioso comprometimento.

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ser académico

insígnias

de ser académico

Bem sei que tenho andado desaparecido. Peço desculpas aos meus leitores, especialmente aos que comentam os meus textos, poucos, mas bons.

Tenho andado desaparecido por boa causa, penso eu. Primeiro, ainda ontem acabei mais um novo livro: Yo, Maria de Botalcura, a psicanálise de uma senhora que viveu todas as tragédias da vida e acabou por sarar. Livro escrito em 2007 e reescrito esta semana. Entreguei a vós em excertos. Essa entrega estava cheia de gralhas e não tive nenhum comentário, como é natural: ou escrevo textos complexos, ou textos que ninguém acaba por entender e aceitam, agradecem, mas nenhuma palavra de apoio a minha escrita aparece. O livro, reescrito, ficou muito melhor e em castelhano, língua que todos os portugueses entendem, por ser castelhano chileno, castiço, que ainda guarda as palavras e formas de se exprimir do Século XVI. Assunto que acontece por ser o Chile um país isolado, uma faixa costeira no fim de mundo, entre o deserto de Atacama ao norte e a Antárctica, ao sul, sítio que tem seis meses de noite e outros seis de luz de dia. Mas, a temática era-me tão interessante, que não parei em detalhar esses doze mil quilómetro de cumprimento, entre a Cordilheira dos Andes e o mar, e esses

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Revista de blogues

Da Espanha como exemplo

se é para seguir exemplos, por que carga de água é que não aumentam também o salário mínimo nacional lusitano dos actuais 485 € para os 640 € de Espanha? E, já agora, por que não elevam os salários médios dos trabalhadores portugueses dos actuais 894 € para os 1 538 € da vizinha Espanha ou para as remunerações médias na Europa? E, já agora, porque não harmonizam o IVA, na Espanha de 18% e em Portugal de 23%?

Henrique Sousa – Mais um prego no caixão da redução das relações de trabalho à lei da selva e do Estado Social a um Estado assistencial

Paneleirices

Eu cá não me punha com paneleirices como “renegociar contratos de associação”; eu, pura e simplesmente, eliminava-os até ao último cêntimo (ai a “escola é longe”? fique com a tia, como o meu pai ficou, filhos da puta); e depois rezava a cada uma das santas padroeiras destes colégios todos orgulhosos da sua moral cristã que me fizessem uma manifestação com caixões ainda mais grossos que desta última vez, para que o Corpo de Intervenção da PSP, devidamente instruido por mim, os enfiassem pelo cuzinho daqueles pais acima.

maradona – Com todo o indevido respeito

A frase

Como já disse, desta campanha – e agora desta eleição –, sobrará uma frase:
“Têm que nascer duas vezes para serem mais honestos do que eu!”.
Cavaco nunca mais será o mesmo. E com um par de botas para descalçar.

Packard em rodagem –  autoridade e fé

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Sócrates em jeito de olha para o que digo e não para o que faço

No Parlamento, José Sócrates indignou-se. As crianças, disse mais ou menos desta forma, não podem ser utilizadas como forma do protesto das escolas particulares contra a redução dos valores dos contratos de associação. Foi ontem. Tem razão, não deviam.

socrates-magalhaes

Já não sei é se é o mesmo José Sócrates que fez demonstrações do Magalhães com crianças contratadas a 30 euros.

Grande Colégio Universal: mais dúvidas acerca de uma escola com contrato de associação

Visitando o site das escolas com contrato de associação, é possível saber moradas, telefones, endereços electrónicos, tudo, o que é muito útil. Numa passagem recente, resolvi espreitar a cidade do Porto e descobri, por exemplo, que o Grande Colégio Universal fica na Rua da Boavista, na proximidade, portanto, de muitas escolas estatais. Como se justifica, então, para começar este contrato de associação?

Para além disso, é possível ler, na secção “Perguntas e Respostas” do site da associação, a seguinte informação:

• O que são contratos de associação?

São contratos assinados pelo ME com escolas de gestão privada, através dos quais o ME se compromete a pagar o serviço educativo que estas prestam – em montante equivalente ao custo por aluno no ensino estatal – de modo a que os alunos abrangidos pelo contrato possam frequentar a escola gratuitamente.

Depreende-se do sublinhado que uma escola com contrato de associação não possa cobrar mensalidades. No entanto, se entrarmos na ligação “Perguntas frequentes”, na página do Colégio Universal, descobrimos um preçário. [Read more…]

Estou vivo e não quero ter medo de ir a Coimbra-B

O  Manuel Rocha, violonista da Brigada Victor Jara e director do Conservatório de Música de Coimbra, foi vítima de uma brutal agressão. No hospital onde se encontra internado escreveu este texto, contando como tudo se passou, com a dignidade de quem não confunde a árvore com as florestas. As melhoras Manuel, e roubo-te o texto do Facebook para servir de exemplo: outro qualquer já teria exigido uma caça ao cigano.

Queridos amigos!

Boletim clínico: fractura do perónio e lesão na articulação da perna direita; escoriações muito ligeiras; sem mais lesões físicas ou morais; sono profundo e descansado.

Descrição da ocorrência: abordagem por marginal à entrada da estação de Coimbra-B; impedimento, pelo dito, de fecho da porta do automóvel; reacção enérgica, minha, à prepotência do marginal; agressão primeira sob a forma de pontapé; reacção enérgica, minha, saindo do carro para desimpedir a via pública (revelando excesso de visionamento de séries norte-americanas nas quais o “bom” ganha sempre); confronto físico de exagerada proximidade; intervenção do resto da alcateia colocando-me em inferioridade numérica e física seguida de manobra de elemento feminino (demonstrativo de elevado profissionalismo) de inutilização do membro acima referido; pausa para retirar os feridos do campo de batalha (eu).

Análise de conteúdo: não se tratou de violência étnica – os bandidos são bandidos seja qual for a característica dos indivíduos. A atitude demissionária e de assobiar para o ar de quem presenciou a ocorrência, não pode ser justificada pelo medo (característica, como é sabido, de quem tem cú), ou não faria sentido evocar esse pilar da civilização ocidental que é o amor ao próximo.

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Pela liberdade de escolher a Escola dos nossos filhos

A realidade sócio-económica dos alunos das Escolas Privadas vai mudar com a liberdade de escolha


O Aventar é um blogue plural e nem todos temos as mesmas opiniões acerca de tudo. E a verdade é que depois de tudo o que tenho lido e ouvido sobre os contratos de associação e sobre o ensino privado v ensino público, mudei um pouco de ideias. Confesso que passei a defender que todos os pais deviam poder escolher a escola para os seus filhos. Mais: exijo essa liberdade de escolha. Este post do João Miranda convenceu-me definitivamente.
Quero pagar para ver a nova realidade sócio-económica das escolas públicas e privadas e, se possível, num lugar de primeira fila. Onde poderei ver os putos do Bairro do Aleixo ou de Miragaia, no Porto, a entrarem pelo Colégio de Nossa Senhora do Rosário adentro, cumprimentando com educação as freiras e os padres; os miúdos do Ingote ou do Bairro da Rosa, em Coimbra, a invadirem de forma muito ordeira o Colégio Rainha Santa; a chavalada de Chelas e do Bairro da Quinta do Mocho, em Lisboa, a ocuparem os melhores lugares do Colégio de S. João de Brito.
Mas há uma condição: as escolas privadas não poderão escolher os alunos, terão de aceitar tudo o que lhes calhar em sorte.
Acreditem, vai ser divertido… e o melhor que podiam fazer à Escola Pública.

Venha a Montalegre de Janeiro a Janeiro…

O comboio de Braga a Chaves acabou por nunca acontecer; Chegar à Feira do Fumeiro de Montalegre só mesmo por estrada.