– Não é uma canção para representar Portugal na Eurovisão – afirma o Calvário.
– A RTP devia “enviar canções com um cariz mais étnico” – tossica o Cid.
– Onde é que estão os poetas e os músicos do meu país? – pergunta a Oliveira, Simone.
Não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir. Três representantes do nacional-cançonetismo* (enfim, o José Cid nem tanto) aflitos só pode ser bom sinal. A Luta é Alegria. No ano de Portugal na UEFA, vamos ver se a inteligência repete o feito na Eurovisão.
Circo já temos, e pão não vai haver. Siga para bingo.
* Nacional-cançonetismo, expressão consagrada na década de 70 para designar o que hoje chamamos pimba.
Apesar de Oliveira rimar com Carreira só por ignorância se pode comparar a Simone com o Tony.
Não é por ter cantado 2 ou 3 poetas que a Simone se livra de ter sido a rival da Madalena Iglésias (que por acaso até cantava melhor, embora normalmente as cantigas fossem mais fraquinhas).
Só por desconhecimento ou desatenção se pode afirmar que o “nacional-cançonetismo” é o equivalente actual da música pimba.
“Nacional-cançonetismo” era sobretudo um tipo de música ligeira mais popular e neutra por oposição a um tipo de ‘música de intervenção’ política.
Comparar Simone de Oliveira a José Cid ou mesmo Tonicha a Emanuel e Toy revela que não se conhece o panorama musical português daquele tempo.
Dizer que a música dos “homens da luta” é música, bom, há gostos para tudo. E se quiserem levar aquilo ao Festival da Eurovisão levem talvez seja a ‘música’ adequada para exportrar e mostrar à Europa e ao Mundo uma parte da ‘play lis’t dos gostos dos “pedintes europeus”.
Música ligeira? pois pois, j. pimenta.
Música mais popular e neutra? A única que podia passar na rádio tinha que ser popular.
Ou mesmo a execrável Tonicha do zumbanuncaneco?
Zumba.
Pois arrisco-me a dizer que nada me admiraria se este ano a RTP ganhasse a coisa. São diferentes, farto-me de rir e está tudo profissionalmente estudado, desde o cabelo a dar um ar de oleoso, até às roupas dos anos 70, etc. Muito bom.