“Deve ser ” tudo má-língua!

Nomes como Armando Vara, família Penedos, Oliveira e Costa – além dos tais implícitos e bem conhecidos amigos -, Isaltino Morais, Duarte Lima, etc e tal, são …“mais atacados por razões políticas do que pelos factos que lhes são imputados”. É esta a televisionada opinião do Bastonário da Ordem dos Advogados, o Dr. Marinho Pinto.

Até parece que não vivemos no país das Faces Ocultas, Apitos Dourados, Centros Culturais de Belém de preço triplicado, Freeports, aeroportos  “já-mé” aqui e ali, ministros reciclados em pastagens de betoneiros ou gasolineiros profissionais, acções compradas abaixo do preço de mercado, três auto-estradas para o Porto, Lisconts, fundos imobiliários que acicatam o demolicionismo, TGV, Covas da Beira, “casos de sobreiros”, universidades de fim de semana, BPN sem SLN, BPP, forrobodós despesistas nas empresas públicas, estádios à dúzia. Enfim, a …”república é só para os nossos”.

Deve ser…, tudo isto é “por acaso, inveja ou cavilosa conspiração”, em suma, uma torpe campanha com intuitos políticos.

Comments

  1. Nuno, as palavras do MP, que reproduzes, podem suscitar uma conclusão do género: são mais televisionados por se tratarem de políticos e não por serem réus e suspeitos em processos graves mo âmbito do Direito Penal.
    Não sou propriamente um admirador do MP, mas daí a transferir o ónus da ineficiência da justiça para o bastonário da OA parece-me abusivo.
    O problema é que o Sistema de Justiça em Portugal funciona mal e, como se diz entre ententidos, está recheado de labirintos e saídas airosas para livrar os endinheirados – vd. caso Isaltino. Custa caro, mas desde que o arguido possa é metralhar o sistema com recursos, é livre de prosseguir cantando e rindo.

    • MAGRIÇO says:

      Ora nem mais! Acho que Marinho e Pinto é, por vezes, excessivo, mas prefiro-o, de longe, a outros bastonários que se limitam a um consulado cinzento, sem ideias para além das corporativas, conservadores e reverentes, que nunca questionam as decisões do poder nem contribuem em nada para a evolução das classes que representam. Mas é evidente que os mesmos corruptos da tão nefasta República em que vivemos seriam uns verdadeiros querubins se fôssemos uma piedosa e impoluta monarquia, talvez inspirada no aragonês Fernando. A República é só para os nossos, mas a monarquia é só para os deles.

  2. Nuno Castelo-Branco says:

    Claro, Magriço, “só deles” como nas atrasadas, opressivas e desiguais Monarquias nossas colegas no resto da Europa… Deve ser.

    • MAGRIÇO says:

      As monarquias do resto da Europa, felizmente para elas, não contam com monárquicos saídos das nossas escolas políticas.

  3. Nuno Castelo-Branco says:

    Ora, Magriço, pela parte que me toca nada tenho a invejar aos nossos republicanos. Sou uma pessoa decente e séria e disso me gabo abertamente. O mesmo não poderão dizer os nossos donos. “Essa é que é essa”.

    • MAGRIÇO says:

      E, caro Nuno, na sua douta opinião, todos os monárquicos são decentes e todos os republicanos facínoras?
      “Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesmo baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal”
      Escrito em 1872, reinava então D.Luís I. EÇA é que é Eça!

  4. Nuno Castelo-Branco says:

    O Magriço é que está a dizê-lo. Quando me refiro aos nossos republicanos, cinjo-me aos nossos donos, não aos outros como você, por exemplo.
    Quanto à conversa do Eça, falhou redondamente, tal como em muitas outras coisas do eterno blasé. Já agora, também me recordo de outras palavras de Eça, precisamente aquelas que dizia que os republicanos portugueses nada tinham para fazer, pois o programa liberal tinha sido integralmente cumprido pela Monarquia. Desde ao parlamentarismo à liberdade de imprensa, Código Civil, abolição da pena de morte, nada escapou. Apenas a demagogia do bacalhau e dos couraçados a pataco serviram de móbil.

    • MAGRIÇO says:

      Sinto-me honrado por não me meter no mesmo saco dos “nossos donos”! Mas assalta-me uma dúvida: teria Eça falhado na minha citação ou na sua?

  5. Nuno Castelo-Branco says:

    Não tem nada que se sentir honrado por ter dito aquilo que é evidente. Como se eu tivesse qualquer tipo de autoridade para classificá-lo como “mau”, apenas por ser republicano… Está nos eu pleno direito.
    Caro Magriço,parece-me que Eça não era um “expert” em coisas da política. No que respeita ao projecto liberal em Portugal, Eça disse aquilo que era óbvio e visível para todos os seus contemporâneos. Falhou – e ainda bem! – redondamente na questão das “moribundas” pátrias Grécia e Portugal. A Grécia cresceu territorialmente logo no início do século XX, venceu clamorosamente a Itália em 1940 (vitória de Pirro, dada a intervenção alemã), em 1945-49 não caiu sob a bota de um qualquer governador-geral nomeado por Moscovo e apesar de tudo, é independente e tem uma voz bem audível. Pelos vistos, “faz mossa”, goste-se ou não, é um facto. Quanto a Portugal, ainda não somos a tal província do reino espanhol em que a nossa República parece querer à força transformar-nos. Isto apesar de sermos parte de uma outra comunidade que todos esquecem, aquela que ainda poderá significar algo de muito importante para o nosso futuro e que sem ressentimentos ou imperialismos passados, é parte integrante daquilo que somos. É claro que não me refiro à Europa, um mero incidente de conjuntura política.

    Já agora, http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2110884&page=-1

    • MAGRIÇO says:

      Concordo consigo: ainda bem que Eça falhou nas suas previsões, mas, meu caro, sei que é muito mais arguto do que quer fazer crer e compreendeu muito bem que eu me referia ao estado da Nação naquela época. O facto das previsões não se terem concretizado não nega as dificuldades sentidas então, na monarquia, tal como agora, na república. O que, convenhamos, contraria um pouco a sua teoria da superioridade monárquica. O que sempre tentei transmitir – com certeza por minha culpa, sem o conseguir – foi que o mal está nas pessoas, não nos sistemas.

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