As duas faces da moeda: a “oculta” e a “ocultada”

Dias LoureiroCavaco Silva, há tempos no ‘Expresso’, inspirou-se na Lei de Gresham, de Sir Thomas Gresham (1558), utilizando-a como metáfora para sustentar que os “maus” políticos acabariam de ser expulsos pelos “bons”. Do escrito, depreendia-se que a tese da proscrição se aplicava, então, a Pedro Santana Lopes, hoje Provedor da SCML por escolha de Passos Coelho.

Cavaco, se original no uso da metáfora, foi plagiado, nestas histórias monetárias, pelo ‘Sistema de Justiça Português” que baptizou de ‘Face Oculta’ o processo de investigação e acção judicial, envolvendo o sucateiro Godinho, Armando Vara, os Penedos, pai e filho, e outras figuras conectadas com o PS – o próprio Sócrates, até agora não pronunciado, é alegadamente protagonista de escutas suspeitosas.

Temos, pois, a moeda de ‘Face Oculta’, mas como a circulação da “má moeda” é intensa no espaço do “centrão”, entre a diversidade de operações duvidosas e correntes, existe uma outra, a do caso BPN, à qual, auxiliados pela imaginação dos investigadores e outros agentes do aparelho judicial, damos o nome de ‘Face Ocultada’.

E ‘Face Ocultada’ por que motivo? Mais do que não seja, pelo silêncio absurdo acerca de actos e responsabilidades criminais de vários cavaquistas, entre os quais Dias Loureiro. Ainda hoje, o Jornal de Notícias dá conta da situação ruinosa da sociedade Plêiade e dos consequentes prejuízos – um passivo de 48 milhões de euros com repercussões na SLN, hoje Galilei SGPS, do grupo BPN, ao momento da nacionalização. Segundo o JN, Dias Loureiro encaixou 8 milhões de euros na negociata da SLN/Plêiade.

Para compensar o contributo para o défice do BPN – já se fala em 8 mil milhões de euros –  o Governo, excedendo a tenebrosa ‘troika’, decidiu os cortes de subsídios de Natal e de férias e na f.p. e a mais de 200.000 reformados do Estado e pensionistas.

Como cidadão pergunto: quando tenciona a “Justiça (?) Portuguesa” levar à barra do tribunal Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Arlindo de Carvalho e Daniel Sanches? Todos, por mera coincidência, membros de governo de Cavaco e um deles, Loureiro, ex-Conselheiro de Estado. O tempo decorrido é vasto e intolerável, urgindo, pois, colocarem a descoberto todas as faces, a “oculta” e a “ocultada” – “Is the Justice, stupid!”     

(Nota: fonte da imagem: Jornal de Notícias)

Comments

  1. O Vara é um caso mais popularucho e folclórico. Metes robalos e pão-de-ló coisas que o povo bem entende. A “Face Ocultada” envolve sociedades financeiras, off-shores, acções preferenciais e outras coisas bem menos do agrado popular. O primeiro obriga os jornalistas a pouco trabalho intelectual, o segundo requer investigação e estudo sobre a máfia financeira. Pelo facilitismo óbvio, os jornalistas preferem os robalos. É muito mais fácil bater num ex-caixa bancário e num sucateiro do que queimar as pestanas… Digo eu…

    • Carlos Fonseca says:

      Caro Fernando Lopes,
      Concordo com o que diz, mas, ao contrário dos jornalistas, o sistema de justiça tem de tratar todos os casos com idêntica celeridade, objectividade e isenção. Grande parte dos sacrifícios que estão a pedir-nos são para compensar o impacto do BPN nas contas públicas.

      • Carlos,

        Completamente de acordo. Eventualmente o BPN terá maior complexidade, mas muito maior peso financeiro. Parece no entanto navegar em águas mais calmas. Devem existir magistrados do MP especializados em crimes económicos. Que actuem com equidade e celeridade é o meu, e certamente o seu desejo.

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