Das finanças à saúde, somos presas do BPN

A saúde não é negócio; o negócio è a doença…

Joshua Ruah, médico

Esta afirmação, a despeito de proferida a título de humor há cerca de 10 anos, reflecte uma verdade inquestionável: há acentuado mercantilismo no sector da saúde, sob diferentes formatos. Em geral, o favorecimento de grupos de pressão é coadjuvado por políticos do arco do poder, com propósitos duvidosos.

Há exemplos de diversos tipos. Nos últimos dias, a detenção de Duarte Lima, do filho e as investigações judiciais de um outro ex-deputado do PSD, Vítor Raposo, constituem nova prova de como o sector da saúde atrai interesses financeiros poderosos, incluindo a especulação imobiliária e imoral exploração de gente desinformada e ingénua.

No citado caso, é curioso referir-se a um projecto de transferência do IPO de Lisboa para Oeiras, por acaso concelho presidido pelo indomável Isaltino Morais. Também é interessante saber que a operação de avultado financiamento bancário foi executada pelo BPN, sob o aval Oliveira e Costa, o comediante conhecido do cidadão comum pelo mediático inquérito parlamentar, mas, acerca de quem, o sistema de justiça ainda não sabe o suficiente para o levar a tribunal, na companhia de outros famosos suspeitos.

Todavia, a dinâmica das trapalhadas na gestão da saúde em Portugal é mesmo imparável. Assim, na patologia economicista de que está animado, o ministro Paulo Macedo criou um designado ‘Grupo de Reforma Hospitalar’; grupo este chefiado, por acaso e só por acaso, por José Mendes Ribeiro, ex-responsável do Grupo Português de Saúde (GPS) da SLN / BPN, a quem, diga-se, foi dada ordem de afastamento, por alegada falta de competência. Quer que 2.560.000 doentes “não urgentes”, senha azul, na triagem de Manchester da urgência hospitalar sejam reencaminhados para os Centros de Saúde. Abordaremos a questão em ‘post’ separado.

Por agora, fica uma constatação: dos padecimentos financeiros aos da saúde, somos sempre abocanhados por gente que gravitou ou vestiu a pele da fera: o BPN. Depois do ‘Freeport’ e da Face Oculta dos ‘rosas’, os ‘laranjas’ não podiam deixar-nos órfãos de uma prendinha ao jeito do ‘centrão’.

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