Portugal, o que é isso?

Tenho visto em diversos países como Portugal trata mal (ou simplesmente não trata) a sua afirmação externa.

Em muitos lugares Portugal não existe sequer, ou, se existe, deve-o a fenómenos pontuais como José Mourinho, Cristiano Ronaldo – o futebol, portanto -, a um ou outro escritor como Lobo Antunes ou Saramago, a um ou outro cantor ( lá está o fado), a um ou outro filme – a cultura portanto – e aos emigrantes portugueses – sendo que estes representam um fenómeno menos pontual.

O recente encerramento de parte da rede consular portuguesa e o despedimento de professores de português espalhados pela europa vem agravar este cenário, seja ao nível da afirmação externa, seja na ligação ao país e à língua  dos descendentes da emigração portuguesa, seja nas implicações comerciais futuras (os emigrantes e seus descendentes, além de consumidores de produtos portugueses “lá fora”, são e poderão ser excelentes “colocadores” destes produtos nos mercados em que se encontram).

Dir-me-ão que o país não tem dinheiro para luxos (luxos?), que os sacrifícios tocam a todos, etc e tal. Talvez, mas, de novo, parece-me que não se ponderou bem o deve e o haver. Acho que o que se poupa é inferior ao que se perde, além de malbaratar todo o trabalho anteriormente realizado e, nestes casos, descontinuar é regressar à estaca zero. Isto, admitindo que alguma vez se vai retomar o que agora se destrói.

Comments

  1. Cá dentro e — “lá fora”

  2. Rui Daniel says:

    Em muitos lugares Portugal não existe ou não é conhecido da população em geral.Lamentável visto que em pleno século xx| e tendo em consideração a evolução tecnológica e a globalização tal não se justifica.Mas para nós portugueses o importante é desistirmos do apoio a todas as comunidades portuguesas existentes por esse mundo fora sendo elas a 1ª imagem do nosso Portugal que por sinal é muito positiva ao contrário da dos nossos políticos,não é justificação a falta de verbas mas sim a incompetência organizativa do País e é com esta perspectiva que que temos de corrigir os erros existentes e os que se estão a cometer.

  3. Guillaume Tell says:

    E muitíssimo mal gerido: há falta de consulados, falta de produtividade nesses mesmos consulados, a rede escolar está mal organizada, os livros custam um balúrdio, os quadros eram muitas vezes inadaptados (podia haver muita mais emigrantes e luso-descendentes a ocupar os postos em vez de fazer vir a “preço de ouro” gente de Portugal), os salários dos professores, dos represententes consulares foram durante anos excessivamente valorizados (tinham direito as subsídios para tudo e mais alguma coisa) e desde uns tempos sofreram diminuições brutais mas continua a haver despesas ocultas para os quadros superiores e desperdícios na organização.

    Se o Estado não é capaz de se ocupar dos emigrantes e luso-descendentes por quê que não nos deixa nos desenrascarmos? Que faça um orçamento conjuntamente com as associações de emigrantes, ponha condições sobre objectivos a atingir e que nos deixa gerirmos do nosso lado.

    Acho curioso os constitucionalistas de Portugal virem a ameaçar bloquear orçamentos porque o Estado decide reorganizar o sistema de pensões, mas deixe o ensino português se degradar quando este é consagrado pela Constituição! Mas a interpretação da Constituição é para quando lhes dá jeito?!

Trackbacks

  1. Aventar diz:

    […] como estes governantes olham os cidadãos que tiveram o azar de nascer em solo doméstico, o esquecimento a que votam os que emigram, o que historicamente acontece aos portugueses que se fixam noutras paragens e seus descendentes […]

  2. […] como estes governantes olham os cidadãos que tiveram o azar de nascer em solo doméstico, o esquecimento a que votam os que emigram, o que historicamente acontece aos portugueses que se fixam noutras paragens e seus descendentes […]

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