O ardina ficou aprisionado no lar. Teso, sem vintém para o transporte, nem estatuto para integrar o núcleo de membros ilustres da Câmara Alta; núcleo que se reunirá na Invicta, Capital do Trabalho, para a pitança. Ao acto, alguém chamou ‘O Almoço dos Senadores’. Com o mar no horizonte, as elevadíssimas figuras destacar-se-ão num restaurante conhecido por ‘Transparente’. Nunca poderia ser no escuro. Para mais, no Porto, como no País, não há opacidades. E até a Noite é Branca.
Os senadores, a partir da hora combinada, começam a reunir-se. Uns vêm das cercanias, outros de mais longe. O senador ferroviário chegará em viatura própria. Compreende-se. Com tanto ‘grafitti’, extinguiram-se os comboios de verdadeiro luxo; do género do Expresso do Oriente, esse sim, recomendado a nobres e à alta burguesia. No meio dos senadores, haverá uma senadora. Sim, apenas um elemento feminino. Mas porque é citada em grupo e até a gramática é machista, o género, no colectivo, muda para o masculino.
O que comerão eles? Alguns possivelmente francesinhas. Arreigados às tradições portuenses, não as dispensam.
Vale a pena lembrar a história da origem das francesinhas. Nos fins do Século XIX ou inícios do XX – já não posso precisar – havia uma senhora francesa que tinha um ‘Bordel de Luxo’, na agora 5 de Outubro para os lados da Boavista. Chamavam-lhe a ‘Madame Bovary’ e era auxiliada no trabalho por duas jovens sobrinhas, as francesinhas. As activas do prostíbulo eram de origem nacional. Os clientes eram todos da classe alta. Monárquicos a republicanos distintos, condes, marqueses e industriais eram a fauna da casa. À meia-noite, a Madame Bovary mandava as sobrinhas servir aos clientes, à opção destes, chá e biscoitos ou sandes especiais de carne, acompanhadas de tinto de reserva.
Os clientes, alguns homens cultos, mordazes e de refinado humor, quando se aproximava a hora, diziam entre si: “Bom, vamos lá comer as francesinhas!”.
Seja o petisco o que for, francesinhas ou não, votos de excelente almoço a suas excelências, ilustres senadores.
Mas eles só comem francesinhas ?? Coitados com necessidade de grande alimento morrem de fome – dêem-lhe de comer a sério – tripas também mas com o conteúdo especial
Eu não como francesinhas. Na minha idade, quanto muito francesas.
Foi fantástico, lá isso foi.
Quando estive no Porto comi francesinhas, não é mau, mas confesso prefiro um bom Ensopado de Borrego nos Infantes em Beja
Já que as tripas da Pharmácia de Matosinhos já não são o que foram
Eu estive lá e posso assegurar que comi FRANCESINHA!
JP