Cantar para surdos

Angela Merkel explica a Passos Coelho:

Deve ter sido esquisito para quem está habituado a culpar “o Sócrates” ter ouvido a todo-poderosa Angela explicar que, por causa da crise financeira desencadeada nos Estados Unidos, e da sua propagação à Europa, os governos europeus desataram a apostar no investimento público para conter o descalabro das suas economias. Só que entretanto os investidores começaram a desconfiar de algumas economias (as mais frágeis) e a duvidar da fiabilidade de alguns para pagar as respectivas dívidas.

Dilma explica a Angela Merkel:

Questionada sobre se já manifestou a sua opinião à chanceler alemã Angela Merkel, com quem disputa a posição de mulher mais influente do mundo, Dilma respondeu que “tenho-lhe dito isto em todas as reuniões do G-20 (…). As receitas que estão a aplicar levarão a uma recessão brutal. Sem investimento é impossível sair da crise. Aceito que é preciso pagar as dívidas e levar a cabo a consolidação orçamental, mas é preciso tempo para que os países o façam em condições sociais menos graves. Não só por questões éticas, mas também por exigências económicas.

Relativamente à moeda única, a presidente brasileira disse que “o euro é um projecto inacabado, e se a Europa quer solucionar os seus problemas tem que completá-lo através da supervisão e da União Bancária. Na realidade, hoje em dia o euro não é uma moeda única. O mercado distingue entre o euro espanhol, o euro italiano, francês, grego ou alemão. O BCE tem que ser o credor de último recurso, mas precisa de ir para além disso: é preciso que seja um comprador da dívida [dos governos], como acontece nos outros países (…) Não pode continuar como está se quiser vencer a crise. É altura de construir consensos, e para isso é importante que exista liderança”.

Comments

  1. patriotaeliberal says:

    “…os governos europeus desataram a apostar no investimento público para conter o descalabro das suas economias…”

    Parece que esta era a política seguida e aconselhada há uns tempos atrás. Entretanto, entrou-se num ciclo totalmente oposto e num período de tempo muito curto, o que deixa qualquer um perfeitamente incrédulo quanto a uma planificação e organização de políticas económicas e sociais por parte dos países da UE sendo que, no meio de tanta confusão, safam-se os países mais ricos que conseguem escapar airosamente com a inépcia e falta de visão dos outros mais pobrezinhos. Até perceberem que, viver à custa da desgraça dos outros, não será um modo eficaz para um desenvolvimento e para uma economia sustentáveis.

  2. Dilma Roussef:
    “…É altura de construir consensos, e para isso é importante que exista liderança”.
    Na Europa de hoje não há liderança, está tudo entregue a burocratas corruptos e contabilistas trafulhas. Essa é a essência da tal “crise”.

  3. A propósito (ou não) fica aqui esta provocação, digo, notícia:
    http://www.ionline.pt/portugal/preciso-diminuir-100-200-mil-funcionarios-publicos

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