«Somos mais fortes do que ele»


Esta frase, pronunciada por Rogério Pinto, autarca de Silves, ouvi-a no Domingo na TSF. E fiquei emocionada. Referia-se o autarca à luta contra os efeitos devastadores de um tornado. E orgulhava-se do esforço que muitas pessoas estavam a fazer àquela hora para ajudar a apagar os sinais da catástrofe. Quando ouvi a notícia pela primeira vez, eram cerca de 100 pessoas que tinham decidido arregaçar as mangas. Ao que soube depois, acabaram por ser mais de 1000.

Gosto disto. Gosto deste povo que se une e luta para limpar os destroços deixados por um tornado. Quando ouvi a notícia, recuei ao pós 25 de Abril, momento que vivi sem quase dele ter consciência. Tinha quatro anitos feitos menos de um mês antes. Tal como todos os portugueses, segundo me conta a minha mãe, também eu dei um dia de trabalho ao meu país. Andei na rua com a minha «tia» Esperancinha a apanhar ervas e limpar bermas, juntamente com muitas outras pessoas.

Recuei também ao pré 25 de Abril e à canção Índios da Meia-Praia, à imagem épica de todas aquelas pessoas, cada uma com o seu tijolo, a construírem as suas casas e as casas dos vizinhos.

Hoje, sonho com pessoas de enxada e pás, sacos de lixo e baldes carregados de entulho. Ouço a Grande Ideia do Povo da Aldeia, de José Barata-Moura, tantas vezes tocada e retocada no rádio do carro para as minhas filhas e os pais ouvirem, muitas vezes mais para os pais do que para as filhas… [Read more…]

O pormaior

Ainda não li o segundo relatório que em poucos dias desmonta a utopia de uma escola privada, cuja razão de ser é o lucro, ficar mais barata que uma escola pública, que se destina a ensinar, o que já não é pouco. Porque “foi demasiado tempo para a coisa em si“, e pelo passado de alguns dos seus membros, suspeitava-se que ia sair logro: felizmente que não foi assim, e honra aos seus autores por isso mesmo.

A partir deste momento é uma arma de peso para que os professores da minha cidade exijam a justiça a que têm direito, mesmo sabendo que isso afronta o pior dos poderes locais. Também é para isso que pago quotas a um sindicato que em tempos bem o tentou fazer, sofrendo as consequências.

Agora ele há pormenores muito pormaiores em que alguém já reparou:

por que razão um relatório com data de 31 de agosto só é divulgado a 21 de novembro?

Fica para já a dúvida se entretanto não tentaram fazer outro.

Uma discussão interessante

Será indicado professores e alunos serem amigos na Internet?

Embora baralhada pelos graus de ensino.

Desengordurar o estado no ensino em Coimbra

Constatando-se mais uma vez que o estado gasta mais quando subsidia o lucro dos privados, agora é cumprir o memorando da troika e limpar estas banhas.

A verde: colégios subsidiados em Coimbra que de um modo geral não fazem falta nenhuma considerando o número de alunos existentes. A amarelo, a rede pública que está na maior parte dos casos subutilizada (e que precisamente por causa disso inclui uma das escolas públicas mais caras do país).

Vamos lá deixar de viver acima das nossas possibilidades na capital do ensino privado em Portugal. Não sendo assim, e já no próximo ano lectivo, constata-se que a austeridade quando nasce não é para todos.

33 foram os anos

Armindo de Vasconcelos

Este grande Senhor, Prof. Doutor José Eduardo Lima Pinto da Costa, mui ilustre membro da sociedade civil portuense e figura incontornável desta cidade e do país, notável do ensino e da comunicação, e insigne vulto da medicina forense e da intervenção cívica, era, há 33 anos, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Hóquei. Na hora de passar o testemunho a outro histórico da modalidade, Prof. José Alípio Ferreira de Oliveira, não escondeu a emoção quando, homenageado pela Selecção Nacional na V Gala do Hóquei, lhe foi entregue a camisola “33” de Portugal. [Read more…]

Desnaufragar. Desesquizofrenizar

Estamos assim. É o que temos. Temos que em qualquer esquina vemos gente que estende a mão. Hoje, no Pingo-Doce, o velho que estava à frente na fila de compras não tinha moedas suficientes para liquidar nada mais que um sumo light. Enganara-se no preço para menos. Estava embaraçado. Imediatamente fomos três a estender à menina da caixa o montante para pagar aquela insignificância. Somos um só Povo. Sabemos unir-nos perante um inimigo interno ou externo. Não podemos deixar de protestar, de encher as ruas, agora mais que nunca, mas ao mesmo tempo nenhuma outra Hora reclamou tanta frieza, unidade e uma fina percepção do que construir e do que demolir, porque há muito a demolir no nosso Regime e Sistema Político. Não somos homogéneos nem unívocos, mas podemos e sabemos trabalhar pela unidade. Por ela me baterei.

Não sou de Direita. Não sou de Esquerda. Sou do Centro. Sou pelo bom senso e por estratégias de regeneração que têm sido traídas sucessivamente pelos Partidos, dentro e fora do Parlamento, dentro e fora dos Governos, traídas pelo Ministério Público, traídas pela Presidência da República, esmagadas e comprometidas desde o âmago paralítico do Regime. Não me incomoda que Gaspar falhe as suas previsões quanto ao nosso crescimento e mesmo quanto à caixinha de surpresas da meta dos défices de 2012 e 2013. Acho temerário até, quando mesmo o FMI hoje emite a medo, prever sequer seja o que for. Seja o tal crescimento em 2014, de 0,8%, seja o de 2015, com 1,8%, ninguém, em seu perfeito juízo, controla, domina, antevê, seja o que for da realidade europeia gripada e das várias ficções dela. Vivemos em plena esquizofrenia no âmbito da Política e no âmbito da Rua. A Rua também deveria ter objectivos concretos, regeneradores e aperfeiçoadores. Quais são eles? Pura cacofonia e bocas perfeitamente demagógicas e populistas. [Read more…]

Livros digitais grátis

Em países civilizados livros cujos direitos de autor caíram, ou melhor, subiram ao domínio público oferecem-se em formato digital. Há mesmo instituições para isso.

Os que descarreguei estavam todos em pdf formato texto, permitindo pesquisa, anotação, etc.

Clássicos de Dante a Fernando Pessoa, passando por Eça ou Swift, escolha e sirva-se.

No Brasil é assim. Por cá vai-se digitalizando pouco, e normalmente por mera imagem. As grandes editoras agradecem.

De pé, ó vítimas da fome!

Há qualquer coisa de estranho nestes dias de Novembro, nas notícias que se cruzam como dentes de garfo em bifes do lombo. Primeiro vem o PSD anunciar a aurora – como aconteceu ontem – pois que, lá no país deles, “os dados começam a ser favoráveis e os esforços valem a pena“. Depois, a realidade de um outro país, que (pelos vistos) desconhecem.

Uma professora partilhou um estado de desânimo numa rede social de hoje: “Doente.Depois da desistência de dois alunos porque não têm dinheiro para o passe, hoje um aluno desmaiou na aula por fome. Num 11º ano. Em Lisboa. Portugal. 2012″. Afinal isto já não se passa só com as crianças, cujos pais o Governo empobrece mas a quem há-de mandar uma assistente social para verificar a situação e, quiçá, institucionalizar (linda, a palavra). Afinal a fome começa a ser transversal. Afinal a minha amiga A existe, e sempre é verdade: deixou de pagar a água durante vários meses para poder continuar a comer massa e atum, ao jantar, mais as duas filhas. Tantos anos a viver acima das possibilidades havia de dar nisto.

Há alguma coisa de estranho nestes dias de Novembro. E nós bem sabemos o que é. Será que alguém pode contar à tia Isabel?

Se Guilherme Tell tivesse a pontaria de Vítor Gaspar…

Primeiro, Vítor Gaspar aponta 2013 como “início recuperação económica”; depois, o governo admite que 2014 já não vai ser o ano do crescimento.

Lembrete para quando se avariar o frigorífico

Administrador da Siemens diz que Portugal precisa de “cortar 100 a 200 mil funcionários públicos”.

Bonjour la France

A Moody’s começou a morder a França.

Agora fiem-se na linha Maginot e não corram, vão ver o trambolhão que levam.

Gaia: de 1997 até 2012.

Tudo o que precisa saber sobre Gaia! from Spin Filmes Portugal on Vimeo.

Felicidade tem U

Procuro notícias interessantes no PÚBLICO de hoje…

“Tal como nós, os orangotangos e os chimpanzés são mais felizes no início da vida e quando ficam mais velhos (…). A curva da felicidade ao longo da vida tem a forma de um U, os portugueses são mais felizes aos 66 anos. (…) Acontece aos homens e às mulheres, aos solteiros e aos casados, aos ricos e aos pobres, aos que têm filhos e aos que não têm“, disse então o economista Andrew Oswald sobre a crise da meia-idade, quando divulgou os resultados do trabalho na revista Social Science & Medicine.”

“Esperávamos compreender o famoso quebra-cabeças do padrão da felicidade humana e acabámos por mostrar que não pode ser por causa de empréstimos, divórcios, telemóveis ou outra parafernália da vida moderna“, diz Oswald. “Os símios não têm nada disso, mas têm uma crise de meia-idade pronunciada.

Ideias que não passam de estatísticas e estudos para «cientista ver» e que não acrescentam nada à nossa vida.

Mas vamos lá contrariar este estudo e aquele U! E trabalhar para sermos mais felizes na meia-idade!!

P.s.- a felicidade interessa!

Hoje há mentiras novas sobre o ensino privado

Segundo o Paulo Guinote sai hoje, finalmente, o estudo da comissão de raposas que vai avaliar o custo das galinhas, antes de lhes ir ao pescoço, ou seja: uma comissão presidida por um ex-presidente Conselho Coordenador do Ensino Particular e  Cooperativo, que conta com o saber de Claudia Sarrico e, vai uma apostinha, com alguém que em breve ir parar às consultadorias do Grupo GPS.

Ao ler por estes dias um texto do director de um afamado colégio que se baralhava numas contas do tribunal das mesmas,  lembrei-me de lhe perguntar, a ele e a todos os vendedores de ensino, como raio conseguem ser tão baratos e porque não explicam. Quero eu dizer: se as carreiras docentes do privado e público são mais ou menos paralelas e esse é o principal custo do funcionamento de uma escola, onde é que está o segredo?

Professores com dezenas de anos de casa estarem a leccionar quase 30 horas por semana e a receberem como se apenas tivessem metade das horas lectivas, como me contam que sucede na cidade de Coimbra, claro que não tem nada que ver com o assunto.

Mouras (5)

Em Óbidos

Não comer e calar?

Com a História nada se aprende, tudo se esquece, poder-se-ia dizer, glosando Lavoisier e negando Cícero. Diante de greves e de protestos, com pedradas mais ou menos consentidas à mistura, o governo e satélites vários atribuem a violência verbal ou mineral a agitadores e a profissionais da agitação, reduzindo o povo insatisfeito a uma manada pastoreada por comunistas, sindicalistas e outros canibais infanticidas.

Depois de anos de destruição de um tecido produtivo que nos leva a importar a fruta que poderíamos plantar, depois da especulação descarada com o dinheiro que entregámos indirectamente a uma série de gente que se alimenta das finanças públicas, depois de engenharias financeiras várias que têm transformado os orçamentos de Estado em mentiras oficiais, depois de ver notas de mil a arder nas fogueiras da Expo98 e do Euro 2004, depois de seis anos de socratismo de publicidade enganosa, depois de Passos Coelho se ter feito eleger com base em promessas que quebra todos os dias, obrigando-nos a pagar uma dívida que não contraímos, depois de sermos diariamente roubados graças ao cínico falhanço antecipadamente conhecido de todas as previsões macro e micro-económicas de um ministro das Finanças que seria despedido da garagem onde trabalha, se fosse mecânico e desconsertasse carros ao mesmo ritmo a que se engana nos valores do défice, do desemprego e da receita fiscal, depois desta merda toda e de muita outra que fica por cheirar, a culpa é de quem protesta? Cheira-me, pelo contrário, que a nossa culpa está em protestar pouco ou mal. [Read more…]