Dia do Pai

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E no meio de tanta podridão e miséria, ainda podemos celebrar o Dia do Pai.

Este é o primeiro ano em que esta data passa sem que o meu esteja fisicamente presente.

Dedico o dia de hoje aos homens na minha vida que são pais, biológicos, adoptivos, do coração. Pais-progenitores, pais-avós, pais-tios, pais-amigos…

Ao meu marido, que se tem revelado um excelente pai, com quem posso partilhar as preocupações relativamente ao futuro das meninas. Com quem divido a difícil tarefa de educar e criar dois seres humanos que pretendemos venham a ser adultos inteiros, completos. Pessoas esclarecidas, interessadas pelo mundo que as rodeia, participativas numa sociedade que não pode nunca ficar indiferente. Ele, que passa grande parte do seu tempo com as filhas, que se dedica de corpo e alma a esta tarefa recente de quase cinco anos. Ele, que tem quase sempre uma grande paciência para brincar com elas, imaginação para diariamente lhes «ler» no carro histórias inventadas, criatividade para inventar novas brincadeiras que elas adoram. Sei que, mesmo que a vida um dia nos leve a caminhar por avenidas diferente, ele estará sempre presente. Nunca se ausentará, nunca fugirá das responsabilidades cada dia mais exigentes. Obrigada por tudo o que fazes por todas nós;

Ao meu sogro,  que, já muito debilitado pela maldita doença que insiste em lhe roubar a identidade, continua a adorar as netas. Obrigada por ter contribuído para a educação do homem com hoje partilho a vida;

Aos meus irmãos. Ao mais novo, que brevemente será pai pela segunda vez e que revela um jeito que eu nem suspeitava para lidar com as minhas cachopas. Ao mais velho que luta diariamente com o pesadelo de ter um filho com uma doença degenerativa. Ao do meio, que conheci no velório do meu pai, e que hoje sofre a ausência do seu filho único, forçado a emigrar em busca do trabalho que cá não encontra;

Aos meus tios, sempre meus amigos e protectores, alguns dos quais ainda hoje me chamam Nena ou Neninha. Obrigada, tios, por existirem e por nos tratarem tão bem;

Aos meus amigos, pais quase todos, que adoram os seus filhos, colaboram com as suas senhoras minhas amigas na educação dos pimpolhos, todos meninos adoráveis, de quem eu sou tia de coração cheio. Obrigada pelo amor que, no meio disso tudo, também dais às minhas meninas;

Aos meus cunhados, tios que as meninas adoram. Ao Luís, que, juntamente com a esposa, mas muitas vezes sozinho, andou todos os Sábados de um ano lectivo inteiro a tomar conta da minha filha mais velha. Aprendeu a levá-la à casa de banho, a mudar-lhe a roupa, a dar-lhe de comer, a passeá-la, a ser firme durante as birras. Obrigada, Luís, pelos excelentes momentos que deste à tua sobrinha e que ela, embora ainda tão pequenina, recorda;

Ao Sr. Alexandre do café, que dá sempre alguma coisa às meninas e a todas as crianças que por lá passam;

Ao Nelson, meu cabeleireiro que adora recebê-las no seu salão e me pergunta sempre por elas;

Ao Sr. Mendes da mercearia que lhes quer sempre dar uma chicla;

A todos com quem me cruzo diariamente e que fazem tudo para ver uma criança feliz.

Obrigada a todos. Feliz dia do Pai, sejam ou não pais de alguém.

Deixo-vos este poema de autor desconhecido, encontrado num site de trabalhos infantis, que me comove de todas as vezes que o leio:

Footprints

“Walk a little slower Daddy,”
Said a child so small.
“I’m following in your footsteps
And I don’t want to fall.

Sometimes your steps are very fast,
Sometimes they’re hard to see;
So walk a little slower, Daddy,
For you are leading me.

Someday when I’m all grown up,
You’re what I want to be;
Then I will have a little child
Who’ll want to follow me.

And I would want to lead just right,
And know that I was true;
So, walk a little slower, Daddy,
For I must follow you.”

Pegadas

«Anda mais devagarinho, Papá,»
Disse uma criança pequenina.
«Estou a seguir as tuas passadas
E não quero cair.

Às vezes os teus passos são muito rápidos,
Às vezes são difíceis de ver;
Por isso, anda mais devagarinho, Papá,
Porque me estás a guiar.

Um dia, quando eu já for crescido,
Tu és aquilo que eu quero ser;
Então terei uma criança
Que me vai querer seguir.

E eu vou querer guiar direitinho,
E saber que estava certo;
Por isso, anda mais devagarinho, Papá
Porque eu tenho que te seguir.»

Comments

  1. Nuno Mateus says:

    O poema é a letra duma música de Bobby Norman.
    Podes ouvir no YuoTube
    http://www.youtube.com/watch?v=9MYEeamODYs


    • Obrigada, Nuno! 🙂 Com adaptações, mas é isso mesmo. Pena que em nenhum dos sites onde vi o texto haja qualquer referência à canção de origem. É a abertura da rede…

  2. António Fernando Nabais says:

    Obrigado, Noémia, pela parte que me toca. Muito obrigado.