Àquele que partiu

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Antes do luto, saboreie-se a inteligência do homem que partiu.

Foram 95 anos doados à causa pública, como cidadão exemplar, como linguista, crítico e literato. Até como académico, que sempre se recusou a ser.

Diziam que era um homem bom, eu reconheço que foi um padrão seguro para tantos que, como eu, ainda conservam nas suas estantes a inultrapassável História da Literatura Portuguesa, de que foi coautor. Para todos aqueles que se reveem na literatura como alfobre dos saberes e da identidade de um povo.

E saúdo o idealista que nunca fez das perseguições de que foi alvo, por ter uma alma livre, um muro de lamentações.

Boa viagem, Óscar Lopes.

Comments

  1. Mário Reis says:

    Um ser de um empenho fantástico e generoso. Um construtor ao serviço do povo português.
    Fica a sua obra.

  2. trabalhou até ao fim, combateu as modas nos estudos literários insistindo na importância de autores tidos por “ultrapassados”.
    Júlio Diniz, Herculano, Camilo… continuaram a ser objecto do seu interesse enquanto que as universidades portuguesas continuavam de se arrogar a pretensão de “fazer” e “desfazer” importâncias literárias.
    No final da carreira quiseram obriga-lo a concluir doutoramento. Recusou. Deram-lhe “constrangidos” um doutoramento honoriscausa. “Para que pudesse continuar a ensinar”.
    O país dos doutores “doutorou” quem não precisava. “Doutorou” um DOUTUS para que pudesse continuar a ser “par” dos outros “doutores”.
    Oscar Lopes não era doutor à Relvas porque os Doutores com obra feita não se rebaixam a ser “doutores das obras feitas” por outros.

    Bem haja !

    Um pensamento para sua irmã, Mécia de Sena na “casinha” de Jorge de Sena, nos confins da Califórnia.
    Jorge de Sena, outro Doutor que só o foi lá fora e que os doutores de cá recusaram receber como colega de trabalho.

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