A realidade é uma chatice

Como é que reage um defensor acérrimo da privatização do ensino quando a avaliação das escolas públicas é francamente positiva? ironizando.

Ora a ironia está noutro lado: 231 estabelecimentos de ensino público foram avaliados pela Inspecção Geral do Ensino, juntamente com peritos externos, mas tal não envolveu nenhuma das escolas privadas sustentadas com os nossos impostos. Safa, inspectores por aqueles lados podem encontrar problemas, bastaria uma análise cuidada dos horários (a qualidade do ensino ministrado por um professor que lecciona 28 tempos lectivos e recebe como se o seu horário fosse metade deve ser fantástica).

Veja-se que na última bacorada ministerial, realizar os exames do 4º ano nas escolas sede dos agrupamento, com todas as impossibilidades praticas (vão a pé?) e encerramento das actividades lectivas que isso acarreta, teve logo um, e apenas um, recuo:

A direcção da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEPC) foi, aparentemente, a primeira a conseguir resposta do MEC. “Numa primeira fase pretendiam que os nossos alunos fos-sem fazer exames às escolas públicas, o que considerámos inaceitável, por ser uma prova de desconfiança em relação ao rigor e exigência dos nossos estabelecimentos”, disse ontem ao PÚBLICO o presidente, Queirós e Melo. Segundo adiantou, o MEC “já recuou”, pelo que se mantém “apenas pendente a questão dos colégios que só têm o primeiro ciclo” e que,confia, “também se vai resolver.

Lê-se no Público de hoje. E posso prognosticar que os inspectores vão andar nesse dia muito ocupados nas escolas públicas. No meu tempo de aluno não passava sequer pela cabeça de alguém a hipótese de se realizarem exames numa escola onde os examinandos fossem clientes. Mas como a selecção de alunos não chegava para os famosos resultados dos rankings, lá se inventou esse absurdo. Não estragar os negócios alheios deve ser uma preocupação fundamental do estado. Deixem-nos copiar à vontade.

Comments

  1. Hugo says:

    É engraçado. Quando os professores lêem um relatório a dizer que todas as escolas são muito boas (apesar das notas e má preparação de grande parte dos alunos que entram na faculdade), o dito relatório é um espectáculo. Isento, elaborado por pessoas externas, bem fundamentado, extremamente bem ilustrador do que é a realidade, em suma uma peça de literatura ao nível d’Os Lusíadas. Mas quando aparece um outro relatório a dizer que há professores a mais e que dez mil deles devem ser despedidos porque estão a mais, é um relatório feito por facínoras, incompetentes, corruptos, fascistas, 25 do A sempre, emprego sim, desemprego não, etc., etc. Eu acho engraçado.

    • Um relatório cheio de erros é um documento para o lixo.Independentemente de quem o escreveu ou a cor política de quem o promoveu. Presumo que esteja a falar da encomenda ao Fundo Monetário dos Incompetentes.
      Sabe o que fazia quando leccionava na universidade? Aos relatórios cheios de erros e má interpretação dos resultados e conclusões medíocres eu não os corrigia. Rasgava-os mesmo à frente dos alunos para eles perceberem bem que era esse o destino daquela trampa de trabalho.

    • O facto de todos os relatórios internacionais demonstrarem que hoje os alunos sabem mais do que há 10 anos não interessa para nada.
      Tal como a constatação empírica de qualquer professor, excepto os universitários que agora têm 100 alunos onde tinham 50, é claro.

      • Sabem, sabem. Está tudo igual, sai-se mal preparado da escola e pronto, e muitas pessoas saem com positivas para se poder livrar deles…

    • Os relatórios valem o que valem … nenhum dos que menciona o Alt reflectem a realidade !!

  2. Eu fiz o 1º ciclo numa escola privada, e por entrar com 5 anos, tive que fazer exame na escola sede (pública) para passar da 2ª para a 3ª classe, e fiz também na escola sede pública o exame de 4ª classe… e creio que assim é que deve ser.

  3. celesteramos.36@gmail.com says:

    Também fiz o colégio privado e adorei e era a melhor aluna e de quadro de honra (que muito me honra hoje e na altura era natural) apenas porque todos estudavam e sabiam o que dependia mais e essencialmente dos professores que eram mesmo a sério – mas no 5º ano (agora 9º) é claro que tive de ir ao liceu fazer exames e de todos os colegas tive igualmente as melhores noras embora se “dissesse” que ao prof do Liceu gostassem, de “mostrar” que no privado era “borla” ou era raiva – fosse o que fosse – mas há tantos anos tudo era tão diferente que não dá para comparar – só sei que o 3º período (6º + 7º) tive de fazer no dito liceu e ODIEI – ODIEI – mas odiei mesmo porque ali sim até havia racismo marialva – agora ?? não sei – creio haver do melhor em colégios privados mas sei que sei que sei que as univ privadas excepto a Católica não podem ser PIOR do que são (ensinei nelas e falo do que era) – mas sei de certeza que não há privadas sem “ajudinha” de dinheiros públicos o que acho MAL + MAL + MAL _ não escrevo segundo o OA que rejeito 10 mil % – mas o dicionário inserto no computador escreve um risquinho vermelho nas minhas palavras escritas à antiga – ai mas eu não sou servil ao OA – jamé – Se calhar os prof do ensino público nem podem deixar de escrever “mal” – ai que disparate em tudo no país que só muda o que nem deve mudar – agora é mais servil ainda até ao Brasil ?’ Era o que faltava – aquela língua é português ou Brasileiro ?? Porque não escrevem em crioula de Cabo Verde – também deriva de português, que eu saiba embora com nuances (também) e o crioulo +e lindérrimo e o brasilês não é

    • Paulo Inácio says:

      Celeste Ramos, desculpe lá, mas a sua escrita cansa a alma de qualquer um. Talvez escrevesse melhor se tivesse frequentado sempre o ensino público. Seria bem mais coerente se desdenhando ( o desconhecimento, vulgo ignorância dá nisto) o tal de OA(???ou seria AO ??) soubesse dominar a escrita, isto é, estruturar ideias, mas, afinal a senhora nem f. nem sai de cima. Como exemplo da melhor aluna do colégio, este texto atesta o alto nível de exigência do dito.

      Vai lá vai!

  4. M João says:

    Por que é que os inspectores praticamente não aparecem nas escolas privadas e ,por vezes , ” massacram” as públicas à espera de uma “virgula” fora do sítio?

  5. M João says:

    Estava a referir-me aos exames.

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