Bolsas de estudo do Ensino Superior: uma questão sem fim

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Em 2005 quando entrei no ensino superior, a DG\AAC então presidida por Fernando Gonçalves lutava com afinco pelo aumento do numero de bolseiros na UC. Eu, na altura um jovem caloiro bolseiro, tomei a luta como minha e avancei com a Direcção Geral para Lisboa, chegando inclusive nessa manif a levar uma lapada de uma amiga afecta ao Bloco quando a manifestação se dividiu em duas com agendas distintas.

Anos mais tarde quando o Governo Sócrates decidiu fazer modificações ao Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo em 2010 com o famigerado Decreto-Lei 70\2010, na condição de não-bolseiro, alinhei mais uma vez na luta e pressionei muito a DG de Miguel Portugal a avançar para formas de protesto não convencionais. A nova ponderação dos elementos do agregado familiar para e feitos de cálculo do valor a atribuir excluiu o acesso a milhares e levou pela primeira vez no Ensino Superior a uma debandada em massa de estudantes por indeferimento das suas bolsas e consequentemente por falta de recursos financeiros. Esse DL previa na altura a passagem de todos os membros do agregado familiar para uma capitação inferior a 1, algo completamente ridículo que obviamente se reflectia nas fórmulas de cálculo. O agregado que auferia a título de exemplo 13000 euros por ano a dividir por 4 elementos, via na nova fórmula uma divisão do valor por 2.7 pessoas. O candidato valia 1 pessoa, pai e mãe 0.5 e o irmão 0.7. O rendimento per capita subia, portanto. [Read more…]

E andamos nós a gastar milhões de euros com estes tipos

Escolas privadas continuam a inflacionar notas no secundário” [Expresso]

O caso dramático do Liceu José Falcão em Coimbra

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Crateras na parede, fileiras de moisaco partido, fios eléctricos descarnados saídos das paredes da escola, vidros partidos, humidade por todo o lado, o piso do ginásio com falhas perigosas que podem provocar lesões aos jovens no decorrer das aulas de educação física, baldes em todos os cantos para recolher a água da chuva, em todos os cantos, inclusive nas salas de aulas, onde os alunos já são obrigados a levar mantas para se poderem aquecer. Este poderia ser o exemplo de uma escola num país de terceiro mundo ou a passar por uma guerra, mas não, é a realidade de uma escola quase bicentenária situada em pleno coração da cidade de Coimbra, onde estudaram personalidades ilustres da história deste país como Teófilo Braga, Almada Negreiros, Eça de Queirós, António Almeida Santos, Jaime Cortesão, Zeca Afonso, Eugénio de Castro, Carlos Da Mota Pinto, Bissaya Barreto, Vitorino Nemésio, Miguel Torga ou Rómulo de Carvalho.

Uma autêntica vergonha, escondida pelo Parque Escolar, com todas as suas virtudes e fracassos, que ameaça seriamente o ensino público na cidade de Coimbra e que não é mais do que, possivelmente, um pretexto para se fechar de uma vez por todas a escola e obrigar os cidadãos a procurar a vasta oferta privada que existe na cidade.

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“Escolas públicas preparam melhor os alunos para terem sucesso no superior”

escolas privadas e publicas - preparacao dos alunos

Olha a excelência dos rankings. Nada de surpreendente para quem alguma vez tenha estudado. Uma coisa é marrar para o exame, e ter boa nota, outra é aprender. É um estudo de 2013, mas muito oportuno agora que tanto se fala na suposta excelência do ensino privado.

Universidade do Porto analisou os resultados de 2226 alunos que concluíram pelo menos 75% das cadeiras ao fim de três anos e concluiu que os provenientes das privadas têm piores resultados (…)

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Passos Coelho e a subsídio-dependência

TC

Subsídios para as clientelas, sempre!

Fotomontagem: Luís Vargas@Uma Página Numa Rede Social

Os contratos de associação em 3 minutos

Esta não é uma discussão ideológica. É uma discussão de boa gestão e políticas públicas. Não há qualquer racionalidade em pagar duas vezes pelo mesmo serviço.

A explicação simples e objectiva do Ricardo Paes Mamede.

via Geringonça

Liberalismo subsídio-dependente

Privado

Num blogue onde estou rodeado de especialistas no assunto como o Ricardo Santos Pinto, o António Fernando Nabais, o João Paulo ou o J. Norberto Pires, pouco haverá a acrescentar sobre os problemas que o sector enfrenta nestes dias de tensão entre esquerda e direita, público e privado. Prefiro ler o que estes experientes professores têm para partilhar.

Contudo, há uma parte neste conflito que nada tem que ver com Educação. Um conflito ideológico. De um lado a esquerda, que defende a escola pública e a diminuição de apoios a instituições privadas de ensino, do outro a direita, que podendo privatizaria tudo, da pré-primária às universidades públicas, e que defende o financiamento – aumentou-o enquanto governou – de escolas privadas. [Read more…]

Maria de Lurdes Rodrigues, a privatizadora

maria lurdes rodrigues pena suspensa

O programa político da traficante de influências Maria de Lurdes Rodrigues era claro: privatizar a escola pública. Há quem, sobretudo à esquerda, não veja isso apesar da sua mais profunda reforma, a da gestão das escolas,  e  de ter aumentado a privatização concreta através do tráfico de contratos de associação, para onde o Ministério Público deveria olhar com atenção. A prova dos nove chegou agora:

Quando se institui como critérios de base para recrutar a nota de curso e tempo de carreira, isto é o grau zero da inteligência no recrutamento.

disse a condenada a pena suspensa. Ora o que faltou para essa mesma privatização, mas grandes passos anda a ser dados, é precisamente a célebre “liberdade de contratação das escolas”.

Isto é muito simples: a nota de curso e o tempo de carreira são os únicos dados objectivos que permitem ordenar professores. E o estado não é o colégio onde se escolhem os da mesma religião, os amigos dos amigos, nalguns casos que os vi os do mesmo cartão partidário. Acabar com esta seriação é o sonho de quem quer abrir as escolas ao negócio, à cunha, ao compadrio e nepotismo. [Read more…]

Quanto custa acabar com o livre-arbítrio

crato ladrão

É barato, para garantir uma nação de gente sem voz.
Evidentemente que os professores e funcionários do privado não poderão dizer mal de quem lhes enche (pouco) os bolsos, nem que seja a prestações e contra emissão de recibos verdes. «Pelo menos trabalham, nem todos se podem gabar do mesmo».
Já nem falo daqueles cujos bolsos e cujas panças se avolumam cada vez mais.
Falta colocar as fotos de ppc e de acs nas paredes das salas de aulas dos colégios…
Adeus, Pátria e Família.

Violência no Colégio

Foi mais ou menos isto que aconteceu, há meia dúzia de anos, no Colégio Paulo VI em Gondomar. Um aluno do 1.º ciclo destruiu uma sala de aula durante um ataque de fúria, provocado por um distúrbio do foro psicológico.
Acto contínuo, o aluno foi convidado a deixar o colégio. O Encarregado de Educação ainda argumentou com os problemas emocionais do seu educando, a professora saiu em sua defesa, mas a decisão estava tomada. A mãe teve de encontrar à pressa uma escola pública que o acolhesse. O aluno foi diagnosticado e rapidamente enquadrado no Ensino Especial. Apesar de continuar a ter Necessidades Educativas Individuais, é hoje um menino que adquiriu uma grande capacidade de auto-controle.
Esta história nunca poderia ocorrer no sentido inverso. Ou seja, um aluno do 1.º Ciclo nunca poderia ser expulso da sua escola e, ao mesmo tempo, ser acolhido de braços abertos por um colégio privado.
Porque a Escola Pública é democrática, universal, inclusiva. O ensino privado não.

Perguntas a um perguntador

A quatro perguntas também posso responder perguntando, ficando implícitas informações ao alcance de um googlar?

Porque há-de o estado subsidiar negócios ou organizações religiosas? porque carga de água deve sair do orçamento geral do estado o lucro dos empreendedores, que fazem pior e mais caro que o estado?  porque será que o estado tem custos superiores com os contratos de associação do que tem com a sua rede escolar? desde quando é que uma empresa que visa o lucro e apenas o lucro faz melhor que um serviço público que tem por único objectivo a satisfação de uma necessidade social?

Porque não há-de um estado gastar mais com umas regiões do que com outras? deve um país abdicar do seu território? e se sim, vende esse território ou oferece-o gratuitamente a uma potência estrangeira interessada? [Read more…]

Poupar milhões com professores para despejá-los aos milhões nos colégios privados

Todos os anos, o Orçamento de Estado despeja 300 milhões de euros nos colégios privados por um serviço que a escola pública está perfeitamente apta a prestar, por menos dinheiro, tanto a nível de infra-estruturas como de recursos humanos.
A desculpa é sempre a mesma. Os contratos de associação começaram numa altura em que a rede pública não cobria a totalidade do território nacional. Hoje em dia, é argumento que já não colhe. Há escolas em todo o país e a sobre-lotação é um problema que não se coloca.
Esta situação, que é uma das maiores vergonhas nacionais, ganha contornos de especial gravidade agora que se fala do despedimento de milhares de professores que já estão no sistema. A explicação oficial é a de que não há dinheiro para pagar a esses professores porque não há alunos suficientes. Mas já há dinheiro para pagar 300 milhões por ano (o equivalente ao que se gasta com o RSI) para manter quase 1900 turmas, o equivalente a uns 50 mil alunos.
Isto vai muito mais além da mera discussão ideológica. Continuar a engordar meia dúzia de grupos económicos à custa do Orçamento de Estado (o mesmo que pagará depois os subsídios dos professores a despedir) é mais do que uma política errada. É um verdadeiro crime.

A realidade é uma chatice

Como é que reage um defensor acérrimo da privatização do ensino quando a avaliação das escolas públicas é francamente positiva? ironizando.

Ora a ironia está noutro lado: 231 estabelecimentos de ensino público foram avaliados pela Inspecção Geral do Ensino, juntamente com peritos externos, mas tal não envolveu nenhuma das escolas privadas sustentadas com os nossos impostos. Safa, inspectores por aqueles lados podem encontrar problemas, bastaria uma análise cuidada dos horários (a qualidade do ensino ministrado por um professor que lecciona 28 tempos lectivos e recebe como se o seu horário fosse metade deve ser fantástica).

Veja-se que na última bacorada ministerial, realizar os exames do 4º ano nas escolas sede dos agrupamento, com todas as impossibilidades praticas (vão a pé?) e encerramento das actividades lectivas que isso acarreta, teve logo um, e apenas um, recuo: [Read more…]

O ensino público não precisa de mais impostos

Só precisa que não se gaste nos juros que nunca iremos pagar, Ricardo Campelo Magalhães. Os que pagávamos chegavam perfeitamente[Read more…]

Ensino

ensinovia Elfi Kürten Fenske

Não martelem os dados

Santana Castilho *

Escrevo este artigo na manhã de terça-feira, 20 de Novembro. À tarde haverá uma conferência de imprensa para divulgar os resultados a que chegou o grupo de trabalho, constituído no fim de 2011, ao qual foi pedido que apurasse o custo do ensino público por aluno e por ano de escolaridade. Tenho o documento à minha frente e, embora o artigo que ora escrevo só saia amanhã, respeito o compromisso que assumi de nada referir antes da respectiva apresentação pública. Posso, todavia, relembrar factos para a tinta que vai correr. [Read more…]

Meter a raposa a contar as ovelhas

Um estudo sobre custos de ensino público vs privado presidido por um ex-Presidente do Conselho Coordenador do Ensino Particular e Cooperativo. E vergonha no focinho, não há?

O silêncio dos professores

Sou um defensor da escola pública. Gosto da ideia de ensino público. Os meus filhos frequentam a escola pública.

Mas, perante evidências como esta, gostaria de melhores explicações.

O silêncio dos professores, o encolher de ombros dos professores do ensino público, intranquiliza-me.

No Externato Carvalho de Araújo, em Braga, é assim que os alunos tratam os professores

Há uns meses, foi notícia uma cena de tiroteio no Externato Carvalho de Araújo em Braga. Chamei a atenção para o facto e comparei com o forrobodó que teria sido na nossa Comunicação Social se a cena se tivesse passado numa escola pública.
Os alunos do Externato Carvalho de Araújo não gostaram e, tantos meses depois, continuam a mostrar a sua insatisfação. Ainda hoje, recebi mais dois comentários, típicos de alunos bem-formados que receberam uma educação que só pode ser considerada de excelência:

«ui tadinho, ta muito chatiadinho o professor de merda .!.
tu ca fora nao és stor nenhum, se tu fosses meu stor eu podia chegar ca fora e rebentarte a boca toda e nao era por seres professor que eu nao podia fazer isso»

«e tu deves ser daquelas chupa pissas que andam pra i .|.»

Já há algum tempo, recebera um outro comentário que reflecte bem a revolta que vai no seio da comunidade educativa do Externato Carvalho de Araújo em Braga:

«ya mete mesmo piada estes comentários fogo. ve-se mesmo que nao conhecem o externato… e qto aos meninos ricos , e aos bmw’s audis e mercedes ha algum problema ? dor de cotovelo talvez nao ? e crescer ? dava jeito (;»

Alunos do Externato Carvalho de Araújo em Braga, força, estou convosco! Defendam a vossa instituição até ao fim e rebentem a boca toda aos professores que se meterem convosco. Afinal, é para isso que os vossos pais pagam tanto dinheiro ao fim do mês.
Já agora, que mal pergunte, quem é o vosso professor de Português?

Educação e as Autarquias Locais:

Nesta altura em que se discute os cortes impostos pela Troika e uma eventual reformulação espacial dos concelhos, é de sublinhar o trabalho que algumas câmaras municipais continuam a fazer na Educação, sobretudo no que toca a equipamentos e recursos humanos e saber o que será feito no futuro.

O novo Ministro da Educação terá pela frente um verdadeiro desafio que ninguém, de bom senso, pode invejar. Terá, de certeza, de fazer mais com menos. Por isso mesmo, vai precisar (e muito) da ajuda das câmaras municipais.

Nos casos que melhor conheço (Maia, Felgueiras e Vila Nova de Gaia) o trabalho já realizado e o contratualizado via QREN, permite afirmar que a parceria entre o Ministério e as Autarquias é o caminho a seguir. No caso da Maia, o seu parque escolar foi totalmente renovado. Em Felgueiras entre obras já inauguradas e outras lançadas, o seu parque escolar caminha, igualmente, para a excelência. Por sua vez, Gaia, o maior concelho do Norte em termos populacionais (e aquele que está, neste momento, com o maior valor de investimento bruto em Educação) continua a apostar na Educação.

Aliás, Marco António Costa, ainda esta semana, o reafirmou: “O vice-presidente da câmara municipal de Gaia, Marco António Costa, assegurou esta noite que a educação “é um setor prioritário” no concelho, assumindo o “compromisso institucional” de que o continuará a ser “nos próximos anos”. (SIC/Lusa)

Garantindo, até, que “sempre que for necessário fazer opções por exiguidade financeira, entre um investimento numa escola ou outro qualquer investimento, a prioridade será sempre nas escolas.

Em suma, o próximo responsável governamental desta pasta terá de contar e procurar fazer a ponte com as autarquias locais, de molde a garantir o sucesso. Não será por falta de boas escolas que não se terá uma educação pública de excelência. Não será por falta de vontade e empenho dos autarcas que não se cumpre o objectivo de excelência do ensino público.

Uma adivinha:

Onde será que estudam os filhos de alguns dos paladinos do Ensino Público e do Estado Social? Será que o nosso Primeiro deu o exemplo e os colocou na Escola Pública? E o Ministro Silva Pereira, idem???