Os mistérios da música em Coimbra não sendo insondáveis, perturbam. A cidade que nos anos 60 soltou um Adriano e formou um Zeca foi perdendo comboios. Será simbólico que no ano do Chico Fininho o seu grupo de baile com mais original e potencial para gravar (a Banda do Arco da Velha) tivesse acabado de se dissolver, que o punk nos tenha chegado retardado, e por aí fora; os nossos dois músicos mais conhecidos, JP Simões e Paulo Furtado emigrados para o capitalismo, tinha de ser.
Mas uma cidade que parece adormecida não tem de dormir. Discretamente vai cerzindo as suas cumplicidades musicais, guardando os seus segredos baixinho, entre voltas da nossa guitarra e da mundial viola, muitos cantos numa diligência eternamente na malaposta, ataques frontais à música tradicional portuguesa sob, por exemplo, a forma de gaita de foles, até que um dia alguém diz: acordámos, estamos de volta.
A volta agora chama-se Pensão Flor (um local que é um sonho) e já se nos apresentou. Vão ouvi-los, ai se vão, juntaram-se a família Brigada Victor Jara com a dos Belle Chase Hotel, a nossa guitarra, a do Carlos Paredes, regressa pelas unhas do filho Portugal (tinha de ser Manuel), tudo isto com um moço que desconhecia (e como é bom ter surpresas na nossa aldeia) de seu nome Tiago Almeida. Vai uma aposta?
Com o empobrecimento, nem hotel nem pensão, só dormidas ao relento. (Bom, por enquanto, lá para leste está-se a desenhar os novos parâmetros da democracia que acaba com céu estrelado de borla).
Sem esquecer o estrelado de borla;
Abri o peito a pensão flor
Pensão Flor, tudo bem. Excelente 🙂 Agora,
“ataques frontais à música tradicional portuguesa sob, por exemplo, a forma de gaita de foles”!!. e seguir diria que a gaita de foles é escocesa, não! enfim…
Diria muito mal. Sabemos da existência da gaita de foles pelo menos desde a Suméria. Mas lá está, folclores