A participação dos clubes portugueses nas competições europeias não foi agradável, como não tinha sido a da selecção nacional masculina na Liga Mundial, disputada em Paris. Dizer que não foi agradável pode até ser considerado um eufemismo.
E, se a Académica de Espinho tem a desculpa, neste cotejo qualitativo, de ter participado no Challenge II masculino, já que o Sport Club do Porto participou no Challenge III, a equipa feminina da Invicta contabiliza a seu favor o facto de ter sido estreante em provas internacionais e porque os habituais treinadores da equipa, que a moldaram ao longo da época e lhe conferiram identidade, estiveram ausentes da prova, uma vez que ambos representam a Académica de Espinho como atletas. Pedro Santos, sobre quem recaiu a responsabilidade de comandar as senhoras do Sport, esteve, aliás, muito bem, ele que nos disse que não se vê como treinador, que não vai ser o seu caminho futuro. Mas que, na hora de ajudar, “todos temos que estar disponíveis”.
A Académica de Espinho regressou a Portugal com uma vitória apenas, no jogo inaugural, e a despromoção ao escalão mais abaixo por força do último lugar na prova. O Sport, que apenas pontuou no primeiro jogo, empatou quando poderia perfeitamente ter vencido as gibraltinas, conseguiu fugir ao último lugar, o que não deixa de ser interessante, embora tenha sabido a pouco.
Os ecos de Atenas não são, em termos competitivos, muito favoráveis à equipa de Espinho, que tem um suporte atlético muito experiente, que já conseguiu dos melhores resultados do hóquei português além-fronteiras, mas que não conseguiu criar uma geração substituta para a veterania que, entretanto, se instalou, não obstante ter lucrado com a importação de alguns atletas do Ramaldense, quando o histórico do Porto deixou a modalidade. E, estranhamente, sucumbiu como qualquer equipa estreante.
São questões estruturais do hóquei português, não só da Académica, e a elas voltaremos noutra oportunidade.
Por seu turno, a equipa do Sport, que sofre também dessa décalage na formação, o que faz dela uma equipa algo desequilibrada, pode defender-se desta afirmação, argumentando que aderiu recentemente ao hóquei feminino, recebeu, como base, a equipa do Ramaldense, entretanto extinta, e só a partir daí começou a fazer formação, notando-se já que as mais jovens atletas têm enorme potencial, apenas precisando de se autonomizar psicologicamente num conjunto com muitas atletas com historial, de que elas próprias foram fãs.
Não, não foi conseguido este envolvimento das equipas portuguesas nos Europeus de clubes, mas a participação e a filosofia de entrega e doação ao jogo, a par da inegável técnica individual das atletas da equipa feminina do Sport, podem augurar bons tempos para o hóquei, jogado no feminino, sedeado no Parque da Cidade.
Aproveitando a oportunidade de estarmos a falar das duas competições de clubes, uma palavra estimulante para a grande organização do Sport Club do Porto, a merecer encómios de todos os participantes internacionais. Mário Almeida e Fernando Ribeiro, as faces deste projecto a que se associou a estrutura do Sport, estão de parabéns por mais uma grande organização internacional que honra o País.
(Fotos: FPH e Douglas Rogerson)
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