No sábado passado, fui ao Colégio Paulo VI, em Gondomar, assistir a uma palestra de Maria do Carmo Vieira. De todas as vezes que a ouço, reencontro o desassombro e a frontalidade necessárias na crítica a muito do que está errado na Educação, em geral, e no ensino do Português, em particular. Reencontro, ainda, nas palavras da minha colega a energia renovada para tentar ser melhor, para não me deixar acomodar.
Eis algumas das ideias que reencontrei, enquanto ouvia Maria do Carmo Vieira:
– as opiniões e os pareceres dos professores são fundamentais para a maior parte das decisões sobre Educação. Os sucessivos ministros, no entanto, limitam-se a olhar para os professores como funcionários que se devem limitar a obedecer;
– os professores não podem permitir a proletarização de que são alvo e devem exercer um exame crítico sobre todos os aspectos da sua actividade profissional;
– o empobrecimento da formação inicial e contínua dos professores é absolutamente criminoso e terá efeitos nefastos no futuro (a propósito disso, fomos brindados com uma extraordinária declamação de “Aniversário”, ao som de Prokofiev);
– a base da actividade docente reside no conhecimento científico e não nas questões pedagógicas, sendo que estas devem estar ao serviço das primeiras e não podem ocupar o papel principal na função docente;
– é urgente recuperar a importância da Literatura e dos clássicos no ensino da língua materna, pelo que representam de conhecimento da identidade e da cultura nacionais, para além de serem fundamentais para o desenvolvimento cognitivo dos jovens;
– é fundamental combater a ideia de que os conteúdos literários devem ser erradicados, partindo-se de princípios facilitistas, como o que dita que devemos ir ao encontro dos interesses dos alunos, princípio contrário à própria essência da Educação, processo que, tantas vezes, consiste em levar uma criança a descobrir interesses desconhecidos;
– é inaceitável aumentar o número de alunos por turma, uma medida absolutamente antipedagógica;
– a importância de um conservadorismo crítico, à imagem do Velho do Restelo, essa figura literária tantas vezes caluniada e usada por gente ignorante que confunde a sua própria ignorância com criatividade;
– a crítica àqueles que sendo apenas levianos, se julgam inovadores ao defender a nova terminologia gramatical ou o chamado acordo ortográfico.
Aqui fica um resumo desordenado deste saudável reencontro com uma voz ignorada pelos ignorantes. Se aceitarmos que vozes de burro não chegam ao Céu, será justo afirmar que o Inferno se recusa a ouvir quem sabe. É por isso que o Ministério que inferniza a Educação não ouve Maria do Carmo Vieira, entre outros.
EU QUE ME CONSIDERO UM ANALFABETO QUE APRENDEU A LER E ESCREVER NA ESCOLA NOTURNA, ACHO QUE NO ENSINO DE HÁ MUITO TEMPO A ESTA PARTE, EXISTE PEDAGOGIA E INTERVENÇÃO DE GENTE ESTRANHA Á ESCOLA A MAIS E EXIGENCIA, RIGOR E DISCIPLINA A MENOS.
O problema é que os professores obedecem mesmo.
Livros sem o acordo ortográfico, e que não seja aquela bodega do suposto maior escritor português. O não sei quantas que escreveu umas coisas a partir de Camões.
Quando querem destruir o ensino afastam os Mestres. Mas ainda assim a senhora ainda vai rompendo e vai falando.
E graças a esta publicação, um dia destes posso perguntar à senhora se quer ser entrevistada por mim.
O que podem os professores fazer que faça retomar a dignidade da Língua e do professor mas, também, olhando o aluno da forma a que também, tem direitos ?’
Verdades, verdades, eu fui contra tirarem o “l” de elle, e o “c” de accusar, descaraterizou a língua, e até enterraram a pátria quando trocaram “paiz” por “país”, Portugal nunca mais foi o mesmo, também lhes chamei levianos, e para minha surpresa, o seu número cresceu.
Mas a procissão ainda vai no adro, os cortes em 2015 serão muito piores, veremos quanto professores existirão. boa semana