«Nunca deixei de me espantar com a desfilada insana de certos homens para o abismo da sua perdição moral e intelectual» diz Baptista Bastos numa sua crónica recente, atento ao gato escondido com o rabo de fora que constitui efectivamente esta guerra do ministro da Educação Nuno Crato aos professores e à Escola. Mas a desinformação prossegue, e esta manhã no Fórum da TSF debatia-se acaloradamente a questão dos direitos dos alunos, falava-se do respeito que merecem, das suas expectativas e do seu futuro, como se a greve às avaliações fosse na génese e no seu fim um ataque aos alunos, que assim vêem as suas férias estragadas coitados, e o seu futuro ameaçado – e a palavra futuro é aquela bandeira desarmante para os incautos sempre confiantes nele, como se não dependesse da sua acção presente, os incautos e adormecidos à sombra do destino sempre prontos para defendê-lo na sua abstracção bestial, enquanto outros o enformam numa coisa esquisita onde o Estado não tem responsabilidades sociais, o futuro tornado algo cujos desfechos dependeriam essencialmente do Altíssimo, pois tratando-se de governação, e da governação dos homens, Ele, que os criou, é que sabe e é capaz de tomar as melhores decisões.
E pronto, estamos nisto – no debate ao lado, enquanto Nuno Crato prossegue a sua caminhada, de bandeira na mão e de peito aberto às balas, como um verdadeiro revolucionário, empenhado em defender o que ainda quero acreditar ser algo que não compreendeu inteiramente, obnubilado que parece estar pela coisa sempre turva do exercício do poder, esse corruptor de homens vacilantes, como parece ser Crato. Ou, como diz Baptista Bastos, «a vontade de ser ministro de um desprezível Governo como este parece tê-lo obnubilado.»
Crato, já por si, é uma coisa turva.
Ora olhem para a barba dele.