Querem ver que essas pessoas que fazem relatórios para a OCDE estão a fazer panelinha com a geringonça?
Segundo a organização sediada em Paris, o aumento da carga fiscal para os trabalhadores com baixos rendimentos cresceu perto de 1,5% em Portugal entre 2014 e 2015, liderando a tabela, enquanto na Áustria (a segunda maior subida) ficou perto de 1% e no Luxemburgo (terceira maior subida), que a OCDE também destaca, pouco acima de 0,5%
“O aumento da carga fiscal sobre os trabalhadores com baixos rendimentos foi particularmente elevado em Portugal, onde o sistema de crédito fiscal foi tornado menos progressivo”, afirma a OCDE no relatório divulgado hoje [22/09/2016, lê-se no JN].
Ó sô dona Cristas, já que encenou o regresso do partido do contribuinte, apraz-lhe comentar a situação criada pelo seu governo?
Nesta última sexta feira, no seu comentário semanal, “TABU”, Francisco Louçã afirmou que o adicional ao IMI seria de 0,3% sobre o montante superior a 600.000,00€ de património imobiliário. Com esse montante o governo espera arrecadar no ano de 2017 cerca de 160 milhões de euros.
A jornalista, que já tinha ouvido a ladainha do Condicionado Ferreira, perguntou-lhe se não achava esta tributação mais injusta, por ser mais amiga dos ricos, nomeadamente aqueles que detinham casas acima de um milhão de euros, argumentando que com o imposto de selo de 1% do governo de Passos Coelho permitiria uma maior cobrança fiscal por cabeça.
Francisco Louçã respondeu que o imposto praticamente não era cobrado.
Como fiquei intrigado com aquela resposta, coloquei-lhe diretamente a questão:
– Qual tinha sido valor arrecadado como receita fiscal relativo
ao Imposto de Selo de 2015, para habitações acima de um
milhão de euros?
Sabem qual foi o valor da receita?
Foi de 40 milhões de euros.
E explicou-me o seguinte:
Para além de uma cobrança deficiente, se uma pessoa tiver 100 casas de 999 mil euros cada uma, valor matricial, nunca paga o imposto de selo.
Qual a razão?
Porque o imposto é cobrado por unidade imobiliária. Ora, nestas circunstâncias contribuinte da “classe média” fica sempre fora do alcance da legislação aprovada.
Tirem agora as vossas conclusões sobre a histeria da direita.