João Lobo Antunes

© Pedro Cunha/Público
Luís Novais
Tinha consultório numa clínica privada de Lisboa. Um dia apareci-lhe lá, com o meu filho de 7 anos por uma mão e umas placas na outra. Viu-as e confirmou que sim, que tinha de ser operado. E disse que o operava, “mas não aqui na clínica, no Santa Maria”. Desde esse dia que entendi o significado deste título: “O neurocirurgião da tradição humanista”. Obrigado e bom descanso, somos dos que não o esqueceremos.
Nos 160 Anos do Caminho de Ferro em Portugal
“Perto do meio dia chegaram SS.MM. em pequeno estado, e tendo-se procedido às bençãos das locomotivas, que foram feitas pelo cardeal patriarcha, e a todo o mais cerimonial, como se determinava no programa, e de que já aí haverá conhecimento, partiu para o Carregado o comboyo real puxado pelas locomotivas Coimbra e Santarém” (…) – 28 de Outubro de 1856.
A Terra revolveu já o Sol 160 vezes desde a primeira viagem de comboio em Portugal.
Era Terça-feira e principiava uma nova forma de viação, para já até ao Carregado; depois, sobretudo enquanto durasse monarquia, e sobretudo até 1949, o comboio haveria também de chegar a Monção (não chegou a Melgaço), a Braga (não chegou ao Gerês), à Póvoa de Varzim (e dali não mais para Norte), a Fafe (não continuaria até Chaves), ao Arco de Baúlhe (40 anos depois de derivar da Linha do Douro), a Chaves (não chegaria à fronteira), a Bragança (também não chegaria à fronteira), a Duas Igrejas (não chegaria, afinal, a Miranda do Douro), a Barca d’Alva (por onde passaram muitos comboios para Madrid e outras partes do mundo). Chegaria também à Régua mas, para sul, não subiria nunca a Lamego ou a Viseu (a Viseu chegaria desde Santa Comba-Dão ou Espinho e Aveiro). Nem do Pocinho subiria, afinal, a Foz-Côa ou Vila Franca das Naves.
Da Figueira da Foz chegaria à Guarda-Gare e Vilar Formoso (um povoado insignificante à época). Chegou à Lousã e a Serpins (Arganil é que não). Chegou a Tomar, não chegou a Seia. Chegou a Sintra e a Cascais (até criou “a linha”).
Chegou à Beirã, a quilómetros escassos de Marvão. A Elvas e a Badajoz.
A Beja, a Évora, a Moura, a Mora (e dali não chegou ao Ribatejo), a Reguengos de Monsaraz, a Vila Viçosa desde Estremoz. À Funcheira. A Alvalade do Sado e Sines, Aljustrel, a Faro, à foz do Guadiana em Vila Real de Santo António, a Lagos, depois de passar também na Baixa da Banheira, Valdera, Grândola e Canal Caveira.
E em 1875 chegou a Nine, no caminho para Braga. Em Couto de Cambeses começaria a parar lá por volta de 1915, dizia o meu avô materno cujo pai fora contemporâneo da chegada da “máquina preta” que, dizia o povo, “matava o povo até certa distância“.
Entre Nine e Couto de Cambeses havia raposas que atravessavam a linha, lembro-me eu.
Havia também a casa dos avós paternos. Era tudo junto à linha.
Meu pai surge naquela fotografia que um japonês captou na Avenida da França (no Porto) em 1975, no ano em que o meu pai entrou para a CP, e 100 anos depois de o comboio começar a circular a norte do rio Douro. Seria assim nos próximos 35 anos, o meu pai em cima dos carris, ele e muitas pessoas.
Também por isto, o 28 de Outubro deveria ser o Dia do Ferroviário e do Caminho de Ferro.
Obrigado.
Hoje Maria Leal, aqui só para ti
Gosto pouco que me digam o que é sério ou o que não é. O que deve ser publicado num blogue ou o que não deve ser.
E Maria Leal, que descobri ontem graças ao post do Fernando Moreira de Sá, é tão séria como toda essa tropa-fandanga que comanda os destinos do país há décadas. Entretém o pessoal, como os outros, e finge que canta, como os outros fingem que querem saber do país.
Criticam a Maria Leal? Sim, como também criticam o Cristiano Ronaldo. São todos uns invejosos e o Tiago Ginga é o maior deles.
No fundo, Maria Leal é Portugal!.
Só não perdoo uma coisa a Maria Leal: ter adoptado o AO/90. Porque, tirando isso, a novel cantora seria o tributo perfeito da música para o ano de 2016 que está a terminar.
Dialetos de Ternura – Lyrics
Dialetos de ternura
Foram mais que para mim
Onze minutos de história
Interminável e sem fim
Extravagância nos teus olhos
O meu olho pra pintar
Porta fechada numa tela
Sem azul e sem mar
REFRÃO
Ohuô…. Ohuô…..
Hoje Maria Leal aqui, só pra ti (bis)
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Morreu de cancro
Doença prolongada não existe, senhores jornalistas. Cancro, chama-se cancro! Deixem de ter medo das palavras.
Foi bonita a festa mas muito curta, pá…

Não tenham medo, eles não mordem! TTIP, CETA, TISA
Pronto, Magnette cedeu, a Bélgica pode assinar o CETA. Mas Magnette saiu de cabeça levantada e merece os parabéns, mais a nossa gratidão.
– Primeiro, porque mostrou à comissão e ao conselho que não fazem o que lhes apraz por cima de tudo e todos (gracioso foi ver a ausência total de declarações pela tão eloquente comissária para o comércio, Malmström).
– Segundo, porque colocou em cima da mesa as preocupações que vinham sendo expressas pelo movimento europeu de protesto, dando-lhe voz e obrigando a uma divulgação do assunto pelos meios de comunicação, até mesmo em Portugal; muitos portugueses terão ouvido agora pela primeira vez falar deste tratado que Portugal já acha o máximo, e vai subscrever.
– Terceiro e o mais importante, porque, tanto quanto se sabe, conseguiu que o texto a acrescentar ao tratado contenha coisas fundamentais. Uma, em prol da sua valente mas tão pobre região: Caso, posteriormente, a Valónia verificar que o CETA é mau para os agricultores locais, poderá sair do tratado com um xauzinho; outra, e esta é uma verdadeira vitória para todos nós, os tribunais arbitrais privados que protegem os investidores colocando-os acima dos cidadãos não poderão entrar em vigor na fase de aplicação provisória do CETA e, a médio prazo, devem ser substituídos por um tribunal público. E conseguiu ainda reforçar a protecção dos serviços públicos e colocar uns pozinhos do princípio da precaução. [Read more…]
A Esquerda refém do PS
Parece-me óbvio que os Partidos de Esquerda que suportam o Governo, PCP e Bloco (os Verdes só lá estão para fazer número e para a Heloísa Apolónia descansar a garganta), estão reféns do PS e do compromisso a que chegaram para a Legislatura. Tanto um como o outro sabem perfeitamente que, se tirarem o tapete a António Costa, os votos futuros vão direitinhos para ele. E lá se vai a Geringonça e o condicionamento das opções do Governo.
É por isso que, muito provavelmente, vamos ver até 2019 sucessivos Orçamentos que não são mesmo de Esquerda a serem viabilizados pela Esquerda mesmo. Só espero que António Costa não caia na tentação de, lá mais para a frente, armadilhar o caminho ao PCP e Bloco para se vitimizar, indo a eleições antecipadas e ganhando com maioria.
Como é óbvio, não vou ser injusto ao ponto de esquecer as limitações que continuam a ser impostas ao Governo por Bruxelas. E também não vou comparar com os Orçamentos de Passos / Portas, porque não há comparação possível. Só os comentadores de Direita é que acham que subir o IRS ou baixar as pensões é a mesma coisa que subir o imposto do álcool ou do tabaco.
Mas apesar dos progressos registados com a reversão das anteriores medidas de austeridade, dava para ir muito mais longe e para fazer um Orçamento realmente de Esquerda. A medida que parecia indicar o trilho que ia ser seguido – o fim dos contratos de associação – não teve afinal qualquer continuidade. Foi uma vez sem exemplo. [Read more…]
Eduardo Vítor Rodrigues, uma escolha oportuna da SAD do FC Porto
Eu nem queria muito regressar ao tema do futebol, depois dos puxões de orelhas que levei no outro dia a propósito de uma brincadeira com um vídeo dos adeptos do Vasteras, clube sueco que exige 250 mil euros ao Benfica pela transferência do central Lindelöf, mas como desta vez o assunto até diz respeito ao meu clube, acho que consigo um desconto e talvez me safe de igual destino.
Com a saída Antero Henrique, abriu-se uma vaga no conselho de administração do Futebol Clube do Porto. E quem propôs a SAD para o lugar? Eduardo Vítor Rodrigues, o presidente da CM da Gaia que distinguiu o benemérito Marco António Costa. Parece-me uma escolha oportuna, até porque o meu clube até tem ali o seu centro de treinos, mas faz-me sempre alguma confusão ver a política misturar-se com o futebol a céu aberto. Que é feito da hipocrisia dissimulada, que nos fazia acreditar que estas coisas não passavam de conspirações orquestradas numa qualquer taberna de Carnide? [Read more…]
Pessoas, essas distraídas
“Eu sei que a vida quotidiana das pessoas não está melhor, mas não tenho dúvidas que a vida do país está muito melhor do que em 2011” – Luís Montenegro, enquanto líder da bancada parlamentar do PSD, em Fevereiro de 2014.
“Hoje podemos dizer que o país está pior, embora as pessoas não estejam bem conscientes disso” – Pedro Passos Coelho, enquanto líder do PSD, acumulando com primeiro-ministro no exílio, em Outubro de 2016.
O primeiro baseava-se na baixa dos juros da dívida e do défice para se justificar, optando por ignorar o brutal aumento de impostos, a crescente injustiça social, os corte nos salários e nas pensões e os orçamentos inconstitucionais.
O segundo argumenta que existe aumento de impostos e injustiça social, que o orçamento não é transparente e que as pessoas estão mais pobres, escolhendo desvalorizar a baixa do défice, algo onde ele havia falhado, fazendo tábua raza da baixa de juros e pretendendo repôr salários e pensões não tem impacto na qualidade da vida das pessoas.
A hipócritas e cínicos, como estes dois, o que lhes desejo é que sofram pessoalmente na pele os problemas que causaram com os cortes e impostos que fizeram aplicar cegamente aos que já viviam no limiar do suportável. Apenas isto.
OBRIGADA Valónia!
Cancelada a Cimeira Canadá-UE prevista para hoje, onde iria ser assinado o CETA!
Apesar de ambas as partes continuarem a declarar que estão preparadas para assinar o CETA assim que haja consenso,
HOJE É,
cidadãos da Europa e do Canadá,
UM DIA DE FESTA!!!
De acordo com alguém que adopta o Acordo Ortográfico de 1990,
a NATO critica a base IX e a Rússia aceita a crítica — ou seja, provavelmente (estamos no pântano ortográfico, por isso, cum grano salis), a frota não para em Ceuta, mas pára em Ceuta. Cuidado. Efectivamente.
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