Passos Coelho school of economics

ppc

Em Abril, a propósito da intenção do governo de criar um veículo para lidar com o problema do crédito malparado, Pedro Passos Coelho reagiu assim:

A questão do crédito malparado não é uma questão urgente quando nós olhamos para a capacidade do sistema financeiro poder emprestar dinheiro à economia. Não há um problema do lado do financiamento à economia. Desse ponto de vista não é uma questão que seja maior e que nos imponha ações urgentes.

Portanto, no entender de Passos Coelho, o crédito malparado não é um problema urgente, o sistema financeiro tem dinheiro para emprestar e não existe qualquer necessidade de acções urgentes.

Dias depois, quiçá tomada de assalto por algum grupo paramilitar de extrema-esquerda, a Comissão Europeia contrariava as palavras do líder da oposição

Os bancos continuam a ter uma elevada e crescente exposição ao crédito malparado

Motivo pelo qual

(esta) fonte de problemas tem que ser resolvida

Volvidos apenas seis meses, e perante o avanço do marxismo-leninismo um pouco por toda a Europa, o Avante de Pinto Balsemão citava Mario Draghi, presidente do BCE

No entanto, Draghi referiu os progressos realizados pelo país. Mas apontou as principais vulnerabilidades no seu entender: a dívida empresarial e o crédito mal parado.

Caraças! Estes tipos não dormem em serviço. Em cada esquina um Estaline! E por falar em Estaline, sim, que uma agência de rating que não manda para o lixo a dívida de um governo controlado por bloquistas e comunistas só pode estar sob influência do mais radical dos extremismos de esquerda, eis que chega a vez da DBRS dar os seus cinco tostões para a conversa:

São necessárias reformas legislativas adicionais para acelerar a limpeza dos balanços dos bancos para facilitar a gestão dos ativos problemáticos

e, assim sendo

a criação de um veículo para o crédito malparado pode ajudar a acelerar a limpeza dos balanços dos bancos

uma vez que os bancos

não estão suficientemente capitalizados

para lidar com um dos dois maiores problemas da economia portuguesa: o crédito malparado. Regressemos, então, às declarações de Pedro Passos Coelho

A questão do crédito malparado não é uma questão urgente quando nós olhamos para a capacidade do sistema financeiro poder emprestar dinheiro à economia. Não há um problema do lado do financiamento à economia. Desse ponto de vista não é uma questão que seja maior e que nos imponha ações urgentes.

E era isto.

Foto@Sábado

Comments

  1. Ricardo Almeida says:

    É como ver um tiro no pé em câmara lenta. Bravo!

  2. Ana A. says:

    Não nos devemos espantar! Afinal este homem não era o tal que abria portas numa empresa de formação, para facilitar a entrada de financiamentos comunitários?! De Balanços ele só deve conhecer aquela parte dos Activos e Fundos Perdidos…

  3. José Peralta says:

    Pormenorizada descrição !

    João Mendes a fazer (e muito bem!) do aldrabão-mór coelho e da corja adjacente, um excelente “saco de boxe” !

  4. Nightwish says:

    A direita não dá mais do que isto, nem no poder, nem na europa, nem nos jornais, nem nos blogs. Tudo o que interessa para a economia é aumentar a desigualdade, isto depois é tudo uma maravilha.

  5. ZE LOPES says:

    É a chamada “Mary & Rabbit School of Economics”.

  6. Anti-pafioso vidente says:

    Mas quando é que este gajo deixa a erva ?

  7. martinhopm says:

    João Mendes, parabéns. Afinal. agora já não valem as opiniões/conselhos da CE, de Mário Draghi, presidente do BCE e da agência de ‘rating’ DBRS? E eu convencido do contrário. Coelho terá virado marxista? Ou será por pouco perceber de economia? Também de um curso pós-Bolonha (?), tirado aos 40 (?) anos, numa Universidade como a Lusíada (ex-Livre), o que é que se poderá esperar?


    • Há quem diga que enveredou pelo marxismo. Pelo menos a julgar pela defesa da tributação dos mais abastados, ou foi isso ou foi possuído pela Mariana Mortágua 🙂

Trackbacks


  1. […] Entre os principais riscos apontados, a situação da banca portuguesa surge no topo da lista. O país continua sob chantagem do directório financeiro internacional, pagando um preço elevado por estas avaliações sectárias, preço que recai sobre os ombros calejados dos portugueses, e a banca, maioritariamente privada, continua a ser a grande ameaça. A banca dos salários chorudos, dos prémios fabulosos e dos investimentos ruinosos. A banca que clama por menos Estado, até que a bolha rebenta, para imediatamente sugar mais uns quantos milhares de milhões de euros aos cofres da nação. A banca dos biliões de imparidades e do crédito malparado, o tal que um certo ex-primeiro-ministro disse um dia não constituir grande problema. […]