Chávez, o homem que mudou a América

amlatina-pobreza

Eis a poderosa argumentação da extrema-direita contra a Venezuela chavista: a pobreza diminuiu em toda a América Latina. Chama-se ir buscar lá, sair tosquiado, e mostrar a careca. Porque o grande problema para aqueles lados, saudosos de um Videla e de um Pinochet tão amigos da escola de Chicago e do FMI, está precisamente no contributo decisivo de Hugo Chávez para a mudança operada na última década por aqueles lados, onde sucessivamente as velhas ditaduras foram substituídas por governos à esquerda, de um modo geral com uma mera orientação social-democrata. [Read more…]

Sócrates, o Magalhães e a América Latina

António Alves.

Escritores latino-americanos e poucos europeus – 1ª parte

o recriador da escrita latinoamericana, Gabriel García Márquez, Prémio Nobel

Recebi um repto de um meu amigo sobre a literatura Universal. Perguntava quais eram os autores que eu gostava mais de entre todos os que alagam o campo das letras no nosso planeta. Respondi sem hesitar que os ingleses e os alemães. Como não vou comentar sobre nenhum deles, não é um ensaio, é apenas um depoimento. Se me apertam muito, eu diria que Victor Hugo –  Victor-Marie Hugo (Besançon, 26 de Fevereiro de 1802Paris, 22 de Maio de 1885) foi um escritor e poeta francês de grande actuação política em seu país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras. Livros que causaram o seu exílio às Ilhas de Jersey na Grã-Bretanha, por ser adepto à Comuna de París, o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da resistência popular ante à invasão alemã.

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As patranhas reaccionárias

(adão cruz)

Ainda com a presença na minha mente dos sujos e obscenos golpes da Venezuela e Honduras, bem ao estilo do imperialismo americano, e decorrendo de mais um miserável golpe na América Latina, no Equador, o meu pensamento voltou a escurecer e a enovelar-se num misto de raiva, revolta e indignação. [Read more…]

Essa coisa chamada EUA

Essa coisa chamada EUA está minada de contradições desde a ponta dos cabelos às unhas dos pés. Apenas três, das mais recentes:

Li nas notícias:

“As autoridades suspeitaram de uma tentativa de tráfico de crianças e prenderam, no Haiti, dez cidadãos norte-americanos da Igreja Batista que se faziam acompanhar de 31 crianças, com idades entre os dois meses e 12 anos”.

 O que se espera? Todo o cozinheiro sabe que o bolo é o que for a massa.

 “O exército americano confirmou neste sábado ter suspendido os voos de retirada dos haitianos gravemente feridos durante o terramoto de 12 de Janeiro, enquanto aguarda uma decisão sobre quem se encarregará das despesas com o tratamento deles nos Estados Unidos”.

O que se esperava? Deve ter ficado mil vezes mais cara a ocupação militar do Haiti do que o tratamento dos feridos graves. Saiam do Haiti, deixem que Cuba, a Venezuela e outros países da América Latina tratem os feridos graves, que eles, apesar de pobres, de certeza não apresentarão as contas a ninguém.

“O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês pediu hoje aos Estados Unidos que suspendam a venda de armas a Taiwan e classificou a intenção de Washington como uma “decisão errada”, noticiou hoje a imprensa local”.

O que se esperava? Porque é que os EUA não vendem uns mísseis aos separatistas do País Basco?

Lautaro

Parece uma lenda mas é uma verdade que não se duvida. Duvidar da existência de Lautaro, seria duvidar da forma heróica em que se defenderam os Mapuche do Chile da sua habitual liberdade. Bem sabemos que o Chile foi a derradeira colónia organizada pelos conquistadores hispânicos, na hoje denominada América Latina.

Como tenho referido foi fundada por Pedro de Valdivia apesar de ter ser descoberta antes por Diego de Almagro em 1535. Mas achou o país pobre e perigoso e não tinha as riquezas em ouro que ele pensava encontrar. Bem se sabe que estes espanhóis não eram soldados andavam a pilhar. Valdívia não, era de profissão soldado do Rei da Monarquia Espanhola. Sabia o que fazia. [Read more…]

América Latina

Nunca esqueço a frase de um amigo que dizia: «porque é que o teu continente é denominado América Latina se os romanos nunca andaram por ai?» Questão enganosa. Os romanos, eles próprios, nunca passaram pelo continente que foi descoberto, conquistado e colonizado pelos seus descendentes, todos os que falavam línguas românicas ocuparam a maior parte do Continente. A restante, por países de língua saxónica e até germânicas.

A questão pareceu-me importante e investiguei-a. Fiquei surpreendido com a minha pequena pesquisa histórica. Filho como sou de espanhóis, reparei que os primeiros habitantes não eram descendentes de romanos. Havia muitos mais grupos sociais. De momento, por falta de espaço e de tempo para detalhes, darei apenas pequenos apontamentos. O que hoje corresponde ao Uruguay, Paraguay, Bolívia e Argentina, durante a conquista formavam as províncias do Rio da Prata. Os outros eram governados pelo Vice-Reinado sediado em Lima, hoje Peru. Com a descoberta, os nativos do continente passaram a ter outros nomes. Os originais ficaram reduzidos a pouco número de habitantes. Apenas no México, os Reinos dos Aztecas, Mayas, Tolteclas, Miztecas, Zapotecas e Olmecas, tributários do Império Azteca governado, à chegada dos espanhóis, pelo Imperador Moctezuma, que foi traído, roubado e executado pelos avarentos invasores. A legislação, a justiça, a gestão das propriedades estavam sujeitas a leis escritas em papiros, com juiz, cortes de apelo e uma boa arquitectura inscrita no nome do proprietário, se fosse privada, ou no nome da comunidade do reino ou etnia, como entre os Amatenango, hoje camponeses do País Panamá. Todos os monumentos públicos eram propriedade do imperador. A arquitectura azteca era tão grande, imponente e melhor que a dos Egípcios; subsistem e são cuidadas, pirâmides e monumentos, pelos cidadãos dos Estados Unidos do México, sejam antigos nativos súbditos (hoje cidadãos mexicanos, de dupla nacionalidade), sejam por membros da própria etnia do antigo império ou reino. México, sem invasores, seria, actualmente, o Império e reinos antes designados. A invasão fez deles escravos, até à sua independência em 1821. [Read more…]

Hugo Chávez discursa na cimeira de Copenhaga

Poemas com história: Esplanada da praia

 

 

 

Numa tarde de sábado, em Abril de 1988 (foi a data que pus no final do poema) estava sentado numa esplanada de uma praia da linha de Cascais. Lembro-me que fazia uma temperatura elevada para a época e bebia cerveja enquanto observava as pessoas que colhiam os últimos raios de sol daquele belo dia. Sentia-me bem. Depois comprei o Diário de Lisboa, que ainda se publicava e publicou por mais um ano ou dois, folheei-o, li as notícias e lá se foi a sensação de beleza e de tranquilidade…

Esplanada da praia

Ah, meu amigo, o que é o coração do homem!

(Goethe)

Sim, na verdade

o coração do homem é assim,

espalha-se no vento,

escreve gritos na paisagem,

viaja no silêncio, enfim,

é assim –

é veleiro e astronave

em permanente viagem,

o coração do homem.

Coração, é um modo de dizer,

é uma expressão nada científica,

por sinal, que serve para definir

o local, o território misterioso

onde habitam o amor, o afecto,

o ódio, o medo e a coragem.

Onde mora também

A capacidade de sentir

os oceanos que golpeiam

o peito da humanidade.

Dizemos coração,

talvez por ser mais simples situar

num simples órgão

tudo aquilo que em nós transcende

o bisonho animal

que nos domina e vigia.

Por exemplo,

é Abril e é sábado,

estou aqui na esplanada da praia,

a cerveja está fresca,

a temperatura é amena,

o mar é azul, as pessoas são bonitas,

o céu é um lago de serenidade.

Tudo é tranquilo e belo.

Porém, compro o jornal da tarde

e a tranquilidade

quebra-se logo,

como um vidro frágil agredido

pela fúria selvagem

de um martelo à solta.

O meu coração viaja até à Palestina,

à África Austral, à América Latina,

onde a ânsia animal de dominar,

destrói a vida,

oculta o Sol,

impede o amor…

 

O meu coração,

muito habituado a caminhar,

abandona o corpo sentado na esplanada,

a cerveja, o mar azul,

o céu sereno, as gaivotas;

viaja até onde a morte é lei,

o passado e o futuro

se defrontam em áridas colinas

revolvidas por obuses.

Se queres que te diga,

A tarde deixou de ser tranquila

e primaveril,

a cerveja sabe-me a sangue

e no sangue passa-me a circular

vitríolo.

Nesta tarde de Abril,

em que tudo estava a correr

tão bem,

antes que me esqueça,

pergunto-me:

terá sido a cerveja

que me caiu na fraqueza,

ou terá sido o coração

que me subiu à cabeça?