
(adão cruz)
Ainda com a presença na minha mente dos sujos e obscenos golpes da Venezuela e Honduras, bem ao estilo do imperialismo americano, e decorrendo de mais um miserável golpe na América Latina, no Equador, o meu pensamento voltou a escurecer e a enovelar-se num misto de raiva, revolta e indignação.
Raiva, revolta e indignação, catalisadas, ainda por cima, pela atribuição do Nobel da Literatura a Vargas Losa. Não que ele o não mereça do ponto de vista literário, mas porque, muito provavelmente, é um homem que abre uma garrafa de champanhe sempre que há um golpe imperialista, miserável e cobarde, na sua América Latina, não na minha.
Os meios de comunicação social, perversos, falsificadores, sem a mínima vergonha na escamoteação da verdade e na construção da mentira são o grande actor neste demoníaco teatro do silenciamento absoluto sobre o que não interessa que seja conhecido e da deturpação e manipulação da realidade. O seu objectivo, aos olhos de quem vê, é espalhar a ideia e a falsa imagem de que há atropelos à democracia, à liberdade e aos direitos humanos nas revoluções que gloriosamente se processam na América Latina.
Quem não entende, nos dias de hoje, sejam Losas ou milhares de reaccionários muito piores do que ele, a revoluções cubana, venezuelana, boliviana, equatoriana, nicaraguana e outras, muito provavelmente não entende nada do que se passa neste mundo.
Nunca pude conviver com a ideia de que a pobreza e a injustiça são naturais. E os povos destes países do continente sul-americano também não.
Eles têm dado ao mundo as mais exemplares lições de democracia. Tomaram os exploradores e sugadores de sangue humano serem capazes de obter a força eleitoral destes, a quem apelidam de ditadores. Porque tal força lhes é negada peremptoriamente por povos que ganharam consciência política e social, eles manipulam e falseiam tudo, através dos media que são seus, sem escrúpulos, a fim de criarem confusões e deturparem vergonhosamente a realidade. Quando nada conseguem eles fazem golpes, os mais brutais atentados à democracia, à liberdade e aos direitos humanos. A cobardia suprema, não é Sr. Obama?
Todos estes países em luta pelos mais elevados valores do ser humano são a mira constante da desinformação organizada dos meios de que são donos o capitalismo e o imperialismo desumanos, cruéis e insensíveis ao sofrimento da humanidade. Com a agravante injustiça e dramática consequência de levarem as pessoas sérias a tomar como verdadeiras as mais abstrusas e descaradas patranhas. Com o Nobel da literatura a abrir a boca por todo o lado, desde Washington ao Vaticano, vai ser um forrobodó.
E a igreja? Qual o papel da Igreja no meio de tudo isto? A Igreja dos pobres, dos desvalidos, dos explorados, dos massacrados, dos humilhados e ofendidos. Não sabem? Pois eu sei e muita gente há que também sabe. Falaremos dela no próximo texto.
Caro Adão, a organização do ‘Nobel’, este ano, voltou a dar uma no cravo e outra na ferradura. Condenou – e a meu ver bem – o regime opressor chinês, mas distinguiu um escritor que, ideologicamente, tem sido um inimigo dos povos sul-americanos a que está vinculado.
senhor adao cruz – o máximo… –