O manto protector

Exactamente: protector. Porque protector [pɾutɛˈtoɾ] ≠ protetor [pɾutɨˈtoɾ]. Aliás, a própria RTP percebe esta diferença. Efectivamente, se Luís Filipe Vieira pronuncia [ˌmɐ̃tu pɾutɛˈtoɾ], logo, “manto protector”. De facto, “manto protetor” [ˌmɐ̃tu pɾutɨˈtoɾ] não funciona em português europeu.

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manto protector

Comments

  1. Nightwish says:

    O Capela, o Vitor Pereira e quejandos são todos sócios…

  2. pedro barros says:

    Como é que se pronuncia “especular”? E “ilação”? E “actuar”? E o que é que uma consoante muda, ou a falta dela, tem a ver com o caso?
    Isto só mostra que os desacordistas não são “patetas”, são “pactectas”.

    • António Fernando Nabais says:

      Tomando como referência a grafia de 1945, o pedro sabe quantos lemas terminados em -ação se lêem com o A pretónico “aberto”, como é o caso de “ilação”? Sabe se, no conjunto desses lemas, a “abertura” dessa vogal é regra ou excepção? Se não souber, posso aconselhar-lhe a leitura de um artigo cujo conteúdo, até hoje, não foi posto em causa. O mundo do acordismo ou da indiferença ortográfica, de uma maneira geral, é constituído por gente que gosta de escrever e que evita ler.

  3. pedro barros says:

    António, a palavra escrita tem um valor fonológico que não corresponde necessariamente à leitura sílaba a sílaba. Porque é que uns pronunciam a palavra “excesso” com “ex” bem aberto, e outros com “es” bem fechado? E porque é que todos pronunciamos “muito” com “ui” nasal, apesar de não estar lá nenhuma indicação nesse sentido?
    Mas basta a sua lógica para validar isto, repare; se acha que “ilação” é pronunciado com aquele “a” aberto contra a regra geral porque é uma exceção, então, e por uma questão de lisura intelectual, aplique a sua lógica a , por exemplo, “direção”.

    • António Fernando Nabais says:

      Vejo, com satisfação, que reconhece que a ortografia não corresponde a um sistema de transcrição fonética, o que é um bom princípio para acabar por reconhecer que o chamado “critério fonético” é um disparate. Só lhe falta reconhecer que, na grafia de 1945, havia um conjunto de sinais diacríticos facilmente reconhecíveis que, muitas vezes (nem sempre, mas muitas vezes), serviam também para indicar o grau de abertura da vogal pretónica. Fique com os dados retirados do artigo a que faço referência no meu último comentário: tomando como referência a grafia de 1945, todos (repito: todos) os lemas terminados em -acção se lêem com o A pretónico “aberto”; usando a mesma referência, em cerca de 3000 lemas em -ação o A pretónico é “fechado”, à excepção de – preparado? – 9 (nove), sendo “ilação” um desses casos.
      Com o AO90, desaparece uma regra sem excepções e nascem 54 excepções onde só existiam 9. Imagine o que será, por exemplo, ensinar português a um estrangeiro e explicar-lhe que terá de decorar 54 excepções para saber em que ocasiões tem de “abrir” a vogal, quando antes bastava explicar-lhe que era suficiente ver terminações como -acção (o que nos pode levar, ainda, a falar do plural, já que, salvo erro, a vogal pretónica mantém a “abertura”).
      O problema dos “novos” lemas terminados em -eção relaciona-se com o nascimento de uma terminação que resulta da supressão de diferentes consoantes articuladas, o que, de acordo com pareceres já antigos, dará origem a várias confusões. É sintoma recente disso mesmo, entre muitos outros exemplos, a “recessão” de que não foram alvo os jogadores de um clube de futebol. A recepção, pois: uma das palavras que, por obra e graça do AO90, passaram a escrever-se de maneira diferente no Brasil e em Portugal. E voltamos ao início: o disparate do “critério fonético”.

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