Um molho de Nuno Melo, Salazar e Pavlov

O eurodeputado Nuno Melo criticou a presença de Rui Tavares num dos programas da nova tele-escola, como se pode ler no tuíte que encima esta prosa.

Como ainda não tinha assistido a nenhuma aula, resolvi ir ver, não fosse, por uma vez, Nuno Melo ter razão, algo de que ninguém está livre (peço desculpa pelo adjectivo, porque pode ser visto como uma alusão subliminar ao partido fundado por Rui Tavares).

Na realidade, Rui Tavares é um homem de esquerda, com passagens por alguns partidos. Nunca se sabe se poderia ter aproveitado a oportunidade para catequizar as pobres criancinhas de 5.º e 6.º ano. Por outro lado, Rui Tavares é doutorado em História, com obras publicadas na área, o que, por estranho que possa parecer, faz dele alguém especialmente habilitado para ensinar História. Há pessoas assim multifacetadas: tenho um amigo bancário cuja condição profissional não o impede de conceber uma magnífica carne de porco à alentejana. [Read more…]

Só sei que ninguém sabe

Não tenho o hábito de me informar sobre o vírus da moda, porque não tenho instrumentos e capacidade para saber se a informação distribuída pelos meios de comunicação social ou pelo governo é fidedigna, para não falar na multiplicação de opiniões completamente díspares sobre curvas e contracurvas, testes e infectados, mortos e curados.

Como sou um frequentador assíduo das chamadas redes sociais,

(rede também tem um sentido piscatório. Não chego a saber se sou pescador, se peixe)

tenho assistido, no entanto, a um debate, que digo eu?, um combate entre os que afiançam que Rodrigo Guedes de Carvalho arriou fortemente na ministra da Saúde e os que garantem que Marta Temido goleou o entrevistador. Uma análise muito leviana e suficiente permitir-nos-á perceber que os que elogiam o jornalista são da oposição ao governo; os outros são apoiantes do governo ou, no mínimo, adversários da oposição ao governo, que a política tem matizes que a razão desconhece.

Ou seja: os comentários à entrevista têm a mesma parcialidade e a mesma profundidade que é usada pelos histriões que participam naqueles programas em que hominídeos passam a horas a gritar que é ou que não é penálti, sendo evidente para ambos que é e que não é. [Read more…]

Marcelo Rebelo de Sousa, o 1º de Maio e a direita trauliteira

MRS

Ainda sobre as comemorações do Dia do Trabalhador, aqui vai um excerto do decreto presidencial (Presidente da República = Marcelo Rebelo de Sousa) que renova o estado de emergência para a sua terceira e última fase. A renovação foi aprovada com os votos do PS, PSD, BE, CDS e PAN, as abstenções do PEV e do Chega, e os votos contra do PCP, IL e Joacine Katar Moreira.

O decreto, que não está sujeito a aprovação parlamentar, é da exclusiva responsabilidade de uma pessoa: Marcelo Rebelo de Sousa. Não vou transcrever o que está escrito na imagem, parece-me claro e o destaque é objectivo, mas vou dizer isto: resumir esta situação a uma cedência do governo ao PCP e à CGTP não é apenas um absurdo. É, apenas e só, mais um exercício de manipulação da direita trauliteira do costume, ancorada nos observadores e no Twitter. [Read more…]

Roda livre

A empresa QUILABAN – Química Laboratorial Analítica, SA, cujo Presidente do Conselho de Administração é João Carlos Lombo da Silva Cordeiro, Presidente da  ANF – Associação Nacional das Farmácias durante 32 anos e ex-candidato à Câmara Municipal de Cascais pelo PS, celebrou, desde o início do Estado de Emergência, 46 contratos com o Estado. Estes contratos diferem de todos os outros que anteriormente já tinha celebrado, principalmente, pelo aumento exponencial dos valores envolvidos. 
Um deles, chama particular atenção. Trata-se de um ajuste directo em que a entidade adjudicante é a DGS – Direcção-Geral da Saúde e o valor do contrato maus de 9 (nove) milhões de euros (9.030.000,00€). Para além do valor, há um pormenor muito interessante: a razão apontada para o recurso ao ajuste directo é a URGÊNCIA IMPERIOSA (em maiúsculas no Base) de fornecimento de equipamento médico, mas concede-se um prazo de execução de… 268 (duzentos e sessenta e oito) dias! 
Quando um governo funciona em roda livre sem qualquer escrutínio porque quem o devia assegurar, demitiu-se há muito dessas funções (principal partido da oposição, comunicação social, tribunais e também o PR), tudo se consegue.

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