“Nunca pensámos que isto acontecesse”

A frase é da ministra da saúde, ouvida no noticiário de hoje às 13h, na SIC. Podia tê-la concluído depois das duas primeiras palavras. “Nunca pensámos”.

Então não pensaram que era preciso planear? Não tinham já visto o que aconteceu em Itália? Ou na Espanha? Ou em muitos outros países?

Se não pensaram no que poderia acontecer, quem quem é que ia pensar? Recebem um belo salário ao fim do mês para quê? Para vir dizer que não fizeram o que deveriam ter feito?

Desde o início da pandemia que assistimos a uma gestão política da coisa, em detrimento do planeamento e execução. Exemplos? Vejam-se os computadores prometidos para a educação há meses e que só tiveram a compra adjudicada em fim de Janeiro, depois do caos se ter instalado. Ou a constatação de que não existe um plano de vacinação, quando se sabia desde o início que haveria uma vacina. Ou, ainda, as conferências de imprensa diárias que foram actos de propaganda quando poderiam ter sido momentos instrutivos.

Portanto, Sra. Ministra, se não pensou, pensasse. Se não o sabe fazer, dê o lugar a quem sabe.

Só sei que ninguém sabe

Não tenho o hábito de me informar sobre o vírus da moda, porque não tenho instrumentos e capacidade para saber se a informação distribuída pelos meios de comunicação social ou pelo governo é fidedigna, para não falar na multiplicação de opiniões completamente díspares sobre curvas e contracurvas, testes e infectados, mortos e curados.

Como sou um frequentador assíduo das chamadas redes sociais,

(rede também tem um sentido piscatório. Não chego a saber se sou pescador, se peixe)

tenho assistido, no entanto, a um debate, que digo eu?, um combate entre os que afiançam que Rodrigo Guedes de Carvalho arriou fortemente na ministra da Saúde e os que garantem que Marta Temido goleou o entrevistador. Uma análise muito leviana e suficiente permitir-nos-á perceber que os que elogiam o jornalista são da oposição ao governo; os outros são apoiantes do governo ou, no mínimo, adversários da oposição ao governo, que a política tem matizes que a razão desconhece.

Ou seja: os comentários à entrevista têm a mesma parcialidade e a mesma profundidade que é usada pelos histriões que participam naqueles programas em que hominídeos passam a horas a gritar que é ou que não é penálti, sendo evidente para ambos que é e que não é. [Read more…]

Ventos que sopram de Espanha

Touro ESNo dia a seguir ao pedido de demissão da ministra da saúde espanhola, alegadamente envolvida no caso Gurtel, um caso de corrupção que envolve alguns dirigentes de topo do PP, Mariano Rajoy foi ao hemiciclo espanhol dizer aos deputados e ao país que “a maioria dos políticos são decentes” e que “a Espanha não está corrompida”.

Eu não conheço a realidade espanhola o suficiente para me poder pronunciar mas é interessante verificar que, como aqui, existem ministros que pedem desculpa. Claro que, neste caso, o pedido desculpa de Rajoy aproxima-se mais dos pedidos de desculpas de alguns papas pelas heresias eclesiásticas praticadas por alguns dos seus pares do que dos motivos que levam ao mesmo comportamento por cá, regra geral relacionados com incompetência e experimentalismos ocasionais. Sempre muito comovente.

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Leonor Beleza recebe doutoramento Honoris Causa

Os hemofílicos portugueses agradecem…

Maria do Céu Machado para ministra da Saúde

Theme park saúde

Fala-se em Maria do Céu Machado para ministra da Saúde. Pouco sei sobre as competências da pessoa em causa, especialmente no que se refere às competências médicas. Mas estas não são chamadas para o cargo em causa. São as competências políticas que neste caso interessam. Neste aspecto, recordo-me de uma entrevista que deu à RTP2 em 2007 onde afirmava (25-07-2007, Jornal 2, após o minuto 22):

  • Há quem use e abuse do serviço nacional de saúde;
  • Os doentes estão inscritos em vários centros de saúde e vão ao médico aqui e ali. Não é assim tão raro, a população gosta às vezes de ouvir outra opinião;
  • A população pede análises em vários sítios;
  • Acho extremamente difícil definir o que são consultas a mais […] Os médicos hospitalares estão sempre a queixar-se que os doentes não largam o hospital […] O doente sente-se bem em lá voltar daí a 3 meses, daí a 6 meses […]

A confirmar-se, concluímos que teremos como ministra da saúde alguém que acha que os portugueses usam o SNS como um parque de diversões, onde vão em busca de recreação, fazendo-o sem necessidade.

Agrupamento de Escolas da Lourinhã: A psicóloga e o filho da Ministra Ana Jorge

A informação chegou ao Aventar via mail: uma psicóloga da associação «Novos Sábios», sediada na Lourinhã, trabalhava há 3 anos na Escola E B 2 3 da Lourinhã, gratuitamente, com a promessa de que passaria a ser remunerada quando houvesse verbas para o efeito.
Ainda segundo esse mail, recentemente fora contratado para as mesmas funções, mas remuneradas, um outro psicólogo. A ser verdade, estaríamos na presença de uma história com contornos algo estranhos, de desperdício dos dinheiros públicos e falta de consideração pela psicóloga que colaborava com a escola há anos de forma gratuita. Nada de especial, num país onde os dinheiros públicos são geridos da forma que se sabe, não fosse o facto de esse psicólogo, Miguel Jorge Carvalho, ser filho de Ana Jorge, actual Ministra da Saúde.
O Aventar pôs-se em campo e chegou à fala com a psicóloga da associação «Novos Sábios», Raquel Mendes. Ouvimos também o Director do Agrupamento, Pedro Damião. Quanto ao psicólogo contratado pelo Agrupamento, Miguel Jorge Carvalho, não estava na escola e foi impossível recolher o seu depoimento.

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Agrupamento de Escolas da Lourinhã: A psicóloga e o filho da ministra Ana Jorge

A informação chegou ao Aventar via mail: uma psicóloga da associação «Novos Sábios», sediada na Lourinhã, trabalhava há 3 anos na Escola E B 2 3 da Lourinhã, gratuitamente, com a promessa de que passaria a ser remunerada quando houvesse verbas para o efeito.
Ainda segundo esse mail, recentemente fora contratado para as mesmas funções, mas remuneradas, um outro psicólogo. A ser verdade, estaríamos na presença de uma história com contornos algo estranhos, de desperdício dos dinheiros públicos e falta de consideração pela psicóloga que colaborava com a escola há anos de forma gratuita. Nada de especial, num país onde os dinheiros públicos são geridos da forma que se sabe, não fosse o facto de esse psicólogo, Miguel Jorge Carvalho, ser filho de Ana Jorge, actual Ministra da Saúde.
O Aventar pôs-se em campo e chegou à fala com a psicóloga da associação «Novos Sábios», Raquel Mendes. Ouvimos também o Director do Agrupamento, Pedro Damião. Quanto ao psicólogo contratado pelo Agrupamento, Miguel Jorge Carvalho, não estava na escola e foi impossível recolher o seu depoimento.

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Greves, Orçamento, Ano Judicial e afins

A Ministra da saúde, veio apelar ao bom senso dos enfermeiros. Que tal o Governo começar a dar o exemplo desde logo no Orçamento e naquilo a que chama de “défice reduzido”? Isto para além dos custos futuros para as novas gerações.

E por falar em bom senso, e, pelos vistos em falta de comunicação, a Marinha disparou contra embarcação da Polícia Marítima. Aquilo em alto mar deve ser uma seca, por isso o pessoal tem que se entreter com qualquer coisa. Podiam era ter um pouco mais de cuidado.

O Governo dos Açores teima em querer comprar Magalhães. Façam como o Ministro das Finanças, e usem um da concorrência… Até mesmo a nova engenhoca da Aple, que, pelos vistos, é um iPhone em ponto grande. Deve ser uma questão de hormonas ou fermento (dizemos nós que queremos é vender muitos Magalhães…)

Em cada sessão de abertura do ano judicial, é cada vez mais patente o desacerto da nossa Justiça. Aconselho a leitura, sem frases truncadas ou retiradas do contexto, do discurso integral de A. Marinho e Pinto para se perceber porque é que há gente que insiste em descredibilizá-lo.

Por fim, e apesar do que dizem os nutricionistas, e por via das dúvidas, dou de conselho aos amigos continuarem a comer presunto.

Tomar ou não a Vacina da Gripe A

BLOGGER CONVIDADA – MÓNICA LALANDA*

 

Senhora Ministra da Saúde, escute-me:

9 de setembro de 2009 – Senhora Ministra, proponho-lhe que seja a primeira espanhola a vacinar-se contra a Gripe A. De facto, com este despropósito chamado autonomias, se V/ Excia se vacinar junto com toda a gente que nos governa em Espanha, o grupo de controle seria suficientemente grande para nos sentirmos todos mais seguros.

Verá V/ Excia, agradeço que me tenha colocado à cabeça dos grupos de risco e que tenha V/ Excia tanto interesse em que eu não apanhe a gripe.

Entendo que V/Excia me necessita para que o sistema de saúde não entre em colapso;

no entanto, é uma grande pena que, da mesma forma que se preocupa V/Excia pela minha

saúde e de repente me valorize como um bem nacional, não se preocupe com a minha

situação laboral. Convido-a a vir ver o meu contrato ou o do resto dos médicos neste país. Na grande maioria, trabalhamos com contratos que no resto da antiga Europa seria uma vergonha.

Senhora Ministra, eu não vou vacinar-me. O vírus não acabou de mutar e a partir da última mutação deverão passar seis o oito meses para elaborar a respectiva vacina. Ou seja, a vacina que nos propõem não pode ser efectiva. Quanto à sua segurança, já temos a experiência de vacinas para a gripe fabricadas à pressa; usam-se adjuvantes perigosos

para poder por menor quantidade de vírus. Francamente, eu prefiro ter muco durante três dias do que sofrer un Guillain-Barre.

 

Senhora Ministra, não gosto de ser um coelho-das-índias. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças da UE "está à espera de saber quais são os efeitos da vacina nos adultos sãos para detectar possíveis consequências adversas". Olhe, prefiro que V/Excia a teste e depois me conte.

Senhora Ministra, o assunto está a fugir-lhe das mãos. Já está mais que claro que este vírus, embora muito contagioso, é muito pouco agressivo e mais de 95% dos casos evolui de forma leve. Espera-se um máximo de 500 mortes frente às 1.500 a 3.000 que provoca a gripe tradicional.

Enquanto isso, V/ Excia está a permitir um desperdício de recursos inaceitável. Muitos hospitais no país estão a ser objecto de alterações arquitectónicas absurdas e desnecessárias para se prepararem para uma hecatombe que já sabemos que não vai acontecer. V/ Excias gastaram 333 milhões de euros nesta pandémia de cor e fantasia. A mortalidade do vírus é de 0.018%, francamente irrisória.

Senhora Ministra, deixe que lhe recorde que a Gripe A matou até agora 23 pessoas e que tem uma taxa de incidência de 40-50 casos por semana em cada 100.000 habitantes. No entanto, o tabaco produz em Espanha 40.000 mortes por ano e 6.000 por tabagismo passivo. Isso sim é uma pandémia, mas V/ Excia prefere ignorá-la. é um tema menos atractivo e que lhe criaria uma multidão de inimigos. Dos 447 mortos nas estradas espanholas em 2008, nem falamos, porque não é do seu pelouro.

Senhora Ministra, explique-me por que motivo tem V/ Excia o Tamiflu sob custódia do exército. A eficácia dos antivirais nesta gripe é duvidosa e, de qualquer forma, o único efeito que têm é reduzir um pouco a duração dos sintomas e com efeitos secundários não desprezíveis. Qualquer um diria que V/ Excia guarda com 7 chaves a cura contra o cancro ou a peste bubónica. Ponha o fármaco nas farmácias que é onde deve estar e deixe-se de fantasias mais apropriadas a Hollywood. Em alternativa, faça algo sobre a patente do osetalmivir e permita que o fabriquem outras companhias farmacêuticas, assim não há encargos com restrições.

Senhora Ministra, as previsões da Organização Mundial de Saúde já se extrapolaram em ocasiões anteriores. Quando foi da gripe das aves, previram 150 milhões de mortos que afinal se ficaram pelas 262 mortes. Voltaram a enganar-se, não importa. O importante é parar esta loucura em que estamos lançados e essa, senhora Jiménez, é responsabilidade sua.

Senhora Ministra, isto é dum cinismo muito grande. Há demasiada gente a comer a sua garfada neste assunto. Não só os fabricantes das vacinas e dos antivírus mas também os que fazem as máscaras, os da vitamina C, os do bífidus activo, os fabricantes de ventiladores artificiais e pulsioxímetros, os dos lenços descartáveis, os produtos de

desinfecção das mãos, até os presos com doenças incuráveis que querem aproveitar para ir para casa. No entanto, não me negará tão pouco que a cortina de fumo lhes veio a calhar ao seu governo agora que a crise segue a sua marcha, o desemprego tem níveis históricos, sobem-nos os impostos, sobe o IRC e baixa o PIB. Uma coincidência, suponho.

Senhora Ministra, uma coisita mais. Se tiver que ver muitas mais fotos suas a meia página com olhar astuto, trajes sexys e poses de modelo… vai-me dar uma coisa !

* Mónica Lalanda passou os últimos 16 anos em Inglaterra, a maioria como médico de urgências em Leeds (West Yorkshire). Actualmente trabalha na unidade de urgências do Hospital General de Segóvia, participa em várias publicações inglesas e também produz ilustrações para revistas e livros  médicos.