Entregar as colónias foi um disparate*

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Depois de ver estas quatro fotos do Grande Hotel Beira-Moçambique, é impossível não dizer que a entrega das colónias foi um disparate e que o resultado está à vista. Afinal, aquela gente sabe lá governar-se a si própria! Para os mais destatentos, sempre se dirá que as duas fotografias de cima foram tiradas antes da independência e as duas de baixo em 2007.
Assim se prova que que a política colonial portuguesa era justa e estava no bom caminho. A limpeza, a alegria, o arranjo dos espaços exteriores, os relvados e uma piscina pejada. Em baixo, a destruição, a miséria, o abandono, o tribalismo.
Claro que em cima não se vê nenhum negro, apenas brancos das classes médias. Pelo que se vê em cima, o desenvolvimento fazia-se de e para os brancos. Mas isso são pormenores, não são?

* com Luís Moreira

Comments

  1. Luis Moreira says:

    É isso, estas fotos são uma acusação, ao contrário da leitura de alguns. Os locais não tinham nem têm capacidade económica para frequentar o hotel.É por isso que está neste estado.

  2. Snail says:

    Bom, agora batemos no fundo. Tanto o post como o comentário, deixaram-me sem palavras.Confesso que nem sei por onde começar ou, mesmo, se vale a pena começar.As idéias dos dois textos acima referenciados estão tão baralhadas que me deixam boquiaberto.Ainda por cima, as fotos são de Moçambique, onde estava como Alf. Mil. em Abril de 1974, vejam só…Bom, para começar (e acabar, se não ficaria aqui o dia todo a teclar), como diabo o amigo Ricardo foi buscar o título de ENTREGAR AS COLÓNIAS FOI UM DISPARATE??? Nós entregámos alguma coisa ou, neste caso, foi a Frelimo que se assumiu como representante do povo moçambicano e nos FICOU com o território?Por outro lado, que queria que se fizesse? Continuar a guerra? Fazer uma Federação? A história do mundo, a história de África não lhe diz nada?E por aqui – só pelo título – me fico.

  3. Luis Moreira says:

    É uma ironia, Snail. A ideia é que como não deixamos uma classe média com capacidade financeira para fequentar estes locais ,inevitavelmente, degradam-se.

  4. Ricardo Santos Pinto says:

    Caro Snail,Estou muito habituado a que, aqui na blogosfera, não percebam as minhas ironias e as minhas indirectas. Já tenho tido alguns dissabores por causa disso.Mas o Snail já tinha obrigação de me conhecer melhor. Já me conhece do «5 Dias». Acha mesmo que aquilo, da primeira à última linha, reflecte a minha opinião? Ou não será antes um conjunto de indirectas aos saudosistas do 24 de Abril?Abraços.

  5. Snail says:

    Pois bem, concedo que post pretenda ser uma ironia. O problema é que tem muito de verdade.Se não, vejamos:A economia do país foi arrasada; o chamado “socialismo” conduziu a que a terra tenha de ser sempre do Estado, não sendo possível nenhum investidor (individual ou institucional) aplicar os seus capitais no imobiliário, pois a propriedade dos terrenos nunca lhe pode pertencer.Ou, dito de outra maneira, o investimento no imobiliário caíu, os prédios degradaram-se, as fábricas (e os respectivos equipamentos) estão em ruínas, a pobreza disparou e a fome é imensa em Moçambique.Sabem que não há transportes públicos, dignos desse nome, em Maputo? Sabem que a taxa de desemprego é incomensurável em Moçambique?Pergunto se um povo com fome é livre? Se me respondem afirmativamente, vão a Moçambique e vejam as ruas pejadas de lixo, os prédios em ruínas, os bairros sem água, a população com a maior taxa de Sida em todo o continente africano…Admirem a liberdade de um povo que desbaratou o que tinha (não interessa se pouco se muito), com as promessas de um socialismo que lhes garantia o céu na terra.Vejam os hotéis da Beira todos vandalizados e em ruínas; as populações caminhando quilómetros ao longo das estradas, com um ou dois cântaros de água à cabeça para as suas necessidades pessoais; a tristeza de um povo que foi enganado duplamente: pelos portugueses que lhes prometeram o que era uma clara utopia e pelos seus próprios irmãos que lhes acenaram com outra utopia de sentido inverso.Foi nisso que deu a liberdade do socialismo..E pergunto agora se este povo merecia isto?Para terminar dois pequenos pormenores sobre a demagogia do post: não vejo, em qualquer das quatro fotografias, nenhuma situação de “tribalismo”. O Grande Hotel foi ocupado por gente sem casa que o destruiu, pela sua necessidade de sobrevivência, com prejuízo da riqueza que esta unidade turistica poderia trazer para o País. Diga-se aliás que na Beira não há – actualmente – nenhum hotel digno desse nome. Mas “tribalismo” isto?Quanto ao pormenor de que “em cima não se vê nenhum negro” parece anedota. Lamento que a fotografia seja pequena e não possamos analisar a cor da pele das pessoas. Posso porém garantir que, entre 1971 e 1974, em várias vezes que estive na Beira, assisti à presença de famílias negras quer na Praia do farol, no Macuti, quer jogando mini-golf nas instalações do Estoril, agora totalmente destruídas e vandalizadas. Nem me recordo que o desenvolvimento se fizesse “de e para os brancos”. Então e, por exemplo, a população indiana, que detinha o quase monopólio do comércio?Pequenas imprecisões habilmente esquecidas…

  6. Luis Moreira says:

    Claro que tudo o que diz é uma tristeza.Está fora de questão que os novos países de expressão portuguesa perderam imensas oportunidades.E nós em 500 anos tambem cometemos muitos erros.Mas a verdade é que se calhar o maior erro é pensar que o povo africano gosta de hóteis.O prazer de viver em hotéis tambem vem com um determinado nível de vida e de educação que nós, definitivamenbte, não deixamos no povo africano!

  7. Penso que o “nós” do comentário acima deve ser para todos os colonizadores europeus e não apenas para os portugueses. Todos agiram da mesma forma. África interessava pelas riquezas da terra e pouco mais. A Europa tirou muito e deixou pouco.

  8. maria monteiro says:

    maior erro é pensar que hoje, em pleno secúlo xxi ,o povo africano precise de novos colonizadores

  9. adolfo H says:

    A Beira não tem nenhum hotel digno desse nome?Onde é que esta gente anda para dizer isto?Toda a cidade da Beira é um erro de construção.Custa mais fazer uma moradia na Beira que um prédio em Cascais.Ou as pessoas não sabem que esta magnifica terra foi construída sobre matope. Vejam as fotos do principio do século XX, para pereceberem o que estou a dizer

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