CÂMARA DE LISBOA: CONVERGÊNCIA DE ESQUERDA?

Hoje, o jornal ‘Público’ noticia o lançamento via Internet de uma petição, já subscrita por cerca de 170 nomes – os nomes é que subscrevem? – intitulada “Apelo à Convergência de Esquerda nas Eleições de Lisboa”.

A referida petição, ainda segundo o ‘Público’, “será entregue aos partidos políticos e movimentos de cidadãos que concorrem às eleições autárquicas”. Há mil e uma questões a submeter aos protagonistas da iniciativa. Todavia, uma primeira que me ocorre é sobre a frase “será entregue aos movimentos de cidadãos”- para quê? Ou é erro do ‘Público’ ou há a tentativa de manipulação da opinião pública, por Paulo Fidalgo e/ou outros protagonistas da petição. Com efeito, enjeito a possibilidade dessa gente ignorar o estabelecido no n.º 1 do art. 17.º da Lei Eleitoral das Autarquias Locais, Capítulo II – Apresentação de Candidaturas.

A hipótese de manipulação é, para mim, a mais plausível; por mera coincidência, Helena Roseta, em nome dos Cidadãos por Lisboa, acaba de declarar em entrevista a Luís Novaes Tito do ‘Público’, sim do ‘Público’, o seguinte: “há um impedimento legal à participação de movimentos como o nosso em coligações eleitorais” – Cidadãos por Lisboa: Notícias.

Tudo isto significa o quê? Que podemos estar em presença de mais uma manobra, desta vez realizada, sem mestria, por Paulo Fidalgo e companhia, sob a produção do PS – Mário Lino, outro renovador; este último, lembremos, com o topete da renovação do Cais de Contentores de Alcântara sem concurso público, e com adjudicação à TERTIR / MOTA-ENGIL.

O Bloco Central, a 18 de Janeiro deste ano, urdiu e aprovou a Lei Eleitoral das Autarquias Locais. PS e PSD, partidos de governo, sempre que necessário, entendem-se. Propositadamente, ignoram as outras formações partidárias e os movimentos de cidadãos, na maior parte do tempo. Nestas acções, o PS assume-se como um exímio autista. Escolhe o caminho de constantes derivas. Apenas confrontado com o risco da perda de poder recorre ao expediente ardiloso de se querer aliar ao PCP, ao BE e a tudo o que lhe cheire a esquerda.

A história política é demasiado fértil em alianças do género, na maioria das democracias ocidentais. Maurizio Cotta em ‘Democracia, Partidos e Elites Políticos’, editado por Livros Horizonte (Circap – Centro Interdipartimentale di Ricerca sul Cambiamento Politico: Maurizio Cotta), é bastante eloquente quanto ao fenómeno das relações intra e interpartidárias, abordando a tese dos partidos descartáveis. Invoca o exemplo da coligação, em finais dos anos 1970, dos Partidos da Democracia Cristão e Comunista de Itália (Compromisso Histórico). Quando ficou seguro da grande erosão do eleitorado do PCI, o PDC extinguiu o compromisso.

A “convergência de esquerda”, agora engenhosamente oferecida pelo PS, poderá fazer incidir sobre a esquerda autêntica um segundo golpe eleitoral, complementar daquele que o mesmo PS aplicou na aprovação da Lei Eleitoral das Autarquias Locais; lei que, recorde-se, concede ao partido vencedor o direito a uma Presidência privilegiada pelo benefício da escolha, entre os eleitos de confiança, de 2/3 dos vereadores. Note-se que à falta de proporcionalidade estabelecida adiciona-se o facto de, em Lisboa, o número de vereadores ficar reduzido de 17 para 12, a partir das próximas eleições. Ou seja, a concelhia de Lisboa do PS quer António Costa e mais 8 amigos vereadores. Toda esta gente é de esquerda a sério? Duvido e com as derivas do PS estão os portugueses desiludidos. Coliguem-se com o BPN ou o BPP.

MFL está a abrir o caminho a quem?

Rangel é uma estrela em ascensão e está a fazer um bom trabalho num lugar difícil e de grande visibilidade política. Mandá-lo para Bruxelas à conta de quê?

Marques Mendes já foi tudo cá dentro excepto Primeiro Ministro que não vai ser. É o melhor cabeça de lista às europeias do PSD. Todo o país o conhece e tem boa reputação.

Rui Rio sabe bem que ir para Bruxelas é o fim do caminho. O mesmo se diga de Passos Coelho. Têm demasiadas ambições para se enterrarem em Bruxelas.

Então Manuela Ferreira Leite ao mandar Rangel para Bruxelas está a abrir o caminho a quem? Não podemos esquecer que tem uma vida política muito cheia e quase 70 anos. Esta é a última batalha.

RAIOS PARTAM OS MEDICAMENTOS

Isto das farmácias se quererem sobrepor aos médicos não pode acontecer. Os senhores doutores médicos é que sabem se o medicamento que receitam pode ou não pode ser substiuído por outro. Esta coisa de se querer beneficiar os doentes arranjando medicamentos mais baratos não beneficia ninguém, nem médicos, nem farmácias nem doentes.
A maior parte das vezes os chamados genéricos não prestam para nada, e assim os doentes não melhoram. Se não melhoram têm de comprar outros que lhes tragam saúde.
Desta forma os doentes são prejudicados na sua saúde e na sua bolsa.
A maior parte das vezes os medicamentos chamados genéricos são mais baratos, logo o lucro das farmácias é menor. As boticas são assim prejudicadas nas suas receitas.
A maior parte das vezes os chamados genéricos, se não forem receitados pelo médico e não surtirem o efeito desejado, a culpa é sempre do clínico que os não receitou mas aceitou a troca, e assim fica perante o doente numa posição fragilizada. Os médicos são desta forma prejudicados pelos efeitos menos bons do remédio.
Em todo este contexto, as farmácias surgem como más da fita ao quererem que os doentes paguem menos por um medicamento que o governo se farta de nos dizer que é igualzinho aos de marca. As farmácias não têm esse direito. Como não o têm de prejudicar as farmacêuticas. E aqui é que a “porca torce o rabo”.
Há interesses instalados! Das farmacêuticas e dos médicos que em muitos dos casos poderiam facilmente receitar um medicamento genérico, mas não podem “à cause des congrés”, e de outras coisas de que se fala.
Por causa de todos os interesses instalados, logo saltaram abespinhados os médicos e agora o governo, que, para salvaguardar, não os interesses dos cidadãos, mas outros, porventura escusos, já fez saber que se o doente aceitar trocar o medicamento receitado pelo médico, por outro genérico, sem o consentimento prévio do clínico, esses medicamentos não serão comparticipados pelo estado. Só podemos ter medicamentos de marca, apesar do governo dizer que quer aumentar o número de genéricos receitados e vendidos. A mania das grandezas, misturada com mentiras surdas.
Abençoado País que tal governo, amigo dos governados (alguns deles), tem!
Carago (como se diz aqui na minha terra), e não há forma de os pormos daqui para fora?

O 'test drive' da adopção e a incompatibilidade com o canídeo

Podias-me emprestar 500 euros? / Não. Não tenho aqui. / E lá em casa? / Lá em casa estão todos bem, muito obrigado.

Foi desta pequena história sobre a arte de desconversar que me lembrei hoje quando acompanhava a caixa de comentários online de uma notícia breve do jornal Correio da Manhã inserida numa reportagem sobre 80 crianças adoptadas que foram devolvidas às instituições sociais.

Numa caixa que acompanha a notícia principal, o jornal conta que “em 2006, ao fim de uma semana, um casal da Região Centro devolveu a criança que lhes foi confiada, porque não se dava bem com o cão. “O cão já estava com a família há muito tempo”, terá sido a explicação”, relata o CM. Esta criança foi uma das 80 que foram devolvidas às instituições nos últimos quatro anos, durante a fase de pré-adopção, o período experimental de seis meses em que vivem com os pais adoptivos. Assim, uma espécie de ‘test drive’ para ver se as pessoas gostam ou preferem um novo modelo. Uma fase que acontece depois de um longo processo de avaliação da família adoptante.

E o que diziam os comentários?

Os comentários que foram surgindo ao longo do dia abordavam a questão do abandono da criança versus o abandono do cão e de as crianças serem mais ou menos importantes que os cães no seio de um família. Uma senhora jurava, sob o peso de uma sentença de morte, que não trocava o seu cão por um ser humano.

Posso até estar errado mas parece-me que há qualquer coisa de estranho nestas reacções. Não creio que a questão a ter em conta nesta história seja a incompatibilidade entre o cão e a criança. O mais certo é que no final da semana – convém realçar, uma semana -, em convivência com o petiz adoptado, as pessoas deste caso tenham percebido que tinham cometido uma asneira. As possibilidades são várias e vão do facto de não terem gostado da uma criança que lhes foi entregue até terem percebido que, afinal, já não queriam mais ninguém na vida deles. Depois terá sido apenas encontrar uma desculpa para devolver o miúdo à procedência. Como se de um produto se tratasse, alega-se a existência de um defeito e, pronto, não tem de se fazer mais. Como não conheço os detalhes deste processo, fico-me por aqui quanto a especulações.

Esta notícia vem complementar uma outra, da Lusa, de Novembro passado, segundo a qual, nos últimos três anos, mais de 70 crianças que foram acolhidas por uma família para adopção foram devolvidas às instituições, no âmbito das pré-adopções.

Nessa altura já se falava da questão do cão, daqueles que perceberam que um fedelho lá em casa custava muito dinheiro e de uns para quem bastou um fim-de-semana para tirar a pinta ao pirralho. Foram umas dezenas de casos, todavia importantes, no meio de 1431 crianças que acabaram integradas nas famílias que iniciaram a pré-adopção.

Naquela altura, Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social, dizia à Lusa que alguns candidatos chegavam a ser indignos e revelaram falta de preparação. Uma possibilidade, de facto. Mas não deixa de ser estranho que estas pessoas tenham queimado etapas num processo longo, de cerca de cinco anos, em média, e que envolve diversas avaliações, incluindo entrevistas pessoais de várias horas.

Em Novembro, as Listas Nacionais de Adopção indicavam a existência de 1.856 crianças em condições de serem adoptadas e 2.363 candidatos inscritos.

Métodos revolucionários 2

Nota introdutória:
Estes métodos revolucionários são antes de mais, processos de reflexão e de sugestão à reflexão. Eu bem sei que esta sociedade tem muito pouca prática no que toca à compreensão de metáforas ou mensagens subentendidas, e exactamente por essa razão os métodos revolucionários que proponho (ainda que entendidos à letra) estão precavidos de prejuízos maiores. Não se assustem, porque não vou incentivar ao suicídio colectivo, nem tão pouco pedir que se atirem ponte abaixo! Ainda que acredite… certamente haveria quem o fizesse.
Para todos os efeitos adoraria que me cuspissem à porta de casa, mas com a certeza de saberem o porquê de o fazer.

Então o método revolucionário número dois, explica-se assim:
Com seis anos de idade uma criança é introduzida num sistema de ensino, denominado instrução primária. Durante quatro anos receberá formação elementar na área e domínio da língua portuguesa, das ciências, história e matemática, e muito possivelmente existirão alguns exercícios que estimulem a sua capacidade de expressão artística, através da educação visual. Nos seguintes anos de escolaridade, respectivos ao ensino básico, o cenário é relativamente idêntico: alguma especificação na área das ciências, no domínio da linguística (com a introdução ao ensino de uma língua estrangeira), o aprofundamento de áreas como a história, a geografia e matemática…e a educação visual.
Eis que uma criança chega aos 15, 16 anos de idade, com um conhecimento básico em diferentes áreas disciplinares, razão pela qual se presume que esta criança terá já uma vaga ideia acerca da(s) disciplina(s) que estará mais capacitada para seleccionar e desempenhar numa fase seguinte. (“capacitada”, pode também significar uma escolha com base nas disciplinas que se gosta mais, ou numa selecção que exclua as disciplinas em que se tem mais dificuldades)
Na fase seguinte respectiva ao ensino secundário, as áreas disciplinares são mais específicas tendo em vista a progressão académica do aluno, e o futuro ingresso num determinado curso universitário. Neste processo, o aluno tomará decisões e fará escolhas determinantes no pacote de conhecimentos e técnicas, que quando terminada a sua carreira académica (curso universitário incluído), classificarão a sua utilidade e importância no funcionamento da sociedade. À classificação da utilidade corresponderá um salário, que varia de forma relativamente homogénea dentro da respectiva profissão.
A carreira académica poderá ainda prolongar-se com mestrados e doutoramentos, que podem acrescentar maior especificidade ao papel do indivíduo, clarificando ainda mais a sua utilidade nesta super-estrutura.
Agora repare-se, todo este processo é condicionado pela máxima capitalista que relaciona a oferta com a procura.
Por exemplo, se existirem demasiados médicos, relativiza-se a sua contribuição para a sociedade, e a sua remuneração será mais baixa, por força do aumento da oferta. Está tudo ligado.
Neste sentido, e para fazer frente à concorrência, o médico especifica-se numa área especial da medicina, aproximando-se de um nível de exclusividade que reequilibra as relações de oferta e procura, permitindo-o voltar a receber uma remuneração digna da sua contribuição para a sociedade.
É assim para todas as profissões, até para o futebol… Houve alturas que os jogadores mais valiosos eram os pontas-de-lança, porque marcavam golos. Agora, já se percebeu a importância que um bom lateral esquerdo pode ter, e o quão valioso pode ser um jogador deste género… principalmente, numa altura em que cada vez há menos esquerdinos.
Agora quando uma criança de 6 anos diz ao pai que quando crescer quer ser jogador de futebol, a obrigação paternal é imediatamente aconselhar o filho a saber jogar com os dois pés… Nesta vida de competição, não podemos todos ser pontas de lança, portanto, mais vale preparar o puto para ser um bom defesa esquerdo. Qualquer pai mais preocupado não se descansa em ver o filho decidido a ser um médico… No mínimo um médico cardiologista, para não dizer um cardiologista especializado no ventrículo direito, que o esquerdo (segundo estatísticas) dá menos problemas, logo menos dinheiro.
Obviamente que determinadas profissões carecem de especificação, o que implica que serão menos remuneradas. Infelizmente ainda não se procuram encarregados de armazém especializados a arrumar pacotes de arroz… nem sequer encarregados de armazém especialistas a rotular comida de gato. Nestes casos, a progressão faz-se num sentido hierárquico, de empregado para encarregado, de encarregado para chefe, de chefe para gerente, de gerente para director, de director para presidente…e por aí… Percebe-se que nestes casos, o investimento na educação e formação poderá não ser preponderante na progressão de carreira, daí que exista tão poucas crianças que desejem um dia serem encarregados de armazém… e tão poucos pais que aconselhem os filhos nesse sentido. Mais, mesmo que a remuneração correspondente a um director de armazém seja desejável, é preferível contornar todo aquele processo de progressão demorada (e sempre tão dependente de variados factores, nos quais se inclui a capacidade de trabalho) e atalhar de imediato por uma carreira na área de gestão e marketing.
São três anos numa universidade, que poderão poupar penosos anos de trabalho não qualificado só alimentados pela esperança de ascensão. Se por acaso não se conseguir um digno cargo nos headquarters da Vodafone, ao menos que exista um lugar na direcção dos armazéns do Minipreço…o que conta mesmo é o vencimento no final do mês.
E atenção, quando se fala em cargos de chefia, a questão da especificação volta a ser importante, e extremamente condicionante no papel e lugar social que o indivíduo vai ocupar. Um licenciado em gestão de marketing, com uma tese de mestrado em telecomunicações está uns lugares à frente na corrida aos headquarters da Vodafone. E claramente melhor posicionado quando concorrer contra o encarregado de armazém, na disputa pelo lugar de director do Minipreço. (Salvo condições especiais, das quais se destaque a famosa cunha, ou a disponibilidade do concorrente,em “abrir as pernas” a um salário consideravelmente mais baixo… as habilitações académicas vencerão, em condições normais, os anos de experiência num trabalho não qualificado.)
Resumindo, todas estas voltas para conseguir demonstrar o quão importante é uma formação específica, e o quanto a nossa sociedade valoriza o esforço individual da especificação.
E porquê?

Porque sim.
É um dado adquirido, e a sociedade não tem dúvidas em reconhecer na especificidade uma mais valia para o seu funcionamento. Mais, a sociedade entende que a especificidade surge claramente no seguimento do binómio económico que regula todo o capitalismo: a oferta e a procura. E são múltiplas as vantagens que daí derivam: criação de mais empregos; disponibilização de mais serviços e bens; estimulo do desenvolvimento científico e tecnológico, enfim… crescimento económico.
Sendo do senso comum, que gente de estudos é gente qualificada…será que é verdade que gente de muitos estudos, é gente ainda mais qualificada?
Não necessariamente… principalmente se esses estudos não significarem uma especificação.
E porquê?

Porque sim, é um dado adquirido e já diz o povo: cada macaco no seu galho! Então agora era o que faltava, eu estar no consultório do dentista, e por traz da cadeira ele ter lado a lado, o diploma de medicina dentária e de engenharia mecânica. Quem é que confiava os dentes, a quem trabalhou 5 anos que seja, a desaparafusar válvulas de turbinas? Ainda por cima, sendo o dentista um gajo novo? Foge!
Qual é a cara de um pai, quando um filho termina a magistratura e decide que afinal quer é ser bombeiro? Arde
c
om a casa!
E será que é possível, nesta sociedade, alguém ser professor de História da Arte e simultaneamente animador cultural num Hotel em Vilamoura? Quem vai votar num político, que depois da licenciatura na universidade moderna, cursou o ensino qualificado do Chapitô?
E não me venham com as tretas das virtudes inigualáveis da especificação, porque eu aposto que se por ventura existir um professor de História de Arte, com experiência em animação cultural ele terá capacidades únicas e exclusivas, em conduzir uma aula…e deveria obviamente ser reconhecido por isso. E não me digam que não urge alguma criatividade e disposição às políticas dos últimos 500 anos, e que de tudo que se experimentou, muita falta faz as ideias de um palhaço devidamente qualificado para o efeito.

O método revolucionário número dois, é precisamente este: substituir a ultra especificação, pela pluralidade disciplinar. Assim, poderemos finalmente emergir desta lógica pós-moderna que nos faz crer que o desenvolvimento humano depende duma constante melhoria e aperfeiçoamento das técnicas e conhecimento já adquirido. Sinceramente, e observando os resultados do desenvolvimento humano nos últimos 500 anos, penso que será mais importante procurar novos processos de formação que visem, um verdadeiro conhecimento novo (ao invés de um velho constantemente reinventado).
Neste sentido, vamos estimular a imaginação que se perde com a maturidade, e que tanto é necessária na procura de novos caminhos, novas soluções…e definitivamente… novas sociedades.
O poder da criatividade, e a capacidade que um individuo tem em relacionar conhecimentos e técnicas, são a arma mais poderosa contra sistemas opressores, contra sistemas que condicionam a nossa vida, em prol da estabilidade social que tanto convém à promulgação de sociedades desiguais, estratificadas e claramente segregadoras.

Nota: Não é por acaso, que um dos maiores motes das revoluções socialistas era precisamente o combate ás monoculturas infligidas. Este era um processo económico, através do qual os países centrais retiravam toda a soberania de países periféricos, deixando-os à mercê dos seus interesses, da sua subjugação, da sua exploração.
Hoje, o imperialismo capitalista generalizou-se de tal forma, que os indivíduos desta sociedade global, mimetizam não só entre países, mas também nas relações entre indivíduos, os princípios basilares das sociedades capitalistas de que fazem parte…
Não o farão comigo.

Rui Rio candidato ao Parlamento Europeu

Ao contrário do José Magalhães, palpito que Rui Rio vai ser o candidato do PSD às próximas eleições europeias. Se repararem, não há cartazes do PSD para as Europeias,nem de Rui Rio para as Autárquicas.
Seria uma jogada de mestre: por um lado, o Partido apresentava um candidato muito forte e com muitas hipóteses de vencer; por outro lado, Manuel Ferreira Leite revelava-se capaz de surpreender e de um genial «golpe de asa»; por fim, o PSD jogava no terreno do PS no que respeita às Autárquicas, sendo que Elisa Ferreira nunca poderia criticar o adversário pela decisão tomada.
Apenas um senão: o eleitorado do Porto nunca perdoaria a Rui Rio essa opção e antes a encararia como querendo o autarca assegurar um cargo com medo de perder a Câmara meses depois. E, como fez com Fernando Gomes, dar-lhe-ia a derrota.

Cão Allgarvio

O único cão que gostou de mim foi um cão d`água do Algarve como são todos. Usados para ajudar à pesca, nadavam à volta do cardume cercando-os com a rede. Estiveram muito próximo da extinção.Conta-se que foi um americano de visita ao Algarve que convenceu uns pescadores a oferecerem-lhe um exemplar. Conhecedor, salvou-os da extinção. É um animal muito dócil e amigo, vivo e brincalhão. Merece a Casa Branca.

Mas no meio desta alegria tenho algo a atormentar-me. É que nunca vi um cão d`água genuíno com manchas brancas! Haverá por ali americanices, cruzamentos com um rafeiro qualquer lá do Rancho Busch? E a Michele não vai estragar o “rapaz” com umas vestimentas ridículas?

O melhor mesmo e para que comecemos a pensar num movimento à escala mundial em defesa do “nosso algarvio”, é mostrar um exemplo da vergonha a que podemos estar sujeitos!

O CÃO DE ÁGUA

Falar sobre o cão de água português, vem a propósito do novo cão da família Obama. Num repente, já se diz à boca cheia, que na Administração Americana se fala Português. Se bem que já escolhido (dizem que será “Bo”), o cachorrinho ainda não terá nome oficial, e já se movimentam por aí, grupos a tentar arranjar o nome ideal para o bicho. Por mim, o nome de sonho, já que é uso moderno dar nomes de pessoas aos animais de estimação (e já agora o sr Obama deveria juntar à raça um nome bem Português), bem poderia ser Sócrates, já que tejo, bobi, piloto ou fiel, estão decididamente fora de moda. Para além disso, consta que ladrará como qualquer outro e não morderá se bem ensinado.

Cansa imenso estar constantemente a ouvir falar do que o sr Obama faz, do que o sr Obama não faz, dos elementos da Administração do sr Obama que afinal já o não são, ver cartazes do sr Obama, ouvir piadas racistas do sr Obama, telemóveis, pensos, capas, cuecas, camisas, suspensórios e outros artigos quaisquer que eles sejam, do sr Obama, e agora também o cão do sr Obama.

As notícias dos jornais, dos telejornais e outros meios, traduzem esse fascínio para os nossos concidadãos, que é o facto de um cão de uma raça chamada Portuguesa, ir passar a viver como emigrante de sucesso nos Estados Unidos da América, terra das oportunidades. Teremos emissões em directo de Washington, com especialistas caninos a botar faladura e a adoçar a boca do porteguesinho, com o nosso sentido patriótico, o prestígio da nossa Pátria e o nosso ego cada vez mais exaltados.

Portugal exultou com a notícia. Já exultara antes com a hipótese, agora andamos todos satisfeitinhos e de sorriso de orelha a orelha com a confirmação da escolha, e da ida do animal para os EUA.

Com isso, esquecemos as constantes falências, o número crescente de desempregados, o congresso “folow the líder” (bem, este talvez não), o FreepotGate, a guerra dos professores, a anunciada guerra dos médicos que afinal talvez não o seja, as greves, a compra de acções da Cimpor, o novo aeroporto de Lisboa, o TGV, a nova ponte de Lisboa, as obras na frente ribeirinha de Lisboa, os cinco mil euros de condenação por corrupção, a apreensão de livros com pinturas de um pintor célebre, o Magalhães atrasado, o BPN, o BPP, Dias Loureiro, o casamento dos homossexuais, a eutanásia, a linha do Tua, a recessão, os 150 000 milhões de euros da nossa dívida, a regionalização, e mais um arrazoado de coisas que nem vale a pena lembrar. Tudo esquecido por via das notícias importantes sobre o novo cão mais importante do mundo.

E depois, depois de pensar em tudo isto, depois de ver com o que é que Portugal exulta, fico triste, ao verificar que os nossos principais orgulhos, as coisas que mais nos enobrecem e nos notabilizam, a par das vitórias externas no futebol, e outras de igual importância, não passam de coisas insignificantes, de pouco ou nenhum valor, reles e mesquinhas.< –>

ONDE ESTÁ A NOTÍCIA ?

ASAE, ESSA ETERNA MÁ DA FITA
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Há alguns anos, o comércio tradicional conseguiu uma vitória sobre as grandes superfícies. Estas, abriam com horário alargado, incluindo ao Domingo e feriados todo o dia, o que não era permitido ao comércio tradicional, prejudicando as vendas deste, e assim, o legislador legislou no sentido de as grandes superfícies não abrirem aos domingos e feriados após as 13h excepto na altura do Natal. Ficou muito aquém do que se pretendia, mas foi um grande avanço na protecção aos pequenos.
Há, assim, uma lei que impede essa abertura durante grande parte do ano.
A ASAE, que entre outras coisas, tem que verificar a observância dessa lei, puniu doze dessas grandes superfícies porque estavam abertas após o horário que lhes foi imposto.
Que tem isso de anormal? Onde está a notícia? Quando a ASAE ou outra qualquer entidade que regule qualquer coisa, seja lá o que for, fiscaliza e pune um infractor, isso é notícia? Ou a falta de notícias provoca que este caso o seja? Ou ainda é preciso distrair o povo com notícias que o não são, para esconder as graves dificuldades por que passamos e que os nossos governantes não parecem ser capazes de resolver?
Vendo as reacções de muitas das pessoas que resolveram opinar sobre este assunto, parece-me que na sua maioria se estarão a esquecer do que em primeira mão, levou a que fosse proibído abrir ao domingo e feriados de tarde. Lá voltamos nós, os que porventura estiverem contra esta acção da ASAE e que não parecem saber do que estão a falar, a querer proteger os “grandes” em desfavor dos “pequenos”.
Fez a ASAE muito bem, é o seu papel entre outros, em multar essas doze grandes superfícies que não respeitaram a lei vigente.
O comércio tradicional precisa do apoio de todos nós, e não é com a abertura dos grandes centros, de novo, aos domingos e feriados de tarde, que isso se vai verificar. Também é verdade que só por si, esta proibição não resolve os problemas dos pequenos comerciantes, mas pelo menos não os agrava.
Deixemo-nos de falsos moralismos e permitamos que as leis se cumpram e se façam cumprir.

O umbigo dos professores

Recordam-se de “O Meu Pipi”? Pois, imaginei que sim mas não, não foi este o primeiro livro nascido de um blogue. O primeiro já não interessa, muito menos o último, que não se prevê para breve. Serviu esta introdução para comentar o lançamento em papel de alguns dos excertos mais significativos de um dos blogues mais visitado do país, “A educação do meu umbigo”.

Criado, feito, dinamizado e tudo mais por Paulo Guinote, este blogue tornou-se, em cerca de quatro anos, um sucesso, com milhares de visita, links, comentários, referências, um veículo de pressão e ajudante de campanhas negras. São resultados que não deixam de surpreender para um país como Portugal e para um blogue sobre um tema específico. Está bem feito, sim senhor. Dinâmico, bonito, tem de tudo, desde bons textos, fotografias, cartoons, ligações para outros blogues, mas continuo sem perceber o êxito tamanho, capaz de fazer corar os mais populares blogues colectivos.

Os dramas e conflitos no sector da educação nos últimos anos ajudaram, claro. O facto de todos os funcionários do Ministério da Educação o visitarem todos os dias, também. Eu próprio também ajudei e ajudo, mas não é ainda explicação.

Queres ver que é por ser um blogue sobre educação e a vida dos professores, com muito conteúdo específico para mestres-escola e este terem muito tempo disponível?

AS ESCOLHAS DA DRª MANUELA

A Drª Manuela, prefere que o sr Rangel seja candidato ao Parlamento Europeu, em vez do sr Mendes. Será para se livrar do emplastro que é o líder parlamentar do PSD?E que o homem é mesmo muito fraquinho, e então se o compararmos com o seu antecessor, é de uma falta de categoria enorme.

Memórias da Revolução: 12 de Abril de 1974

Em 1974, o dia 12 de Abril calhou numa Sexta-Feira Santa. Os espanhóis invadem Portugal em busca de um fim-de-semana mais alargado.
Alguns padres combonianos foram ontem expulsos de Moçambique. Não se sabe para onde vão.
A União dos Sindicatos Ferroviários, lê-se em todos os matutinos de Lisboa e Porto, deslocou-se ontem ao gabinete do ministro do Ultramar, Baltazar Rebelo de Sousa, para lhe manifestar o seu reconhecimento pelos benefícios resultantes de alterações ao acordo colectivo de trabalho (ACT) introduzidas por este ministro quando era titular das Corporações e Segurança Social. O líder da União, Olímpio da Conceição Pereira, não se queda, porém, pelos agradecimentos sindicais. Aproveita para deixar dito que o Governo “pode contar sempre com os dirigentes corporativos dos verdadeiros ferroviários” na sua política ultramarina.
O sindicalismo, realmente, não era o que é hoje. Quer dizer, a UGT é a reencarnação exacta do velho sindicalismo do Estado Novo.