Memórias da Revoulção: 11 de Abril de 1974

Após o susto inicial, o navio Niassa lá partiu. Desta vez, não há qualquer referência aos feridos provocados pelo rebentamento da bomba.
No próximo dia 22, a Bolsa do Porto começará a funcionar, terminando assim a «Bolsa de Sampaio Bruno», que há vários meses funcionava na cidade ao ar livre.
Em Ribeira de Pena, um homem construiu sozinho uma estrada.
Faltam 14 dias para a Revolução.

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Portugal Nuclear?

Como raios hei-de eu saber? Sou físico nuclear? Percebo alguma coisa disto? Isótopos? Fissão ou fusão? Reações nucleares? Urânio? Deutério? Que car*!”$ é o deutério?
Correm por aí uns zum-zuns acerca do nuclear. Muito se fala em nuclear hoje em dia. Sim ou não? Não sei. Estou apenas preocupado. Eu procuro nuclear no google e obtenho 105.000.000 de resultados. Metade diz que sim, metade diz que não, metade diz que não sabe. Em que é que ficamos? Eu espero que não estejamos a brincar aos negócios e aos dinheiros com o que algumas pessoas acham tratar-se de “lunático“. É que eu sou só um cidadão vulgar. Mas acho que tenho o direito de receber informação “correcta” e o mais “verdadeira” possível para eu poder decidir. Acho também que tenho o dever de me informar, mas a grande questão é como! Vou abdicar da minha vida durante 20 anos para tirar um curso de física nuclear e averiguar se de facto é assim ou assado? Os impostos dos cidadãos não deveriam chegar, para pelo menos “comprar” uma informação científica livre de “liberdade de mercado”, lucros e outras tretas patéticas? Já nem a ciência é uma ciência exacta? Ninguém se entende, e face às constantes contradições, aparentemente alguém está a mentir nesta questão, e eu – e acho que também ninguém – consegue formular uma opinião “livre” sobre esta questão.
Esta não pode ser uma questão do “vou ganhar ali umas massas e depois vê-se”. Esta é uma questão humana e acima de tudo global. Não tem nada a ver com países, empresas e “projectos” . Não tem nada a ver com “atrair” empresas para vendar mais umas estúpidas acções. Não tem nada a ver com o “eu acho que não, mas se tiver ser…“. Não tem nada a ver com “eu acho que sim, tu achas que não”. Não tem nada a ver com “Não, porque não está ainda na agenda“. Isto é uma questão de “estamos a ficar mesmo à rasca!“. A questão da sustentabilidade ecológica já não é uma discussão. É uma realidade e uma prioridade. Vamos precisar de levar com um tornado nas trombas para perceber? Vamos ter de chegar ao ponto de abrir a torneira em casa e não sair água?
Cientificamente, ninguém consegue chegar a uma conclusão, se os benefícios ultrapassam os prejuízos, ou não? Que desinformação é esta, que não permite que um cidadão tenha sequer ter uma opinião formada sobre um assunto tão grave, como o que é o que parece? É que se de facto estão envolvidos prejuízos que podem ser graves para o Planeta, por mim esqueçam. Daqui a uns tempos, quando “estiver em agenda”, alguém decide que temos mesmo que ter energia nuclear em Portugal e eu vou continuar na mesma situação. Daqui a uns tempos, alguém diz: “olha, e vai ser mesmo ao teu lado que a central nuclear vai ser construída”. …e eu vou continuar na mesma situação. Daqui a uns tempos alguém diz: “o que é que tu achas?“. Se eu não tenho o direito de ser bem informado, “sem tangas” nem palavreado fino, para poder decidir, então também não tenho o direito de decidir. E não decidindo, será o que alguém decidir por mim. E eu vou continuar na mesma situação.
Só que nessa altura vou ter de dizer, não! Não quero nuclear. Não quero saber de exigências energéticas. Não quero saber dos “actuais modos de vida”. Não! Mesmo que eu fique sem luz, sem internet, sem tv, sem comunicações ou outras regalias e mordomias modernas eu vou ter de dizer não! Apenas e só porque não tenho argumentos para decidir. Nem para bem, nem para mal.
Eu, sinceramente, acho que o nuclear não é solução. E por uma razão. Quando começo a ouvir falar em empresas, lobbys e termos científicos, temo sempre o pior. Lembro-me sempre da Dupont com o Teflon. Compreendo que “não foi de propósito”, que “parece que ainda não foi provado que é prejudicial”, que “esperamos por uma decisão de um tribunal”, que “assim que for decido, vê-se”. Pois. Eu compreendo.
“Olha, desculpa lá, lembras-te daquilo do nuclear? Pois, afinal não nos lembramos da reacção a longo prazo do deutério com o bório… e então agora ainda estamos piores do que estávamos.” Pois. Eu compreendo.
Em também compreendo que mais cedo ou mais tarde, este país vai ter de assumir o seu papel de país terceiro-mundista e juntamente com um daqueles países africanos ou asiáticos, que ninguém sabe apontar no mapa, se torne mais um depósito para detritos (nucleares ou não) e uma fonte de energia (nuclear ou não) para países mais desenvolvidos. Questões de tamanho e preponderância internacional. Eu quase que compreendo que todas estas obras espectaculares como os TGVs, Aeroportos e afins, nem sequer nos custem dinheiro. É o que os governantes dizem. Todo o dinheiro vem do estrangeiro, e “é tudo à borla”. Só não consigo compreender porque são tão nossos amigos. Espero que não tenha nada a ver com nada, e seja só paranóia e desinformação da minha parte. Provavelmente é só isso, e não tem nada a ver com estas recentes incursões opinativas na questão nuclear.
Mas, o que eu acho, tem pouca ou nenhuma importância no contexto actual. Eu tenho apenas de esperar que os governantes deste país e os seus compinchas das empresas, tenham a amabilidade de, por uma vez que seja, serem sérios e honestos, e decidam em consciência, numa questão tão técnica que não está sequer ao alcance dos cidadãos. Eu tenho apenas de esperar que decidam numa perspectiva essencialmente ecológica, e não económica e de mercado, pelo menos neste aspecto tão fulcral, que não afecta classes sociais, opiniões, ricos ou pobres, altos ou baixos, mas sim todos sem excepção.

A questão não é como arranjar mais energia. A questão é como não gastar tanta energia.

Tudo à borla!

Poi é, amigos, o TGV vai para a frente porque não custa nada ao país.Já ouviram isto antes? Ponte Vasco da Gama, autoestradas…

O administrador da RAVE Carlos Fernandes em recente discussão na SIC, disse que os muitos milhões de euros vem tudo do BEI e da UE.Conseguimos (segundo o pândego) obter muito mais dinheiro que todos os outros países.Porquê? Santa ignorância, os nossos projectos são extraordinários.Tudo à borla !Ou quase!Não se pode perder esse dinheiro, nem que seja para fazer obras que não são precisas.

Percebem agora porque o TGV se faz num país à beira da falência, pobre e no meio de uma imensa crise?

O TGV e o aeroporto não encaixam, diz quem anda a estudar o assunto desde 1986.Devia estar tudo integrado.Mas não integra? Não! O ministro devia ser do planeamento mas o que temos é um “empreiteiro”(Luis Queiró,na mesma entrevista) Faz obras a eito.Até vai fazer o aeroporto na planície “jamais”. O que mostra bem como estava bem estudado o assunto!

E o dinheiro vem de onde?Junta-se à dívida externa que já hoje é colossal?

Entretanto os centros das cidades caem de velhos e os monumentos nacionais degradam-se aceleradamente.Uma boa forma de atacar a crise e o desemprego seria fazer estas obras de proximidade.Mas pelos vistos estas não seriam “`borla”! São obras para as PMEs e estas não interessam nada.

As razões do coração

O Expresso abordou na edição de ontem uma questão que era já alvo de diversos comentários mais ou menos em surdina no seio da comunicação social, embora profusamente comentado nos blogues. Em causa está a defesa que Fernanda Câncio faz de José Sócrates no caso Freeport.

Fernanda Câncio é jornalista, no Diário de Notícias, onde assina uma coluna de opinião, é redactora de um blogue colectivo, o Jugular, e utilizou o seu Twitter para prolongar as manifestações de apoio à causa do primeiro-ministro. Acontece que é namorada de José Sócrates.

As causas do coração, reconheça-se, são das mais problemáticas. Podemos andar uma vida a censurar e condenar, por exemplo, quem atropela uma pessoa e foge, provocando o crime de omissão de auxílio, mas se o condutor da viatura for alguém muito próximo de nós, é inevitável a tendência para assumirmos a sua defesa, encontrando um sem número de atenuantes para o acontecido. É a nossa natureza. Na minha vida profissional conheci mulheres que eram agredidas de forma violenta pelos maridos, mas que perdoavam sempre o gesto e não os queriam abandonar. Num deles, pelo menos, por amor. Apesar de insultada e agredida física e psicologicamente, continua a amá-lo.

Não fico surpreendido por ver Fernanda Câncio defender Sócrates. Compreendo. Apenas não gosto que, em nome dessa defesa, vá um pouco longe demais naquilo que escreve. Não subscrevo as opiniões daqueles que a acusam de ser uma correia transmissora do namorado. Também não me incomoda que, enquanto cidadã, manifeste a sua opinião no blogue no qual participa, ou que envie umas ‘postas’ mais curtinhas sobre o caso no Twitter.

Incomoda-me é que utilize a sua coluna de opinião no Diário de Notícias para o mesmo efeito. Neste jornal, Fernanda Câncio é uma profissional a tempo inteiro, são-lhe distribuídos serviços a cumprir aos quais tem de responder da forma mais isenta e objectiva que possa – porque não há isso da objectividade total. Não cabe, por certo, na cabeça do director do jornal ou do editor da secção, entregar à jornalista serviços relacionados com o Freeport, o PS ou uma entrevista ao chefe do Governo.

A coluna de opinião é outra coisa. Percebemos que o DN, e bem, não limita a opinião a quem a encomenda. Mas manda o bom senso que a posição de Fernanda Câncio fosse diferente da que é e evitasse escrever sobre o processo Freeport e outras matérias que envolvessem de forma mais pessoal o namorado. Ficava-lhe bem cumprir o código deontológico dos jornalistas que, no ponto dez, diz que “o jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesses”. O mesmo deveria acontecer no programa televisivo da TVI24 onde é comentadora residente. Não só pelo seu estatuto mas até para recato pessoal.

É claro que ao escrever no Jugular, no Twitter, ou em qualquer outro fórum do género, não deixa de ser jornalista e, penso, a ver-se obrigada a um cuidado especial. Em todo o caso, penso que haverá maior abertura para poder comentar o caso, como cidadã ou mesmo como namorada. Todos entendemos as razões do coração.

A Teia Socialista

Depois da maioria absoluta o PS tem vindo a apertar o cerco.Na economia nunca um governo, depois das privatizações, teve tanto poder como o actual.Como se viu na OPA da PT, na captura da administração do BCP ( conseguida com os negócios finos da CGD), na nacionalização do BPN.Para além das empresas que consideramos estarem, naturalmente ,na órbita do governo (Galp.EDP.CGD,PT,….)são à volta de 70 empresas.Se lhe juntarmos as participações que todas estas empresas têm no resto da economia,estamos perante um gigante sem freio!

Na Comunicação Social uma RTP e RDP bem comportadas, uma ERCS controleira, um concurso para o quinto canal que não anda nem desanda,temos uma intervenção preocupante, a que se juntam agora, ”
as acções judiciais por difamação” do Primeiro Ministro para intimidar jornalistas.E para retocar o ramalhete foi para director da LUSA um amigo de Sócrates e militante do PS!

Na Justiça, para além de sabermos que este estado em que se encontram os tribunais e o Ministério Público interessa aos poderosos (há sempre a hipótese de prescrever este processo e não aquele, sem explicação nenhuma),sabemos agora que um magistrado ,militante do PS e suspeito de “ajudar” companheiros de partido( Fàtinha) está num lugar europeu que o liga à investigação do Freeport,e faz a conexão entre a Polícia Portuguesa e a Inglesa!

Nas obras públicas, os concursos públicos são muito apropriadamente,
afastados e substituídos pelo ajuste directo, que se adequa maravilhosamente aos gestores que se transferiram da política e do PS! E os concursos das grandes obras, criticadas por todos os que não são do PS,são lançadas a toda a pressa para não haver partilha na decisão.

Para se fechar o círculo vicioso e ranhoso temos agora o PS a querer não perder o controlo da rua e levantar a bandeira de uma política de esquerda que o Governo de Sócrates todos os dias renega!

Ter lata?Sofrer de Alzheimer? Nem pensar ! É melhor não sermos ingénuos!

Memórias da Revolução: 10 de Abril de 1974

O «Jornal de Notícias» de 10 de Abril de 1974 refere que as Farmácias pretendem maior lucro, embora não queiram que o preço dos medicamentos suba. 35 anos depois, a mesma luta!
Rebentou uma bomba a bordo do Niassa, no momento em que o navio ia partir de Lisboa. Quatro militares ficaram feridos.
O Governo coloca a hipótese de requisitar matérias-primas ou mercadorias, de forma a proteger os consumidores.
O Secretário de Estado da Informação e Turismo, Pedro Pinto, foi recebido com folclore no Aeroprto Pedras Rubras.
No desporto, Yazalde deve jogar logo à noite contra o Magdeburgo, em jogo a contar para a Taça das Taças.
Na política internacional, Messner quer ser o único candidato gaulista às eleições francesas, mas Chaban-Delmas «furou» a unidade.
Faltam 15 dias para a Revolução.