Vinte e Cinco de Abril

Estava eu a insultar-me em surdina porque não ligo nada à História do meu País. Pois não. Não foi intencional. Foi uma questão aleatória e uma questão de marketing de outros assuntos. Peço desculpa à História Portuguesa e prometo ser breve em querer saber mais sobre este País.
Mas para conhecer um pouco mais a História, nada como fazer um desvio aos registos escritos, e ir às “outras” fontes, as pessoas. Perguntar-lhes coisas. Nos livros vem a História, mas as emoções ficam nas pessoas. Saber o que sentiram. Saber como se sentiam. Saber como se sentem agora.
Toda a gente a quem perguntei sobre o 25 de Abril considera que estamos melhor. Não muito melhor, mas melhor. O que já é bom. O contributo passado das pessoas envolvidas deveria ser uma inspiração para as pessoas do futuro. Mas as pessoas que sentiram na pele o que é a falta de liberdade começam a desaparecer. As figuras históricas começam também a nos abandonar. Quanto mais tempo for passando, quer queiramos quer não, o 25 de Abril passará a ser um capítulo de um livro de História. Como a implantação da República. Como o Condado Portucalense. Como Viriato. Como todas as grandes figuras.
No entanto, estas pessoas de grande coragem garantiram um lugar na História. Isso é inegavelmente a prova de participação num evento da maior importância. Quantos de nós queremos figurar também nos livros? Quem tem coragem e força para figurar na História?
À distância de 35 anos, eu apenas posso sentir muito ao de leve, a onda de choque da acção revolucionária. Mesmo a esta curta distância, já se começa a perder informação. O que era completamente proibitivo, começa a ser nome de praça. Fulano que era bom, já começa a parecer dos maus. Afinal parece que foi tudo combinado antes, para não haver um banho de sangue. Afinal parece que foi uma reivindicação não satisfeita, que fez elevar capitães e soldados rasos. Não sei. As figuras já começam a ficar desvanecidas, os cenários e a informação seguem o mesmo caminho. Não falo por mim, mas falo pelo que me rodeia. Falo pelas opiniões de quem por lá passou.
Eu, particularmente, considero o 25 de Abril uma elevação de pequenos contra grandes. Uma elevação dos oprimidos contra os seus opressores. O sinal de que é possível derrubar o opressor, independentemente do seu tamanho ou raio de acção.
Convém relembrar o factor mais importante da Revolução. Pelo menos para mim. Obviamente como em todos os “regimes”, o poder não reside na cabeça, como é costume ouvir-se dizer. O poder de um regime reside no número e na força dos seus apoiantes. O problema não é Salazar. Estou farto de ouvir falar em Salazar. Salazar, esse sujeito rude e implacável, que caiu de velho e morreu rodeado de uma orda de apoiantes cegos, que lhe fizeram crer que ainda era o Presidente do Conselho? Salazar não é o diabo. O “diabo” é aquela massa de gente idiota que vai sem pensar nem questionar, para onde lhe apontam o dedo. Esse é o verdadeiro problema.
O problema está no “PIDE”, um cidadão que espanca ou tortura outro cidadão. O problema está no funcionário sem escrúpulos que usa da ameaça de cadeia para roubar mais umas coroas ao seu co-cidadão. O problema está na mente distorcida e paranóica do “bufo”.
O Povo unido jamais será vencido. Vencido por quem? Por Salazar? Ou pela corja do Regime? O Povo é quem mais ordena. Se agora parece que o Povo nada ordena, então algo está muito errado.
O 25 de Abril é uma ideia de Liberdade. Liberdade? Que tipo de liberdade? Cresci a ouvir que o fascismo retira a liberdade. Visto pelos livros, o fascismo e os outros sistemas políticos que por cá passaram, apenas conseguiram fazer sempre a mesma coisa: tirar a muitos para dar a poucos.
A minha geração convenceu-se que a democracia é a solução. Agora, começa a perceber que o que aconteceu é que apanhamos a fase boa de transição. Já deu para perceber que seja qual for o “-ismo” ou “-cia”, tudo descamba sempre para o mesmo lado: para o lado do mais rico e poderoso. Portanto, pensando bem, estaremos de facto livres, ou apenas menos presos?
O 25 de Abril entra na crise dos 40 aos 35. O País começa a perder força, porque a Revolução começa a perder força. Preocupante, já que muita gente anónima começa a pedir uma nova ditadura e um novo ditador. Se calhar por isso, muita gente anónima começa também a pedir uma nova revolução, um “novo 25 de Abril”. Se calhar porque, há 35 anos, não foi o povo português que quebrou. Quem quebrou foram os militares. O Povo descontente continuou a aguentar. No entanto, percebo que, mais cedo ou mais tarde, o Povo quebraria. O militares têm sempre a vantagem de serem organizados e armados, contrariamente ao Povo que tem mais músculo, mas menos discernimento. Desta forma, é de extrema importância que o Povo tenha sempre os Militares do seu lado, assim como as Forças de Autoridade e a Justiça.
Talvez o factor mais marcante do 25 de Abril é ser o ponto de ruptura do povo português. É aquele ponto, aquele dia, em que as pessoas anónimas, sem poderes, juntas, dizem: Basta! Chega! Não suportamos mais! Qual é o nosso ponto de ruptura? Quanto mais teremos nós ainda de suportar?

Do interior da Revolução-O Fiel da balança

Depois do 25 de Abril houve uma explosão de alegria, de liberdade e até velhos tabus (as meninas tinham que ser virgens)levaram um piparote de todo o tamanho.Começamos a namorar mais apertadinhos, os teatros encheram-se de gente e de peças subversivas e os filmes que nos levavam a Londres para os poder ver começaram a aparecer por cá .Num desses teatros, após a peça, ficamos ali a conversar artistas com espectadores.Lembro-me muito bem de alguem da assistência dizer.Até agora estavamos todos a empurrar o mesmo muro para o deitar abaixo.”A partir de agora, para lá do muro, cada um de nós vai tomar a liberdade à sua maneira.Esse é o sortilégio da Democracia e o que faz valer a pena vivê-la.”No Movimento das Forças Armadas tambem foi assim.Todos queriam derrubar a ditadura mas havia muitos caminhos por percorrer. No 25 de Abril não terá havido vencedores e vencidos (enfim, vencido foi o regime e os fachos) mas em todas as outras datas, houve vencedores e houve vencidos. Uns que tentaram que o 25 de Abril fosse a continuação do regime, envolto numa aparente revolução.No 16 de Março alguem que tentou antecipar-se e ganhar vantagem numa ambição de poder pessoal.No 25 de Novembro forças que tentaram uma guinada à esquerda.Outros casos houve com mais ou menos repercussão.Em todos estes casos os vencedores ocasionais foram os vencidos ocasionais, conforme as forças em presença. Tentativas de banhos de sangue, que os vencedores ocasionais consideravam necessáros para ganhar vantagem definitiva.É preciso dizer, sem margens para quaisquer dúvidas que em todos estes casos, houve um núcleo de Capitães que nunca transigiram nos princípios e nos objectivos. Que defenderam os vencidos e que controlaram os vencedores ocasionais.Que prometeram a Democracia e um Estado de Direito e os entregaram por inteiro nas mãos de uma Assembleia Constituinte.Esses homens que constituem o núcleo central do Movimento das Forças Armadas têm nome e todos sabem quem são.Como em todas as revoluções há amarguras, azedumes, incompreensões e dúvidas.Mas não pode haver dúvida nenhuma acerca do papel fundamental exercido por esses homens.O de Fiel da balança sem o que teríamos tido banhos de sangue e, porventura, uma guerra civil!

Largo do Carmo

Nasci em 1976. O que sei sobre o 25 de Abril não o aprendi na escola porque, como aconteceu a muitos da minha geração, o ano lectivo esgotava-se antes que pudéssemos alcançar as últimas páginas dos manuais de História. Por isso crescemos a saber muito mais sobre a crise de 1383-85 do que acerca dos capitães de Abril.

O 25 de Abril era sobretudo o que se intuía da tremura emocionada na voz dos nossos pais quando o evocavam, das imagens que a cada aniversário as televisões repetiam, essas imagens a cada ano mais longínquas das chaimites nas ruas de Lisboa, da euforia, de uma emoção que parecia irrepetível. Era a mais maravilhosa das festas mas não era nossa.

A nós tocara-nos outra época, com as promessas de quem nasceu numa democracia, ainda que apenas formal, entre a esperança utópica e o desencanto cínico, num equilíbrio a cada dia mais difícil. Aconteceu-me, porém, há uns anos, uma noite de 24 para 25 na qual se fundiram estranhamente o passeio turístico e a revelação mística, frente ao quartel do Carmo. Havia por ali uns poucos grupos de jovens sentados no chão, nas soleiras das portas, à conversa. Um disparo de foguetes, uma súbita salva de palmas avisaram-nos que era já meia noite. Vozes longínquas começaram a cantar a Grândola. De onde vinham? Alucinávamos, talvez…

O largo fez-se enorme, o coração disparou como se algo estivesse prestes a acontecer, uma multidão fosse irromper de novo. Mas apenas a canção foi morrendo ao longe e os foguetes silenciaram-se. E foi então que o vivi. Na fantasmagoria desse largo agora deserto, na companhia de outros como eu, nostálgicos daquilo que não viveram, sedentos dessa emoção partilhada, foi então que eu o vivi.

Foi só um instante, esse em que um vento cálido varreu o largo e nele se sentiu a vibração de um momento histórico que não tinha sido nosso, mas no qual nos gestáramos. Foi só um instante mas eu senti-o. Emoção, razão e acção em harmonia, no acto mais unitivo da nossa história, que passara a ser meu, também.

Reviver e lutar pelo 25 de Abril

História de uma noite de Inverno, localizada em determinado Novembro ou Dezembro do início da década de 1970. Saí do cinema Roma, onde assisti a um filme de cujo título nem sequer me lembro. Mantenho viva a recordação, essa sim, de me deparar com o Zé, aquele miúdo franzino, enregelado e que aparentava nove ou dez anos de indigência desde o berço, e de quem ouvi um amargurado gemido: “preciso de comer, estou com fome e frio”. 

A frase, naquela voz infantil e débil, suscitou-me uma dor violenta. Não física, claro. Como diz o povo, foi uma dor de alma, neste caso esmagadora, angustiante e de enorme revolta. Ainda para mais vivida naquele local lisboeta, Avenida de Roma / Praça de Londres. Ali proliferavam os cafés frequentados por gente da classe média alta. Eles de gravata de seda e fatos do Lourenço & Santos; elas decoradas no peito, nos punhos e nas mãos com obras reluzentes de joalharia de luxo, e ostentando vestuário de alta-costura, talvez confeccionados com tecidos da Casa Frazão. Todos tinham em comum a indiferença à miséria que os rodeava.

Entrei com o Zé no café Londres, um dos ditos. Pedi que lhe servissem um copo de leite quente e um pão com fiambre. O que, aliás, correspondia ao desejo que me foi expresso. A insensibilidade do meio era tal que o empregado recusou satisfazer o pedido. Ordenou que me retirasse com a criança. Claro, no desassossego do meu espírito, protestei, barafustei e, graças à perícia do chefe a evitar escândalos, lá consegui mitigar a fome da criança. Ao menos naquele pedaço de noite.

Reviver o 25 de Abril implica trazer à memória histórias como esta, de pobreza, de sofrimento e de desigualdade obscenos. Infelizmente, todos estes fenómenos estão de volta, sob uma forma desumana e destruidora de direitos de cidadania fundamentais. Dois exemplos: o País tem mais noventa e tal mil desempregados do que há um ano, isto na versão oficial, da qual naturalmente desconfio, pela escassez argumentada; segundo estudos do Banco de Portugal, em 2005/2006, tínhamos (e continuamos a ter, acrescento eu) um dos índices mais elevados de pobreza da UE, envolvendo cerca de 2 milhões de cidadãos, entre os quais se estima haver à volta de trezentos mil menores –TVNET – Pobreza em Portugal atinge números preocupantes.

O 25 de Abril pôs fim à ditadura feroz. Prosas e poemas teceram em palavras a alegria e a libertação do povo português. Vem-me à memória ‘As portas que Abril abriu’, que Ary dos Santos escreveu e recitou de forma vigorosa. Mas, ao fim de 35 anos, tornou-se imperioso (re)abrir portas, fechando os alçapões da mentira, da demagogia e das iniquidades, itinerários entretanto preferidos por este e outros governos, de filhos de deuses menores, oportunistas e amanuenses.

O revivalismo da data é saudável mas não suficiente. Celebremos o ’25 de Abril’ com entusiasmo, mas tenhamos consciência de que, no dia-a-dia, é necessário continuar a defender ideais da democracia autêntica e do compromisso social do Estado, que Sócrates e os políticos que têm governado o País ignoram, em particular na saúde, no ensino, no sistema de justiça e no direito ao trabalho. E até na liberdade de expressão.

19.50 – Anunciada a queda do Governo

19h50 – Comunicado do MFA anunciando formalmente a queda do Governo. Pouco tempo depois, é lida, através dos emissores do RCP, a Proclamação do Movimento das Forças Armadas.

19.00 – Marcello Caetano parte para o exílio


19h00 – Marcelo Caetano, Rui Patrício e Moreira Baptista abandonam o Quartel do Carmo, sendo conduzidos na autometralhadora Chaimite “Bula”, em direcção ao Quartel da Pontinha. A Baixa de Lisboa é invadida por enorme multidão que vitoria as Forças Armadas e a Liberdade.
in http://www.instituto-camoes.pt/revista/cronologia.htm

18.00 – A transmissão do poder


18h00 – António de Spínola, acompanhado por Salgueiro Maia (que o informa sobre o modo como os membros do Governo serão retirados das instalações), entra no Quartel do Carmo para dialogar com Marcelo Caetano.
Spínola encontra-se com Marcelo e informa-o dos procedimentos que serão adoptados para a sua saída do local e posterior evacuação para a Madeira. Enquanto isso, Salgueiro Maia pede à população que abandone o Largo do Carmo, a fim de se proceder à retirada do Presidente do Conselho e dos ministros. O apelo é ignorado.
in http://www.instituto-camoes.pt/revista/cronologia.htm

17.00 – Salgueiro Maia entra no Quartel do Carmo


17h00 – Salgueiro Maia desloca-se ao interior do Quartel e fala com Marcelo Caetano que, após ter colocado algumas perguntas, lhe solicita que um oficial-general vá efectuar a transmissão de poderes (Spínola, com quem, aliás, falara já ao telefone) para que o poder não caia na rua.
Salgueiro Maia pede a Francisco Sousa Tavares e a Pedro Coelho, oposicionistas ligados à CEUD e ao PS, para ajudarem a afastar a população. Sousa Tavares sobe para uma guarita da GNR e, usando o megafone, apela à calma.

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15.10 – Salgueiro Maia pede a rendição do Quartel do Carmo


15h10 – Salgueiro Maia solicita, com megafone, a rendição do Carmo em 10 minutos. Momentos antes recebera do Posto de Comando do MFA uma mensagem escrita pelo major Otelo Saraiva de Carvalho na qual ordena que apresente um aviso-ultimato para a rendição.
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O 25 de Abril também se fez para os palermas ou distraídos

As leis, aprendi na escola, são gerais e abstractas. São para todos, sem excepção. Nem sempre é assim, já sabemos, mas estes são considerandos para outra ocasião. O 25 de Abril de 1974 fez-se com um propósito igual ao das leis, geral, abstracto e sem excepções.

A Revolução dos Cravos (outro mérito do 25 de Abril foi permitir criar um belo nome) fez-se para todos os portugueses, de todas as idades, de todos os feitios, cores, clubes, partidos, tendências.

Só por ter havido 25 de Abril é que João Lourenço foi eleito presidente da Câmara de Santa Comba Dão. Noutro tempo seria nomeado. É com uma a legitimidade dos votos populares, pois, que hoje vai inaugurar as obras de renovação do Largo Dr. Salazar. Não tenho nada contra. A liberdade fez-se para todos e para isto. Noutro tempo, não seria possível, por exemplo, inaugurar as obras de um eventual Largo Catarina Eufémia.

António Oliveira Salazar nasceu naquela terra, é uma figura histórica do país, e é natural que haja um largo com o seu nome, ainda para mais com muitos anos de existência. Em todo o país há, pelo menos, 20 localidades que têm artérias com o nome do protagonista do Estado Novo.

António Vilarigues, da União de Resistentes Antifascistas Portugueses, classificou, ao JN, o acto inaugural como uma “provocação deliberada aos ideais de Abril". Prefiro não ir por esta via.

É um acto de mau gosto, é. Mas a liberdade também veio franquear as portas a opções parvas. Como também permitiu que o autarca viesse, de forma livre, dizer que “nunca lhe passou pela cabeça tal coisa”. Garante que foi apenas uma coincidência. Claro que, quando deu conta disso, alertado por um presidente de junta, já não podia mudar a data. Não daria jeito.

O 25 de Abril também se fez para estas coisas. Para que autarcas eleitos utilizem argumentos matreiros. E para que, dentro de meses, a população do concelho possa, se quiser, votar num autarca que é distraído ou palerma.

P.S. Acabo de me lembrar que município até celebra hoje o 25 de Abril (está no site da autarquia). O corte da fita podia ser integrada no programa mas não está. É pena. Uma inauguração fica sempre bem num dia feriado.

11.30 – A caminho do Quartel do Carmo


11h30 – As unidades estacionadas no Terreiro do Paço dividem-se, avançando:
– a Escola Prática de Cavalaria para o Quartel do Carmo, sendo, ao longo de todo o percurso, aclamada entusiasticamente pela população.
– forças dos Regimentos de Cavalaria 7, Lanceiros 2 e Infantaria 1 – que contavam com 16 blindados – comandadas por Jaime Neves e pelos tenentes de Cavalaria Cadete e Baluda Cid, para o Quartel-General da Legião Portuguesa (Marrocos).
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10.45 – Salgueiro Maia enfrenta os canhões


Quando Salgueiro Maia e o posto de comando ainda estão a suspirar de alívio por ter passado a ameaça da Gago Coutinho, surgem cinco carros de combate M/47 de Cavalaria 7 seguidos de atiradores do Regimento de Infantaria 1, da Amadora, e alguns soldados da PM de Lanceiros 2. Um brigadeiro comanda a coluna. Salgueiro Maia, de braços erguidos, agitando um lenço branco, tenta o diálogo, mas o brigadeiro não aceita encontrar-se com ele a meio caminho. Dá ordem a um alferes que abra fogo. O jovem não obedece. Irado, o brigadeiro, repete a ordem directamente aos apontadores dos carros e aos atiradores de infantaria. Salgueiro Maia está a descoberto debaixo da mira das torres dos blindados e das espingardas dos atiradores. Nem as tripulações dos carros nem os outros soldados obedecem. Dando vozes de prisão a torto e a direito, disparando para o ar, o brigadeiro salta do carro e desaparece. Toda a coluna fica sob as ordens do capitão Maia.
in http://www.vidaslusofonas.pt/salgueiro_maia.htm

09.00 – A Fragata Almirante Gago Coutinho

09h00 – A fragata Almirante Gago Coutinho, comandada pelo capitão-de-fragata Seixas Louçã, toma posição no Tejo, em frente ao Terreiro do Paço, intimidando directamente as forças de Salgueiro Maia. Perante esta situação, a artilharia do Movimento, já estacionada no Cristo-Rei, recebe ordens do Posto de Comando para afundar a fragata no caso desta abrir fogo. O vaso de guerra terá recebido ordem do vice-chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Jaime Lopes, “para se preparar para abrir fogo”. A ordem de disparar nunca chegou.
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5.55 – A chegada ao Terreiro do Paço

c. 05h55 – As forças de Salgueiro Maia instalam-se no Terreiro do Paço, de forma marcadamente intimidatória. Encontram-se cercados os ministérios, a Câmara Municipal, a Marconi, o Banco de Portugal e a 1ª Divisão da P.S.P., estando dirigidas as metralhadoras para as janelas do Ministério do Exército. «Estamos aqui para derrubar o Governo» declara Salgueiro Maia ao jornalista Adelino Gomes.
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04.26 – Primeiro comunicado do MFA


04h26 – O Rádio Clube Português transmite o 1º comunicado do Movimento das Forças Armadas, lido por Joaquim Furtado. Seguem-se o Hino Nacional e marchas militares, designadamente uma da autoria de John Philip de Sousa que se viria a transformar no hino do MFA. Os portugueses começam a tomar conhecimento de que algo de muito importante se está a desenrolar no País.
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04.20 – Ocupação do Aeroporto

04h20 – A coluna da EPI, comandada pelo capitão Rui Rodrigues, assume o controlo do Aeródromo Base nº 1 (Figo Maduro) e do Aeroporto de Lisboa. O capitão Costa Martins emite um comunicado NOTAM, interditando o espaço aéreo português e desviando o tráfego para os aeroportos de Las Palmas e Madrid. Nova Iorque encontra-se sob o controlo do Movimento.
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04.00 – A protecção de Spínola

04h00 – Um pelotão do BC 5 desloca-se para a residência de António de Spínola, a fim de garantir a sua segurança.
– O programa «A noite é nossa», do R.C.P., deixa de transmitir publicidade, passando a emitir apenas música.
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03.30 – Partida de Santarém

03h30 – A força da EPC – com 10 viaturas blindadas, 12 viaturas de transporte de tropas, duas ambulâncias e um jipe e precedida por uma viatura civil, com três oficiais milicianos – comandada pelo capitão Salgueiro Maia, cruza a porta da unidade e sai de Santarém em direcção a Lisboa.

03.15 – Ocupação da Emissora Nacional

03h15 – A coluna do CTSC, comandada pelos capitães Frederico Morais e Oliveira Pimentel, chega à Emissora Nacional (E.N.) e ocupa a estação de rádio oficial. Tóquio viera completar o domínio de três objectivos fundamentais na área da comunicação social.
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03.00 – Ocupação da RTP

03h00 – A Rádio Televisão Portuguesa (R.T.P.) – Mónaco na linguagem cifrada dos militares revoltosos – é tomada de assalto pela força da EPAM.

01.30 – Salgueiro Maia reune as tropas em Santarém

01h30 – Na Escola Prática de Cavalaria, Salgueiro Maia manda acordar o pessoal e formar em parada. A adesão é entusiástica. Salgueiro Maia comandará a força tendo o tenente Alfredo Assunção como seu adjunto.
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Se não fosse a liberdade…

… Uma notícia como esta nunca seria permitida em Portugal.

“A orgia de luxo tem como cenário um Castelo suíço e o evento tem vindo a ser anunciado há algum tempo (…) Os mais endinheirados poderão desfrutar de copos de champanhe a 80 euros e um serviço de limusina hotel-castelo, com um custo a partir de 100 euros.”

O resto está Aqui…

Braços e pernas, casamento e o vinte cinco de Abril fora da Escola

Bom,
o vinte cinco de Abril de há 35 anos… onde é que eu estava?
Quer dizer, até sei – estava ali por Rio Tinto, algures ao lado do meu irmão, na “barriguinha” da minha mãe.
Pelas minhas contas, já teria cabeça, os braços em crescimento e as mãos já se tocavam.
E em Agosto, pimba… saltei cá para fora, acompanhado pelo meu maninho e dois meses antes do previsto. Não sei se foi acaso da biologia ou vontade de viver o verão quente.
É que se esperasse dois meses até poderia apanhar tempo quente, mas seria Outono quente e não verão quente o que me agrada, desde então, muito mais.
E dou, permita-me caro leitor, que o possa fazer, um salto de 25 anos para o dia do meu casamento.
Precisamente! 25 de Abril.
Foi há 10 anos!
Depois desse dia o 25 de Abril adquiriu outro significado.

Dito isto iria colocar o 25 de Abril antes e depois do meu casamento – ou seja, o 25 de Abril com 25 anos e o vinte cinco de Abril com mais de 25 anos. Confuso? Talvez.
No primeiro quarto de século o salto foi brutal.
A última dezena também foi brutal… mas a caminho de um buraco, que cada vez mais, parece não ter fim.

E portanto, o vinte cinco de Abril, hoje, visto na primeira pessoa, foi uma mudança incrível.
No plano do meu país, desculpem o pessimismo, mas continua por cumprir.
JP

Nota: quantos alunos deste país terão falado nas suas escolas do 25 de Abril?

00.20 – Segunda senha: Grândola Vila Morena

00h20 – Nos estúdios da Rádio Renascença, situados na Rua Capelo, ao Chiado, Paulo Coelho, que ignora os compromissos assumidos pelos seus colegas do programa Limite, lê anúncios publicitários. Apesar dos sinais desesperados de Manuel Tomás, que se encontra na cabina técnica acompanhado de Carlos Albino, para sair do ar, o radialista prossegue paulatinamente a sua tarefa. Após 19 segundos de aguda tensão, Tomás dá uma “sapatada” na mão do técnico José Videira, provocando o arranque da bobine com a gravação que continha a célebre senha: a canção Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso.
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