Já aí está novamente a discussão entre sindicatos e ministério. Não me vou meter por aí porque as coisas podem demorar muito tempo mas acabam por ir ao sítio.
Mas esta questão da estabilidade do exercício dos professores, extravasa em muito a escola, é comum a todas as organizações e, por isso, “não vou levar reguadas”. Começo por contar um facto da minha vida profissional. Jovenzinho saiu-me a sorte grande, fui contratado para uma multinacional com capitais americanos e espanhóis, que além de me pagar bem, ensinou-me muito, fez-me viajar muito e aprender nas várias fábricas e aviários que tinha por esse mundo. Mas eu tinha fogo na “peça” e um dia disse que me ía embora. Tenteram demover-me, até que veio cá falar comigo um Inglês. Disse-me mais ou menos isto. “olha, Luís, a questão é que há muita gente na tua idade capaz de corresponder, mas nós gastamos muito dinheiro com a tua formação, conheces a empresa e o grupo, conheces as pessoas e se tivermos que te substituir, a pessoa que vier vai andar para aí um ano para conhecer o negócio como tu conheces. Proponho dar-te o dinheiro que a empresa vai ter que gastar na formação do novo elemento”.
Nas escolas tambem é assim, os professores deviam estar o tempo suficiente numa escola para acompanhar os seus alunos em ciclos completos, há um conhecimento mútuo que muito facilita a transmissão do conhecimento. Em vez do circo dos concursos, devia haver, na linha do que diz o Ricardo, incentivos para os professores criarem raízes, estabilizarem, trazerem a família para o pé de si e terem o lugar assegurado no quadro da escola. A única condição é que a escola tambem queira, evidentemente.
A estabilidade assim conseguida seria um factor poderoso para melhorar a escola, para os professores que asseguravam o seu futuro numa escola em que se sentiam bem e para os alunos que conheciam o professor e o respeitavam.
A questão é que o que os sindicatos discutem com os burocratas do ministério não é o bem da escola, dos professores e dos alunos é, isso sim, a razão da sua própria existência.
E o que é sensato e facilmente entendido por todos converteu-se numa guerra, onde perdem todos!
Escreveu bem – a estabilidade importa (e muito!).
do que dizes leva-me a pensar que nos “bastidores” de alguns grupos, sindicatos … esteja mãozinha solidária do ensino privado… afinal eles são os grandes ganhadores do afundamento da escola pública
Mas os professores deviam pugnar por uma escola pública e autónoma. Se há cada vez mais alunos no privado, não se culpem os empresários que investem nos colégios privados.
Pois não, porque alguns fá-lo-ão também para providenciar alternativas de, supostamente, melhor qualidade.
Se o Ensino Público fosse o ideal, aquilo que deveria ser, o Ensino Privado simplesmente não teria futuro.