Uma das coisas mais chatas destes nossos dias é que há cada vez menos surpresas. Por isso, ler que “há mais de mil as insolvências registadas em território nacional até ao final do primeiro trimestre”, não é nada de propriamente excitante.
Antes pelo contrário, é algo que surge como natural. Mas não deveria ser. Encolhemos os ombras e pensamos ‘onde está a novidade?’. A questão é saber se merecemos isto. Se calhar merecemos.
concerteza até merecemos mesmo’? Nao fazemos nada para a mudança. o pior é se um dia esta desgraça nos vai bater a nosso porta.
de facto temos que alterar o nosso sistema económico e a forma como lidamos com a insolvência. O que está mal é pensar que é uma desgraça, por dois motivos:
1) se o sistema funcionasse como deve de ser, não seria desgraça nenhuma; subs ao desemprego com apoios ao empreendedorismo ou busca de novo emprego;
2) quem disse que aquelas empresas tinham capacidade para se manter no mercado? que promoviam serviços efectivamente necessários à sociedade? que não estavam a mais?
É tanto uma questão cultural como económico-política. Não proclamemos desgraça com link para um artigo sensacionalista.
As insolvências podem realmente ser “uma limpeza” natural do tecido empresarial, se vierem a ser substituídas por outras mais competentes. Mas, infelizmente, não me parece que seja isso que está a acontecer. E o aumento do desemprego está aí para demonstrar isso.
Caro Luís Moreira, o aumento do desemprego é, como sabe, um fenómeno que afecta sobretudo os menos qualificados. Na tal notícia da tvi, os sectores indicados ilustram isso. Faz parte da transição e transformação do tecido económico, incluindo a modernização desses próprios sectores. Além disso, como disse o min das finanças no outro dia, parece que anda aí uma certa crise…
Pois anda, meu caro, crise que devia ser aproveitada para mudar de rumo…
Sem dúvida. A minha crítica foi muito precisa: aquela notícia é sensacionalista e o V. excelente blogue merece fontes mais credíveis. além disso, ou se aponta algo de errado com contexto e justificação, ou a crítica é vazia. Só assim se deixam pistas não sensacionalistas do porque é precisamos de mudar, em quê e em que direcção. Como o Luís acabou de fazer no seu post sobre a qualidade e número de futebolistas não portugueses a jogar por outras selecções. Polémico, mas fundamentado.
perdão, Luís, é claro que o que queria dizer era futebolistas estrangeiros a jogar por outras selecções…
Caro Ricardo Migueis, diz no seu comentário que “ou se aponta algo de errado com contexto e justificação, ou a crítica é vazia”. Talvez não esteja muito perceptível mas está lá algo de errado, que é a constatação de eventualmente merecermos passar pela situação económica em que estamos. E o dia de ontem foi claro: não foi feriado mas não devo errar se disser que mais de um terço do país esteve parado.
Caro José Freitas, está certo, as minhas desculpas. Foquei-me mais na questão das insolvências que na questão que aponta do merecimento. Mas ainda assim, as duas questões estão relacionadas. O problema da produtividade (suponha que seja por isso que refere à questão do não trabalhar num dia como o de ontem), não reside mormente na questão das horas trabalhadas, mas sim… na intensidade das horas trabalhadas e, sobretudo, na intensidade tecnológica dos sectores. E isto está intimamente relacionado com a reestruturação do tecido produtivo que muito lentamente se vai fazendo no nosso país.