Das várias agências de rating – ou de notação financeira, em português – as mais reconhecidas são: a Standard & Poors, a Moddy’s e a Fitch, todas sediadas nos EUA. Ao contrário do que alguns imaginam, as agências de rating não se limitam a avaliar e classificar o grau de solvência de países; também o fazem em relação a empresas, instituições financeiras e os chamados produtos financeiros (derivados, ‘hedge ‘funds’ e outros).
Ao usar uma classificação variável – de ‘AAA’, a mais elevada, a ‘E’, a mais baixa – as agências de rating atribuem a designada nota de dívida; ou seja, indicam ao mercado a nota da entidade avaliada, e naturalmente os riscos subsequentes do nível classificativo dessa nota.
Para se ter uma ideia dos efeitos da nota atribuída, cite-se que a Alemanha beneficia da classificação ‘AAA’, a que corresponde a taxa juro de 3% nos empréstimos que contrair. Portugal, com ‘A-‘, está a suportar juros calculados a 5,365%, no dia de hoje segundo a TVI24, usufruindo, ainda assim, de uma quebra em relação ao máximo de 5,909%, no passado dia 29 de Abril, para ‘obrigações de tesouro a 10 anos’ – A Grécia, com uma classificação abaixo da nossa, está a suportar taxas entre 9 e 10%.
Os critérios e taxas citadas demonstram que a Economia Portuguesa, razoavelmente endividada, é vulnerável às discutíveis mas influentes classificações das agências de rating, com resultados no crescimento intenso dos juros (serviço de dívida). Outro efeito emanado de baixa classificação é o desinteresse em investir nos empréstimos portugueses por parte de investidores institucionais credíveis – fundos de investimento e de pensões – e deixar o caminho livre aos agentes de investimento especulativo, os quais se defendem através de operações de CDS – Credit Default Swap, outro factor de agravamento das taxas de juro.
A nível mundial, há censuras generalizadas às agências de rating. Argumenta-se, e com certa razão, a falta de objectividade de critérios das classificações; existem críticos mais incisivos a fazer lembrar que essas mesmas agências, agora tão rigorosas com países da Zona Euro, actuaram displicentemente na avaliação da solvabilidade dos produtos financeiros que condenaram o Lehman Brothers à falência, assim como nada disseram, em tempo oportuno, sobre a posição dos bancos da Islândia ou do risco de insolvência do Dubai.
Os líderes mundiais têm manifestado falta de vontade e de capacidade para alterar as regras e estruturas do ‘sistema financeiro internacional’; enquanto a situação se mantiver o nosso País terá de gerir a dívida externa não apenas em função do que deve, mas em sintonia com a actividade económica, cujo produto está praticamente estagnado há uma década.
O problema é a capacidade de gerar riqueza para pagar, e a economia portuguesa não cresce há dez anos e não vai crescer nos próximos cinco. paga como?
Luís, esse é o problema e grave. Mal explicado por políticos, se é que parte deles o entendem.
E, como se viu ontem e hoje com o 1º e com o ministro das obras públicas, a endividar-se ainda muito mais, completamente para lá do razoável, em coisas que gerando impacto imediato se transformam em enormes sorvedouros a médio e longo prazo.
Há alguns tipos no mundo que actuam de forma literalmente bélica. Com a sua capacidade de expeculação não se importam de levar um país a ruína, ou na sua direcção em nome de interesses pessoais, com as agências de rating a agir como mediadores. Se eu disser que isto parece-me um acto de guerra dos EUA à Europa, estarei a exagerar? Porque a guerra não se faz só com armas. Dizem: “mas estes países (as vítimas destes ataques) põe-se a jeito”. Mas quando um agência manda uma bufa e isso provoca uma dificuldade económica num país, foi porque o país se pôs a jeito ou porque a agência mandou o peido? Pergunto de outra forma: É preciso que uma agência dessas mande um traque para que os juros da dívida externa aumentem? Se essas agências não mandassem as suas brisas, os juros aumentariam? Os bancos estrangeiros precisam dessas máquinas de mandar bufas? Não conseguem avaliar a situação económica de um país? Qual o grande propósito dessas agências de rating? A verdade objectiva e cega? Ou agir para que alguns senhores ganhem milhões à custa de minhões de pessoas?
E não sejamos ingénuos, a Alemanha colocou definitivamnete, os pontos nos “iii”
Ricardo, as agências de rating mais influentes já existem há muitos anos: Standard & Poors há 150, a Moody’s foi fundada em 1900 e a Fitch iniciou a actividade em Dezembro de 1913.
Sediadas nos EUA, sempre foram parte integrante do ‘sistema financeiro internacional’; e com actividade interesseira, porquanto o seu ‘sustento’ provém das instituições financeiras, cujos benefícios procuram privilegiar. Aliás, foi por falta de rigor que a classificação atribuída ao Lehman Brothers era positiva, nas vésperas da falência.
Agora, socorridos os grandes operadores com dinheiros públicos, voltam as baterias contra os mais frágeis. Isto num momento em que os grandes líderes falham nas medidas mais apertadas de supervisão dos sistemas financeiros.
Está, pois, por provar a independência e o rigor de tais agências.