Se o jogador Eric Cantona alternou nos campos o melhor e o pior de um jogador de futebol, o cidadão Cantona alternou pouco, foi sempre consequente na inconsequência.
E se a proposta de Cantona era populista e demagógica, especialmente vinda de alguém que depende absolutamente dos bancos para guardar a imensa quantidade de dinheiro que possui, o seu autor não se preocupou sequer em ocultar o facto de eticamente estar entre o caracol e a alface. Apelou aos outros, mas levantou dinheiro seu de um banco… e depositou-o noutro.
Eu, se pertencesse a um desses setores ideológicos teatrais de reflexão histriónica, diria que com amigos destes não precisaríamos de inimigos.
Por outro lado, políticos e banqueiros irromperam das suas redomas e chamaram irresponsável ao sr. Cantona. Ora, se bem percebo, os bancos agarraram em todo o dinheiro que tinham e que não tinham, levantaram-no e, abreviando, emprestaram-no sem garantias suficientes.
Os srs. com ar jocoso e responsável não falaram, nessa altura, em irresponsabilidade. É pena, porque se o tivessem feito, ter-nos-iam poupado muitas chatices e preocupações, além das tiradas do Eric. Eis um retrato dos tempos de glória, encomendado pelo próprio.
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