Kunamis convenientes, kunamis inconvenientes

Usando e abusando da sugestão dos Gato Fedorento, tenho para mim, a convicção da existência de bem guardada fita métrica, destinada ao criterioso manuseamento por nada circunspectos avalistas de moral alheia. Quem não se lembra do banzé ao “estilo cancioneiro”, quando do caso da atarracada, grasnenta e claramente abacorada menina Lewinsky, nos seus húmidos encontros de “estagiária” – as putices têm sempre vários significados – de 1º grau com o péssimo gosto do Sr. presidente Clinton? Ouvimos de tudo, desde o estupor pela “intromissão na vida privada” do santarrão da Casa Branca, até aos obtusos repúdios quanto ao “aproveitamento dos media”, sempre prontos a alimentar a “coisificação” das mulheres. Coisificação, não era assim que eles diziam? Era. Mas a tal Ruby qualquer-coisa, é de facto muito superior ao tracanaz Mónica. De longe! Ainda por cima, tem-se mostrado mais digna que a tal “estagiária” washingtoniense, pois não se aproveitou da situação e nem sequer pensou em trazer a mãezinha à tv, para mostrar vestidos enodoados pelos entusiasmos fisiológicos do grande líder. Para cúmulo, até se atreveu a defender o galante ancião de serviço.
Dada a figura abarrilada da Lewinsky, claramente parecida com uma das personagens presentes em Las Niñas de Velázquez, como terá Clinton conseguido a proeza?

Quanto ao macarronesco Berlusconi, a coisa está feia. É vê-los, os alouçanados de Itália, enchendo avenidas aos gritos pela “moral e bons costumes”. As entrevistas são de ir às lágrimas e devem fazer as delícias de qualquer mulá de Abadan e dos seus correspondentes pró-Sr. Lefébvre. “Moral, dignidade, justiça, decência”, são as palavras mais comuns que se bradam via megafones, aliás bem enquadrados por cartazes com Vergogna!, Justiza!, etc, etc. Paradoxalmente, por aqui, os prosélitos das boas causas embarcaram de imediato no chinfrim e ei-los a cascar no velho “balsemista” local, consumidor de tintas capilares e de botoxes vários.

Sabemos como é. Tudo bem, desde que não se fale na “Casa Pi(l)a” e outros assuntos do estilo.

Comments

  1. Fernando Cascalheira de Mattos says:

    Se a rambóia for com 20 motoristas já será aceitável???

    De acordo com a revista Sábado de 21-10-2010, artigo intitulado “As Despesas de Sócrates Durante a Crise”, apresentam-se de seguida algumas das despesas do Gabinete do sr. Sócrates:

    – 436,70/dia em combustíveis (aos preços de hoje são 4549 km/dia);
    – 382,00/dia em chamadas de telemóvel (são 53 horas/dia ao telefone);
    – 370,00/dia em deslocações e estadas;
    – 750,00/dia em despesas de representação;
    – 276,00/dia em refeições;

    Só aqui já vamos em cerca de 2.216 por dia, mas há mais:

    – 220,00/dia em locação de material de transporte;
    – 72,81/dia em telefone fixo;
    – 1.434/dia em aquisição de bens;

    Já vamos em cerca de 3.940 por dia.

    E então que dizer do seguinte:

    – 448 são as viaturas da presidência do Conselho de Ministros (gabinete do Sócrates e do Boquinha Doce);
    – Desde Outubro de 2009 Sócrates nomeou 71 pessoas para o seu gabinete, onde se incluem 13 secretárias e 20 motoristas;

    No total é um gasto médio diário de 11.391

  2. Ainda há uma diferença entre uma moça maior de idade e uma menor, ou achas que não? Porque adultas, essas foram tantas que toda a Itália está habituada…

    • É óbvio que o Berlusconi é um crápula corrupto. Mas também é óbvio que, ao contrário de ‘outros’ (vide caso Clinton) não usa o seu poder para obter sexo, usa o seu dinheiro.
      O Cardoso não acha que é diferente pagar a uma prostituta ou abusar de uma subordinada?
      Mas, a questão que devíamos estar a discutir nem é esta pois a decisão de o levarem a tribunal é a mais acertada.
      O que devíamos discutir é a diferença entre Itália e Portugal em termos de Justiça e nem me estou a referir à diferença entre a Juventus e o seu Porto que isso discuto em fóruns ‘futebolisticos’.
      Podemos, isso sim, comparar este caso a outro que se passou na politica portuguesa:
      Por cá, várias crianças, alegaram ter sido violadas por um politico e logo uma juíza o ilibou e mandou receber os louros e aplausos no hemiciclo, em Itália a criança diz que nem foi tocada com um dedo e mesmo assim o politico vai a tribunal.
      Seja na Mafia, no Futebol ou na Pedofilia temos muito a aprender com o poder judicial Italiano.

      P.S (salvo seja) Parece que lá em Itália o PM pode ser escutado, coisa de gente medíocre que não tem a elevação moral da nossa democracia onde as escutas que sugerem que o velhote ‘papou’ mesmo a criança já tinham sido destruídas em nome sei lá de quê mas com toda a certeza aplaudido por todos os que condenam as escutas, sejam elas da PIDE ou de um Juiz de Direito.

      • Carlos Alberto, primeiro é costume ler, e depois comentar: referi que a diferença está na idade. Ou acha que sexo com menores não é crime, ao contrário do caso Clinton onde a única coisa de que foi acusado (e bem) foi de mentir?
        Também registo que para si havendo uma acusação de pedofilia, envolvida no processo mais nojento que já se viu uma polícia usar, a decisão dos juízes não conta. Se não gostarmos do acusado, é claro.

        • Se calhar o Cardoso também devia ler: eu escrevi que a ida dele a tribunal acertada, logo acho que é crime. No seu caso já percebi se a vitima for menor mas ‘gajo’ e o violador for um ‘baril de esquerda’ o processo vira nojento!

          Enchanté…

          • “O Cardoso não acha que é diferente pagar a uma prostituta ou abusar de uma subordinada?”
            Sem comentários, quanto à metodologia de trabalho da PJ na Casa Pia. Teve sorte, não mostraram a sua fotografia aos miúdos.

    • Nuno Castelo-Branco says:

      Decerto, mas a Ruby disse que tinha mentido na idade, alegando ter 24 anos. Com um “patriotismo” daqueles, quem não acreditaria?
      O que estou a gozar, é com a moraleirice que tenho andado a ler, “esquerda fora”!

  3. carlos fonseca says:

    Nuno, se as parceiras fossem trocadas (Clinton+Ruby e Berlusconi+Monica), dirias exactamente o mesmo. A verdadeira esquerda portuguesa criticou Clinton, como sucede agora com o Berlusconi (lembras-te das paredes pintadas entre Lisboa e Sintra a “mimosear” o yankee?).
    Quanto à diferença de reacções entre os povos norte-americano e italiano, é o resultado natural de comportamentos e expressões de culturas, hábitos sociológicos e temperamentos distintos. Uns, nos EUA, prefiram banquetear-se com baldes de pipocas frente à TV, a assistir aos espectáculo do julgamento do ‘uncle Bill’, como no caso de O.J.Simpson. Os italianos ou mais propriamente milhares de italianas vieram para a rua gritar… tiriri, tiriri…, do Zeca.
    Ora aqui está um belo tema para investigar as causas dos níveis gerais de obesidade, em função dos hábitos político-alimentares em cada país.

  4. Nuno Castelo-Branco says:

    Podemos até dizer que neste confronto de duas meninas dos “povos do Livro”, a mesquita bateu a sinagoga, por KO.

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